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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Em questões de princípios, os fins justificam os meios?

20
Ago15

Apenas três notas sobre acontecimentos recentes:

 

Athletic Bilbao. Na segunda-feira, depois de 31 anos sem conquistar qualquer titulo, empata no Campo Nou, e vence a Supertaça espanhola, com um resultado de 5-1, no conjunto das duas mãos.

 

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Benfica e Jorge Jesus. "(...) quando estamos casados com alguém temos de calar e aceitar os defeitos e as faltas de carácter. Mas esse dever termina quando o casamento chega ao fim".

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Nem vou comentar esta bela noção de harmonia matrimonial. Cada um saberá de si.

 

Portanto, durante seis temporadas calaram e aceitaram os defeitos e as faltas de carácter. Fizeram bem mais do que isso, mesmo sendo conhecedores dessas faltas de carácter, alimentaram-nas, patrocinaram-nas e defenderam-nas.

 

A troco de quê? Três títulos da Liga, cinco Taças da Liga, uma Taça de Portugal e duas finais da Liga Europa. Bom proveito.

 

Onde é que está a maior falta de carácter? Em quem, pura e simplesmente não o tem, ou em quem o tolera e se vende a troco daqueles títulos?

 

E o freguês que se segue, faz pouco do anterior porque levou seis anos para compreender o corolário manuel-machadiano de que um cretino, é apenas um cretino, mas pouco se importa com isso, e prepara-se para lhe seguir os passos.

 

Estão bem uns para os outros.

 

FC Porto, como não poderia deixar de ser.

 

"(...) só com a bendição de Mendes e da sua teia de negócios é que o FC Porto sobrevive."

 

Esta frase foi retirada de um texto escrito recentemente pelo Miguel Lourenço Pereira, no "Reflexão Portista".

 

Ao contrário de outros escritos do mesmo autor, que geraram ondas de indignação, até por parte de co-autores daquele espaço, e por vezes descambaram inclusivamente em insultos, desta vez, nada. Zero.

 

Vários comentários sobre o tema da peça escrita - o negócio da venda do Otamendi, mas sobre este ponto em particular, tudo tranquilo.

 

Como se de nada de novo se tratasse, ou nada de particularmente interessante ou grave. Afinal, fala apenas sobre a sobrevivência do clube, nada de especial, portanto.

 

Ninguém parece ter ficado grandemente preocupado ao ler que dependemos da bendição de Jorge Mendes para sobreviver.

 

O mesmo Jorge Mendes que coloca jogadores e treinador no FC Porto, na expectativa da sua valorização, e serve em simultâneo de intermediario para transferir para o Valência e para o Mónaco, uma série de jogadores de um rival, a valores, nalguns casos, bastante acima do valor de mercado, fazendo entrar nos cofres desse clube mais de 100 milhões de euros.

 

Ou ainda que efectivamente não entrem, sempre dão uma ajuda para mascarar a contabilidade, e contornar o fairplay financeiro.

 

É que, uma coisa é partilhar o risco de investir em jogadores especulativamente, tendo em vista a sua valorização, outra completamente diferente é comprar passes, sem grande regateio, por valores acima dos de mercado. Neste caso, para não lhe chamar branqueamento de capitais, chamar-lhe-ia apenas "investimento institucional".

 

E, olhando para o recente caso Jorge Jesus, dá que pensar a sua resposta de que vive num pais livre, e que pode escolher o clube para onde vai trabalhar. Mas isso alguma vez esteve em causa?

 

Pelos vistos sim, a fazer fé naquela resposta. Mas então, quem é que condicionou a sua liberdade de escolha, e o quis colocar noutro sitio?

 

De acordo com alguns comentários, que aquela resposta vem corroborar, Vieira e, obviamente, o seu empresário, Jorge Mendes, himself.

 

O facto da sobrevivência do FC Porto depender da bendição de Jorge Mendes e da sua teia de negócios, não causa transtorno a ninguém?

 

A mim, causa-me. E ao que parece, em Espanha, os adeptos do Valência e do Atlético de Madrid vão acordando para a realidade de que os seus clubes são concorrentes directos, e Jorge Mendes está em ambos.

 

A ser verdade, a tentativa de afastar um treinador de um clube adversário, não entreabrirá uma porta a outros tipos de manipulação?

 

Aparentemente, no pasa nada. Desde que os resultados desportivos vão aparecendo, e não se zanguem as comadres, os fins justificam os meios, e os princípios são os fins, eles próprios.

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Sobre cadeirões e rabos

23
Mai12

Como todos pudemos constatar, fruto da ampla divulgação, que com o devido espavento, foi feita sobre a situação, dos oito semi-finalistas da Liga dos Campeões e da Liga Europa, cinco eram espanhóis.

 

Um tão elevado número de equipas, todas elas oriundas da mesma Liga, quererá dizer alguma coisa sobre a valia da competição em causa.

 

Ainda que dessas cinco equipas só duas tenham efectivamente almejado atingir a final, e para cúmulo, a da competição residual ou dos pobrezinhos, como se queira chamar, a Liga Europa.

 

Se tal era perfeitamente previsível, encontrando-se três equipas espanholas em competição, já na Champions, ter como finalistas o Chelsea e o Bayern de Munique, terá sido, para muitos, e para mim, inclusivamente, uma surpresa.

 

Mais surpreendente ainda, que o campeão europeu acabou por ser o Chelsea, sexto classificado da Premier League. Pior do que os “blues” a nível interno, só o Athletic de Bilbao, finalista vencido da Liga Europa, que terminou em 10.º lugar na Liga BBVA.

 

 

 

 

 

O seu adversário na final, o campeão da Liga Europa, Atlético de Madrid, foi 5.º classificado, e o finalista derrotado da Champions, o Bayern de Munique, foi a equipa que concluiu a competição interna melhor posicionado, 2.º lugar.

 

 

Pelo caminho, nas meias-finais, ficaram os primeiros, segundos e terceiros classificados em Espanha, e o quarto na caseira Liga Zon Sagres.

 

Na Liga dos Campeões, dos quatro semi-finalistas, os germânicos foram únicos que disputaram a última eliminatória com a sua situação interna resolvida, dando-se até ao luxo, de descansar jogadores na Bundesliga, a pensar no confronto da segunda mão com o Real Madrid.

 

O Chelsea, nunca perderia a posição em que estava no campeonato. Quanto muito poderia alcançar o quinto ou, com muita sorte, o quarto lugar.

 

Barcelona e Real Madrid, não só estavam em plena disputa do primeiro lugar na liga espanhola, como, para cúmulo, se defrontaram entre as duas mãos da semi-final.

 

Tudo isto para concluir o quê? Muito francamente nada de especial. Apenas para recordar algo que ouvi pela primeira vez ao Artur Jorge, numa entrevista sobre a conquista da Taça dos Campeões de 1987. Qualquer coisa como:

 

“Não tínhamos rabo para dois cadeirões daquele tamanho. O campeonato português estava perdido, por isso apostámos tudo na Taça dos Campeões”.

 

Aparentemente, quem primeiro havia proferido tal frase teria sido Bella Guttman, depois de se sagrar campeão europeu nos anos sessenta, e perder o campeonato português para o Sporting.

 

É interessante que no futebol, que tanto evoluiu nos seus aspectos físico-tácticos, da década de sessenta até aos nossos dias, algumas realidades permaneçam quase imutáveis, como que a querer provar à saciedade que ainda é um desporto praticado por seres humanos, e que a capacidade destes tem limites.

 

Há alguns que se esquecem disso, e depois vêm lamentar-se dos ovos que colocam a mais de um lado, deixando por isso, de os pôr no outro. Mas esses, ao mesmo tempo que, em inesperados rasgos de algo que se assemelha a inteligência, chegam a essa brilhante conclusão, logo num ápice deitam por terra as expectativas de encontrar vida inteligente no seu cérebro (ou verticalidade, na coluna, dita vertical), e caem no discurso do costume: “Os árbitros, os árbitros, os árbitros…”.

 

O último jogo do FC Porto do Artur Jorge antes de partir para Viena, e se tornar campeão europeu, pela primeira vez, foi contra o “meu” Sporting Clube Farense. Completam-se amanhã 25 anos.

  

Por interdição do velhinho São Luís (Não me lembro do motivo. Ainda pensei que tivesse sido por causa da garrafa de água na cabeça do baixinho Sepa Santos, mas isso afinal, foi na temporada seguinte), a partida foi disputada em Portimão.

 

Como naqueles tempos não podia deixar de ser, estive lá. Foi ver o Algarve, quase sempre desunido, uno do Sotavento ao Barlavento, mais do que a puxar pelo Farense, contra o FC Porto. O Algarve, salvo seja, antes, os adeptos dos clubes da capital.

 

 

O Farense ganhou por 1-0, com um golo do saudoso Paco Fortes, a um FC Porto, fraquinho, e com a cabeça já em Viena.

 

Um futuro campeão europeu sem o capitão João Pinto, sem o Celso, o Jaime Magalhães, o André, o Madjer e o Futre, que viriam a ser, todos eles, titulares contra o Bayern de Munique.

 

Foi um jogo fraquinho, com o Farense a apostar num futebol de contenção, com três trincos (Pires, Pereirinha – pai do actual jogador do Sporting, e o Orlando), e o FC Porto em contenção de esforços.

 

Sinceramente, não liguei muito às incidências da partida, tal a profusão e a violência dos muitos urros e apupos oriundos das bancadas. Recordo-me de pensar qualquer coisa como: “Ai, ai, espero que em Viena seja a sério, se não, grande baile vamos levar!”

 

Enganei-me. E enganei-me redondamente, como se comprovou três dias depois. E ainda bem.

 

Lembro-me de ficar impressionado com um jogador – o Walter Casagrande. Como é que aquele tipo, de ar (ar?!) ganzado e pernas de bailarina chegou ao escrete? Enfim, o Waldir Peres e o Serginho, também lá foram, não é?

 

Esta filosofia dos rabos e dos cadeirões também ajuda a explicar, em parte, a nossa época, que findou.

 

Uma vez conquistada a Supertaça, também, mal seria se o não fosse, o objectivo prioritário passou a ser a Liga. Concentrámo-nos nela com todas as nossas forças, e conquistámo-la. Os outros, andaram por aí a espalhar ovos, e depois queixam-se.

 

Tudo isto, uma vez mais, não é nada de novo, mas permitam-me concluir, enaltecendo o FC Porto do André Villas Boas, e o próprio André, pois não há dúvida que, nos últimos tempos, foi a equipa com o maior traseiro que vi.

 

 

 

 


Nota: Nos últimos dois textos utilizei nos títulos as palavras “cú” e “rabo”. Isto começa a parecer uma fixação. Em textos futuros, vou tentar dedicar-me a outras extremidades do corpo humano.

 

Nota2: Falando nisso, hoje há a negra da final da Liga de basquetebol (que se joga com as mãos, como sabem) no Dragão Caixa. Para quem não vai poder lá ir (como eu), é às 20:30, com transmissão em directo pelo Porto Canal.