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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Fiiiiiiiiiiiu, pum!

02
Out13

 

Há algum tempo que andava a ameaçar. Há algumas semanas que vinha em queda, e agora espero que tenhamos atingido o fundo, e que não nos esteja reservada nenhuma surpresa desagradável para Arouca.

 

E, no fundo, aconteceu com o Atlético de Madrid, e em pleno Dragão, mas não teve grande coisa de novo.

 

A derrota aconteceu fundamentalmente, por duas ordens de factores: anímicos e tácticos, e dentro destes últimos, a parte física.

 

Só a componente anímica é que poderá explicar que uma equipa que faz 30 minutos iniciais em alta rotação, marque um golo e, quase instantaneamente, se retraia no campo, e deixe o adversário assumir as rédeas da partida, para depois, quando este alcança o empate, retornar a uma postura ofensiva.

 

Complexo de treinador de equipa pequena?

 

Não me parece. O Villas Boas tentou recriar o "repouso com bola", do Mourinho, mas não conseguiu grande coisa, e esta era uma imagem de marca do Vítor Pereira. Portanto, é algo que vem de trás, e que parece estar inculcado profundamente na psique do jogadores.

 

Contudo, na época passada, com as elevadíssimas percentagens de posse de bola, e em grande parte do tempo, no primeiro terço do terreno contrário, a coisa era menos arriscada.

 

Era o tal jogo de posse de que falava o treinador, e que resultava porque tinhamos jogadores para tanto, leia-se, o João Moutinho.

 

E a equipa parecia confortável neste estilo de jogo. Pudera, digamos que com os jogadores que tinhamos, era sem dúvida o menos arriscado. Sem um excessivo desgaste, dava para o gasto em termos internos, e com alguma estrelinha, talvez resultasse na Champions. Não resultou.

 

Passa-se o mesmo agora. Para já, não vejo no nosso plantel homens com capacidade para levar para além dos 30 minutos, o dinamismo evidenciado neste jogo.

 

O que nos leva à componente táctica. Pelo que percebi dos comentários que fui ouvindo ao longo do relato radiofónico, no Atlético de Madrid terão faltado ontem dois habituais titulares: Diego Costa, substituído pelo Baptistão, que quase não se viu, e o Koke, tendo entrado no seu lugar o Raúl Garcia.

 

Ou seja, o Diego Simeone não teve problemas em retirar um jogador criativo do meio-campo para diante, e colocar um homem para cobrir a ala, e lá adiante, dois avançados abertos a entrarem entre os laterais e os centrais.

 

Aos quatro centro-campistas espanhóis, contrapusemos nós apenas dois homens, que, quanto a mim, até foram os melhores em campo: Fernando e Defour.

 

Logo, em clara desvantagem, ainda mais agravada porque o auxílio dos extremos não existiu. Josué, claramente, está fora do seu habitat junto à linha, e Varela, está fora de si próprio. O Lucho andou lá por diante, muito perdido, quer entre linhas, quer quando se integrou na linha dianteira.

 

Os laterais, entre as claras dificuldades que têm vindo a sentir nos últimos tempos, com alguma dose bastante razoável, de uma menor concetração competitiva, e a preocupação com o posicionamento dos avançados contrários, também pouco ou nada ajudaram.

 

Portanto, a única forma de a coisa resultar, como em qualquer esquema táctico, seria pelo dinamismo que os intérpretes revelassem na vertente ofensiva, ou pela sua capacidade de fazer girar a bola entre si, sem dar abébias monstruosas, como a do segundo golo espanhol, do ponto de vista defensivo.

 

O dinamismo durou meia-hora, e entrámos em modo de contenção. Não havendo matéria-prima tanto para uma coisa, como para outra, o resultado foi o que se viu.

 

Agora resta-nos esperar que contra o Arouca, aquela meia-hora possa esticar-se mais um bocadinho, ou então, que meia-hora seja suficiente... 

Sobre cadeirões e rabos

23
Mai12

Como todos pudemos constatar, fruto da ampla divulgação, que com o devido espavento, foi feita sobre a situação, dos oito semi-finalistas da Liga dos Campeões e da Liga Europa, cinco eram espanhóis.

 

Um tão elevado número de equipas, todas elas oriundas da mesma Liga, quererá dizer alguma coisa sobre a valia da competição em causa.

 

Ainda que dessas cinco equipas só duas tenham efectivamente almejado atingir a final, e para cúmulo, a da competição residual ou dos pobrezinhos, como se queira chamar, a Liga Europa.

 

Se tal era perfeitamente previsível, encontrando-se três equipas espanholas em competição, já na Champions, ter como finalistas o Chelsea e o Bayern de Munique, terá sido, para muitos, e para mim, inclusivamente, uma surpresa.

 

Mais surpreendente ainda, que o campeão europeu acabou por ser o Chelsea, sexto classificado da Premier League. Pior do que os “blues” a nível interno, só o Athletic de Bilbao, finalista vencido da Liga Europa, que terminou em 10.º lugar na Liga BBVA.

 

 

 

 

 

O seu adversário na final, o campeão da Liga Europa, Atlético de Madrid, foi 5.º classificado, e o finalista derrotado da Champions, o Bayern de Munique, foi a equipa que concluiu a competição interna melhor posicionado, 2.º lugar.

 

 

Pelo caminho, nas meias-finais, ficaram os primeiros, segundos e terceiros classificados em Espanha, e o quarto na caseira Liga Zon Sagres.

 

Na Liga dos Campeões, dos quatro semi-finalistas, os germânicos foram únicos que disputaram a última eliminatória com a sua situação interna resolvida, dando-se até ao luxo, de descansar jogadores na Bundesliga, a pensar no confronto da segunda mão com o Real Madrid.

 

O Chelsea, nunca perderia a posição em que estava no campeonato. Quanto muito poderia alcançar o quinto ou, com muita sorte, o quarto lugar.

 

Barcelona e Real Madrid, não só estavam em plena disputa do primeiro lugar na liga espanhola, como, para cúmulo, se defrontaram entre as duas mãos da semi-final.

 

Tudo isto para concluir o quê? Muito francamente nada de especial. Apenas para recordar algo que ouvi pela primeira vez ao Artur Jorge, numa entrevista sobre a conquista da Taça dos Campeões de 1987. Qualquer coisa como:

 

“Não tínhamos rabo para dois cadeirões daquele tamanho. O campeonato português estava perdido, por isso apostámos tudo na Taça dos Campeões”.

 

Aparentemente, quem primeiro havia proferido tal frase teria sido Bella Guttman, depois de se sagrar campeão europeu nos anos sessenta, e perder o campeonato português para o Sporting.

 

É interessante que no futebol, que tanto evoluiu nos seus aspectos físico-tácticos, da década de sessenta até aos nossos dias, algumas realidades permaneçam quase imutáveis, como que a querer provar à saciedade que ainda é um desporto praticado por seres humanos, e que a capacidade destes tem limites.

 

Há alguns que se esquecem disso, e depois vêm lamentar-se dos ovos que colocam a mais de um lado, deixando por isso, de os pôr no outro. Mas esses, ao mesmo tempo que, em inesperados rasgos de algo que se assemelha a inteligência, chegam a essa brilhante conclusão, logo num ápice deitam por terra as expectativas de encontrar vida inteligente no seu cérebro (ou verticalidade, na coluna, dita vertical), e caem no discurso do costume: “Os árbitros, os árbitros, os árbitros…”.

 

O último jogo do FC Porto do Artur Jorge antes de partir para Viena, e se tornar campeão europeu, pela primeira vez, foi contra o “meu” Sporting Clube Farense. Completam-se amanhã 25 anos.

  

Por interdição do velhinho São Luís (Não me lembro do motivo. Ainda pensei que tivesse sido por causa da garrafa de água na cabeça do baixinho Sepa Santos, mas isso afinal, foi na temporada seguinte), a partida foi disputada em Portimão.

 

Como naqueles tempos não podia deixar de ser, estive lá. Foi ver o Algarve, quase sempre desunido, uno do Sotavento ao Barlavento, mais do que a puxar pelo Farense, contra o FC Porto. O Algarve, salvo seja, antes, os adeptos dos clubes da capital.

 

 

O Farense ganhou por 1-0, com um golo do saudoso Paco Fortes, a um FC Porto, fraquinho, e com a cabeça já em Viena.

 

Um futuro campeão europeu sem o capitão João Pinto, sem o Celso, o Jaime Magalhães, o André, o Madjer e o Futre, que viriam a ser, todos eles, titulares contra o Bayern de Munique.

 

Foi um jogo fraquinho, com o Farense a apostar num futebol de contenção, com três trincos (Pires, Pereirinha – pai do actual jogador do Sporting, e o Orlando), e o FC Porto em contenção de esforços.

 

Sinceramente, não liguei muito às incidências da partida, tal a profusão e a violência dos muitos urros e apupos oriundos das bancadas. Recordo-me de pensar qualquer coisa como: “Ai, ai, espero que em Viena seja a sério, se não, grande baile vamos levar!”

 

Enganei-me. E enganei-me redondamente, como se comprovou três dias depois. E ainda bem.

 

Lembro-me de ficar impressionado com um jogador – o Walter Casagrande. Como é que aquele tipo, de ar (ar?!) ganzado e pernas de bailarina chegou ao escrete? Enfim, o Waldir Peres e o Serginho, também lá foram, não é?

 

Esta filosofia dos rabos e dos cadeirões também ajuda a explicar, em parte, a nossa época, que findou.

 

Uma vez conquistada a Supertaça, também, mal seria se o não fosse, o objectivo prioritário passou a ser a Liga. Concentrámo-nos nela com todas as nossas forças, e conquistámo-la. Os outros, andaram por aí a espalhar ovos, e depois queixam-se.

 

Tudo isto, uma vez mais, não é nada de novo, mas permitam-me concluir, enaltecendo o FC Porto do André Villas Boas, e o próprio André, pois não há dúvida que, nos últimos tempos, foi a equipa com o maior traseiro que vi.

 

 

 

 


Nota: Nos últimos dois textos utilizei nos títulos as palavras “cú” e “rabo”. Isto começa a parecer uma fixação. Em textos futuros, vou tentar dedicar-me a outras extremidades do corpo humano.

 

Nota2: Falando nisso, hoje há a negra da final da Liga de basquetebol (que se joga com as mãos, como sabem) no Dragão Caixa. Para quem não vai poder lá ir (como eu), é às 20:30, com transmissão em directo pelo Porto Canal.