Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Gregos e troianos (actualização)

08
Fev13
Bem, aproveitando a recente vaga de visitantes que acorreram a este espaço, julguei ser possível tentar explorar algumas dinâmicas, do género das que se esperam da dupla Jackson Martinez-Liedson, ao nível da interacção dialéctica com quem por cá passa.

 

Debalde. Rotundo fracasso. Não fôra o Penta1975, que é claro que conta, mas é quase da casa, e nada. Terá sido a falta de uma recompensa condigna?

 

Assim sendo, vou então levantar o véu sobre a proveniência do escrito que reproduzi no texto anterior.

 

Li-o no Mística Azul e Branca, e intitulava-se "Perigosas comparações". Na realidade, concordo mesmo com muito do que foi escrito.

É óbvio que uma tal comparação do FC Porto ao Barcelona, poderá ter o efeito contraproducente de deslumbrar a equipa.

 

Porém, infelizmente isso é algo que já presenciámos, mesmo sem a dita comparação. Não tanto o deslumbramento, mas a desmotivação, a falta de espírito competitivo, o deixar correr do marfim.

 

Digamos que, de facto, e entro no segundo ponto, a Liga Zon Sagres, nesse capítulo nada tem que ver com a Liga BBVA. A fraqueza da liga nacional, facilmente constatável pelo fosso que em pouco mais de metade da prova, se cavou entre os dois primeiros classificados e os demais participantes, não dá grande ajuda em termos de intensidade competitiva.

 

Por outro lado, aquela comparação terá tido em mente, julgo eu, apenas o tipo de futebol praticado. É claro que as ligas são diferentes, até pelo posicionamento dos dois clubes nas respectivas tabelas classificativas. O Barça lidera com nove pontos de avanço, enquanto nós estamos numa disputa taco-a-taco, golo-a-golo, com o nosso mais directo rival.

 

Logo por aí, não há margem para deslumbramentos. Não pode haver.

 

O último ponto, considerando que o que estaria em causa seria o futebol praticado, não faz muito sentido. Contudo, vendo as coisas por esse prisma, seria assim tão mau comparar-se, enquanto clube ao Barcelona?

 

E é precisamente aqui que reside, na minha opinião, o busílis da questão. É que, para melhor compreendermos aquele texto, faltou-lhe uma pequena nota de rodapé, a esclarecer que o seu autor é adepto, ou pelo menos simpatizante, madridista.

 

Tornar-se-ia bastante mais esclarecedor, e é isso que eu não compreendo, que um adepto do FC Porto, também o seja do clube de Madrid.

 

Do ponto de vista afectivo, não me surpreende que a dado momento surjam empatias entre quem gosta de futebol e determinados clubes. Em função dos nomes dos ditos, das cores dos equipamentos, dos jogadores que marcam presença nos seus quadros. Enfim, pelos mais variados e aleatórios motivos.

 

No plano racional, é coisa que não consigo conceber. Chamem-lhe preconceito, chamem-lhe o que quiserem. 

 

 

Ainda que vão persistam aqui e além alguns ensaios de branqueamento histórico, e de fazer da trilogia (ou será melhor actualizar para "troika"?) futebol, fado e Fátima, no que ao futebol diz respeito, um mito equiparável ao Pai Natal ou ao coelhinho da Páscoa, por aquilo que vi, ouvi e li até hoje, dá-me a ideia que o fracasso será a paragem final desses autocarros. E todos sabemos qual a equipa que colhia as preferências do regime do Estado Novo.

 

Se isso é entre nós, aqui ao lado, ainda vejo menos ser posto em causa que o Real Madrid foi a equipa do franquismo. A associação entre as duas equipas resultará assim, inevitável. Para mim, que mais não seja.

 

Pela inversa, dada a sua natureza originalmente regional, que progressivamente foi extravasando as fronteiras das regiões onde nasceram, tenho por hábito, talvez defeito, para alguns, de ligar FC Porto e Barcelona.

 

Historicamente, se aprendi alguma coisa minimamente de jeito, terão sido dois bastiões de resistência aos regimes vigentes nos seus países, e na actualidade, assumem o papel de pólos alternativos ao centralismo das respectivas capitais.

 

Sinto por isso alguma dificuldade, por uma questão de coerência, em associar entre muros um clube e o seu historial a um regime que não deixou saudades, e torcer ou simpatizar fora de portas com um seu equivalente.

 

Mas isso, sou eu… 

Gregos e troianos

07
Fev13

 

«Uma jornada aparentemente sem história deixou que contar, sobretudo porque mostrou um FC Porto mais forte que nunca, com capacidade colectiva para esconder ausências individuais e uma qualidade táctica que ofensivamente castiga os adversários (com mobilidade, qualidade na troca de bola e... Jackson Martinez) e defensivamente passa jogos inteiros sem sobressalto (Guimarães foi mais um). Vítor Pereira terá, em definitivo, calado os críticos mais ferozes que várias vezes lhe sugeriram incompetência. Estavam enganados, embora muitos se esqueçam agora do que então disseram ou escreveram. Destaco quatro pontos de força do FC Porto actual:

 

1. Um modelo que garante eficácia em todos os momentos do jogo e que tem na qualidade do processo defensivo uma imagem de marca. Destaca-se a reacção à perda de bola, a capacidade de "abafar" o adversário, ou seja, uma transição defensiva muito forte, que permite recuperações rápidas e impedem o adversário de ser perigoso, mantendo-o distante da área portista. É uma equipa a quem é muito difícil marcar golos (em casa ainda só sofreu um);

 

2. Uma evolução significativa do processo ofensivo, com multiplicação de soluções e mais jogadores envolvidos (até Fernando) - seja perante equipas com blocos mais baixos ou mais subidos (como foi o Vitória) -, e trocas posicionais sucessivas que a tornam menos previsível do que era no passado. E com um avançado como Jackson, que tanto é eficaz na área como demolidor se tem espaço para acelerar (como teve em Guimarães), o adversário terá sempre dúvidas sobre o melhor modo de defender;

 

3. Força invulgar do jogo interior (zona central), com a técnica de recepção e passe a garantir troca de bola de qualidade mesmo em espaços reduzidos, potenciando uma posse objectiva, também pela capacidade de libertar os corredores para a vocação ofensiva de dois excelentes laterais (Alex Sandro mais talentoso, a caminho de ser dos melhores do mundo). É neste ponto que a comparação com o Barcelona faz mais sentido;

 

4. Muita eficácia na bola parada ofensiva, bem treinada, e com um Mangala invulgarmente poderoso a juntar-se a Jackson e Otamendi (ou Maicon) para dar a melhor sequência à qualidade dos cantos e sobretudo dos livres laterais de Moutinho (ou James).

 

Nada garante, no entanto, que o FC Porto vá ser campeão, já que o Benfica tem feito igualmente uma época de grande nível e promete luta até ao fim. E, já agora, o sucesso da carreira doméstica de qualquer dos candidatos até pode passar pelo maior ou menor investimento nas provas europeias e pela gestão do desgaste, físico e anímico, delas resultante. No entanto, e ao contrário do que parecia há um par de meses, é agora o FC Porto que parece em vantagem. E não apenas no goal average.»

 

Carlos Daniel

 

in Diário de Notícias, 06-02-2013 

 

 

 

“FC Porto está para o campeonato português como o Barcelona está para Espanha», afirmou, este sábado, o defesa do Vitória, na flash interview da Sport Tv. (Retirado de SAPO Desporto)

 

Esta foi a comparação que Alex fez depois da o FC Porto ter derrotado o Vitória de Guimarães. Perante tal afirmação muita gente ficou simplesmente maravilhada com tal coisa. Muitos chegaram mesmo a babar-se de tanta alegria, pois não é todos os dias que os Dragões são comprados a uma equipa de Classe Mundial como o FC Barcelona no que ao futebol praticado diz respeito.

 

Contudo eu não sigo esta linha de raciocínio. E não o faço por três simples razões:

 

- Tal comparação é um pau de dois bicos. Se por um lado arrasa por completo com a confiança dos adversários dos Azuis e Brancos, por outro pode ter o indesejado efeito de deslumbrar os Atletas e Treinador do FC Porto. O Campeonato só acaba quando soar o último apito da última partida da Liga Zon Sagres e, como é sabido, nada está ganho sem que se trabalhe para isto;

 

- Cada Campeonato tem as suas especificidades e equipas que o caracterizam. E como é óbvio estas características variam de Campeonato para Campeonato. Por exemplo, no Campeonato Inglês privilegia a velocidade, no Holandês é tudo para a frente e Fé em Deus, em Espanha reina o Tiki Taka, em Itália dá-se preferência ao Catenacio, etc. isto para dizer que em todo o Planeta futebol não existem equipas que pratiquem um futebol igual. Não é por acaso que ainda ninguém conseguiu derrotar a Selecção Espanhola nos grandes eventos futebolísticos;   

 

- Por último o Futebol Clube do Porto já há muito que é considerado um Clube de Classe Mundial e como tal dispensa comparações com outros do mesmo calibre. Isto de querer ser igual a não sei quem é algo que antes da final de Viena fazia muito mais sentido.

 

Por isto deixemo-nos de tretas e não alimentemos perigosas comparações. Já diz o Povo: “Cada Macaco no seu Galho”. O FC Porto é o FC Porto e o FC Barcelona é o FC Barcelona e ponto final. Assim como a Liga Zon Sagres em nada tem a ver com La Liga BBVA.”

 

 

Ora, cá está uma evidência de que nunca se consegue agradar a todos, ou a gregos e troianos, em simultâneo.

 

O primeiro texto, cujo autor está bem identificado, roubei-o do Reflexão Portista. Espero que não me levem a mal.

 

Entre outros encómios, procura encontrar um sentido, tanto mais redutor quanto possível, para a comparação feita pelo Alex, do Vitória de Guimarães, entre o FC Porto e o Barcelona.

 

Quanto ao segundo, cuja autoria propositadamente omiti, deixo ao vosso critério tentar ou não descortinar a sua origem. Uma coisa garanto-vos, dados os tempos de provações económico-financeiras que atravessamos, não serão dadas quaisquer alvíssaras a quem eventualmente a descubra.

 

Respostas para a caixa de comentários, s.f.f., e se ninguém acertar, ou sequer se preocupar com o assunto, volto a ele logo que possível.

 

Para já, limito-me a observar que deverão ser poucos os portistas que repudiam a comparação do seu clube ao Barcelona.

 

Ou valha a verdade, deverão ser poucos os adeptos de outros clubes, talvez com a excepção dos madridistas, que ficarão desagradados com tal comparação.

 

…mas que os há, pelos vistos, há!