Gregos e troianos (actualização)
Debalde. Rotundo fracasso. Não fôra o Penta1975, que é claro que conta, mas é quase da casa, e nada. Terá sido a falta de uma recompensa condigna?
Assim sendo, vou então levantar o véu sobre a proveniência do escrito que reproduzi no texto anterior.
Li-o no Mística Azul e Branca, e intitulava-se "Perigosas comparações". Na realidade, concordo mesmo com muito do que foi escrito.
É óbvio que uma tal comparação do FC Porto ao Barcelona, poderá ter o efeito contraproducente de deslumbrar a equipa.
Porém, infelizmente isso é algo que já presenciámos, mesmo sem a dita comparação. Não tanto o deslumbramento, mas a desmotivação, a falta de espírito competitivo, o deixar correr do marfim.
Digamos que, de facto, e entro no segundo ponto, a Liga Zon Sagres, nesse capítulo nada tem que ver com a Liga BBVA. A fraqueza da liga nacional, facilmente constatável pelo fosso que em pouco mais de metade da prova, se cavou entre os dois primeiros classificados e os demais participantes, não dá grande ajuda em termos de intensidade competitiva.
Por outro lado, aquela comparação terá tido em mente, julgo eu, apenas o tipo de futebol praticado. É claro que as ligas são diferentes, até pelo posicionamento dos dois clubes nas respectivas tabelas classificativas. O Barça lidera com nove pontos de avanço, enquanto nós estamos numa disputa taco-a-taco, golo-a-golo, com o nosso mais directo rival.
Logo por aí, não há margem para deslumbramentos. Não pode haver.
O último ponto, considerando que o que estaria em causa seria o futebol praticado, não faz muito sentido. Contudo, vendo as coisas por esse prisma, seria assim tão mau comparar-se, enquanto clube ao Barcelona?
E é precisamente aqui que reside, na minha opinião, o busílis da questão. É que, para melhor compreendermos aquele texto, faltou-lhe uma pequena nota de rodapé, a esclarecer que o seu autor é adepto, ou pelo menos simpatizante, madridista.
Tornar-se-ia bastante mais esclarecedor, e é isso que eu não compreendo, que um adepto do FC Porto, também o seja do clube de Madrid.
Do ponto de vista afectivo, não me surpreende que a dado momento surjam empatias entre quem gosta de futebol e determinados clubes. Em função dos nomes dos ditos, das cores dos equipamentos, dos jogadores que marcam presença nos seus quadros. Enfim, pelos mais variados e aleatórios motivos.
No plano racional, é coisa que não consigo conceber. Chamem-lhe preconceito, chamem-lhe o que quiserem.
Ainda que vão persistam aqui e além alguns ensaios de branqueamento histórico, e de fazer da trilogia (ou será melhor actualizar para "troika"?) futebol, fado e Fátima, no que ao futebol diz respeito, um mito equiparável ao Pai Natal ou ao coelhinho da Páscoa, por aquilo que vi, ouvi e li até hoje, dá-me a ideia que o fracasso será a paragem final desses autocarros. E todos sabemos qual a equipa que colhia as preferências do regime do Estado Novo.
Se isso é entre nós, aqui ao lado, ainda vejo menos ser posto em causa que o Real Madrid foi a equipa do franquismo. A associação entre as duas equipas resultará assim, inevitável. Para mim, que mais não seja.
Pela inversa, dada a sua natureza originalmente regional, que progressivamente foi extravasando as fronteiras das regiões onde nasceram, tenho por hábito, talvez defeito, para alguns, de ligar FC Porto e Barcelona.
Historicamente, se aprendi alguma coisa minimamente de jeito, terão sido dois bastiões de resistência aos regimes vigentes nos seus países, e na actualidade, assumem o papel de pólos alternativos ao centralismo das respectivas capitais.
Sinto por isso alguma dificuldade, por uma questão de coerência, em associar entre muros um clube e o seu historial a um regime que não deixou saudades, e torcer ou simpatizar fora de portas com um seu equivalente.
Mas isso, sou eu…