(imagem e análise táctica do Bayern Munique x Arsenal em "Outside of the boot")
Há coisa de um mês, andou por aí meio mundo em êxtase com a Pirâmide do Guardiola.
Não é caso para menos. Uma inovação táctica que recria algo que existiu há cem anos atrás, é bem apanhada. Sem dúvida.
Agora a sério, nos tempos que correm, um treinador que lança mais do que três tipos na frente de ataque, é merecedor de todos esses encómios, e mais alguns. Cinco, é obra.
Mas será tanto assim? Não vi o famoso jogo piramidal do Bayern de Munique contra o Arsenal, mas (re)vi o último Bayern x Stuttgart, em que os bávaros cilindraram por 5-1. E o que é que vi?
Que o Guardiola me fintou, e deixou o famoso e centenário 2x3x5, em parte incerta.
O Bayern entrou com três defesas: Rafinha, Boateng e Alaba, e dois médios mais defensivos: Vidal e Kimmich. À frente deles o Douglas Costa, e ainda mais para diante: Robben, Thomas Müller, Lewandowski e Coman. Um 3x2x1x4, portanto.
Na defesa, o Rafinha foi um defesa-direito que quase não subia no terreno, enquanto o Boateng e o Alaba alternavam entre quem era o central e o defesa-esquerdo, quem subia e quem ficava.
Nos poucos, pouquíssimos, momentos de aflição em que o Stuttgart se aventurava para além do seu meio-campo, era um Deus nos acuda, à boa maneira do Adriaanse, com o Rafinha, invariavelmente, a ir buscar os heróis fugitivos.
A meio-campo Vidal e Kimmich asseguravam alguma solidez defensiva, com o chileno, mais afoito para diante, a cair para a direita, e o germânico mais posicional. Até porque da sua esquerda para o miolo, se abria o raio de acção de Douglas Costa, sempre em progressões rápidas e verticais.
Na frente, apareciam então Robben, Müller, Lewandowski e Coman. Dos quatro, Coman e Lewandowski eram os mais fixos, com o primeiro, colado à linha lateral esquerda, e dela pouco se afastaria, e o segundo, ao centro, entre os centrais contrários, passe a redundância.
Müller e Robben, mais móveis, a procurarem através de recuos e penetrações, triangular com Vidal.
Do tão falado cinco da frente, nem vê-lo. Só nas ocasiões em que o Douglas Costa se chegava à frente, mas sempre partindo de uma posição mais recuada.
Perante isto, o que diriam os fulanos que para aí andam extasiados, se tivessem presenciado o nosso jogo contra o Vitória de Setúbal?
É verdade, e se estivessem estado acordados entre os 59 e os 73 minutos de jogo, entre a saída do Evandro e a entrada do Osvaldo, e a saída do Brahimi e a entrada do Imbula?
Foram apenas 14 minutos, mas nesse quarto de hora menos um minuto, quando em posse de bola, o FC Porto jogou com Indi e Marcano, na defesa, como médios Danilo Pereira, a trinco, e André André, livre, e na frente, nada mais, nada menos, que seis homens: Maxi Pereira, Tello, Osvaldo, Aboubakar, Brahimi e Layún.
Maxi Pereira e Layún foram naquele período, os verdadeiros extremos, enquanto Tello e Brahimi flectiam para o centro, ao mesmo tempo que recuavam um nadinha, como os antigos interiores, procurando ocupar o espaço entrelinhas.
Osvaldo era o homem fixo diante da baliza, em torno do qual orbitava Aboubakar. E foi assim que surgiu livre para cabecear para o golo.
Ou seja, uma espécie de 2x1x1x3x3, ao qual não consigo associar qualquer figura geométrica. Talvez uma fórmula matemática: V+1+1+M, mas é demasiado rebuscado, por isso, vou chamar-lhe apenas o "coiso" de Lopetegui.
É claro que isto era um exagero de arrojo. Para mim, pessoalmente, tudo o que vá para além de dois defesas e um duplo pivot, para aguentar as coisas cá atras, faz-me arrepios na espinha.
O Vitória, ao não ter um único jogador capaz de ter a bola nos pés e de fazer um passe, que não fosse uma bola bombeada para o Suk, também ajudou.
Foram apenas catorze minutos, o bastante para chegar ao golo. Aí chegados, sai o Brahimi, entra o Imbula, e eis-nos de regresso ao 4x3x3. O adversário estava subjugado. Se até aí, pouco tinha feito, dificilmente o faria daí para diante.
Durou pouco, mas foi interessante ver o FC Porto com uma dinâmica de equipa crescida, mandona, e capaz de asfixiar o adversário, se não pela qualidade, pela quantidade.
Como seria de esperar, não vi este momento histórico a ser objeto de grandes parangonas onde quer que fosse. Mas aconteceu.
Talvez porque aquilo que para o Bayern é um modo de vida, para nós foi uma sala de pânico.
Nota: Se tudo correr bem, esta será a primeira parte de um texto, com duas partes. Como esta saiu um tanto ou quanto insonsa, na próxima, como não nasce Guardiola quem quer, vou tentar descobrir algumas diferenças entre nós e o Bayern, para além das mais óbvias. Com um bocado de sorte…
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