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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Quando uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa

19
Jun17

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Há por aí alguns benfiquistas, que ao contrário da grande maioria dos seus correligionários, conseguem ter a capacidade e a isenção de compreender a teia que o seu clube teceu, e da qual, em condições normais e num País normal, não se desenredaria sem sofrer pesadas consequências.

 

Contudo, é por eles principalmente, veiculada a opinião de que, ainda assim, comparativamente com o "Apito Dourado", os indícios relativos a este "Apito Divino" apontam para algo de menor gravidade.

 

Em primeiro lugar, é estranho que haja benfiquistas que conseguem ler a situação objectivamente, o que se aplaude e louva. 

 

Em segundo, e ainda mais estranho, é que nos coloquem à sua frente. No que quer que seja, até nisto. 

 

Mas os queridos amigos menosprezam-se.

 

Não o façam, que a primazia neste capítulo é, claramente vossa, como não poderia deixar de ser.

 

Fazem então, comparações com o "Apito Dourado". Pois que seja. Façamo-las.

 

Como não me parece que estejam interessados em puxar para a conversa os Dragões Sandinenses ou o Gondomar, parece-me plausível conceber que se referem ao "Apito Dourado", nas partes que ao FC Porto dizem respeito.

 

Sendo assim, nesse capítulo, o "Apito Dourado", se bem se recordam, envolveu dois jogos e dois árbitros, ou uma equipa de arbitragem, a do Jacinto Paixão, e um árbitro, Augusto Duarte.

 

Em relação a este último, cujo caso assentava quase exclusivamente no testemunho de Carolina Salgado, nada foi provado. Portanto, esqueçam.

 

Ou seja, ficamos apenas com o outro caso, o da fruta e do chocolate, que tanto gostam de trazer à colação.

 

Este envolve, como disse atrás, a equipa de Jacinto Paixão e o jogo com o Estrela da Amadora.

 

Para não ir mais longe, pegando na extrapolação sem qualquer fundamento, que benfiquistas (e sportinguistas) gostam de fazer deste caso, para os trinta anos de títulos portistas, pressupõe-se que não será difícil de aceitar que esta situação poderia dar-se com qualquer outra equipa de arbitragem. 

 

Não há nada que indique que estivesse em causa, portanto, um fetiche exclusivo de Jacinto Paixão e da sua equipa. 

 

Por outro lado, a fórmula utilizada não estava apenas ao alcance do FC Porto. Quero dizer que, querendo fazê-lo, qualquer outro clube poderia lançar mão do mesmo tipo de "argumentos".

 

Se vão dizer que sim, mas que só o FC Porto é que utilizou, desculpem lá mas não me resta mais nada a fazer do que rir da vossa ingenuidade, e lembrar que estamos no domínio do hipotético.

 

Agora, vejamos o "Apito Divino". Quantos jogos e quantos árbitros, e outros agentes desportivos, estarão envolvidos? 

 

Para já, não se sabe. Mas, pela amostra, não é difícil de estimar que serão em número bem superior aos que estiveram no "Apito Dourado".

 

Mais. Conseguem imaginar qualquer outro clube a congeminar, e com sucesso, aquilo que é convicção inclusive de alguns benfiquistas, que o Benfica engendrou?

 

Imaginem que em vez do Guerra tinham o Bernardino Barros, que será talvez, o mais aproximado que conseguimos arranjar, em termos de funções e de vínculo ao clube. 

 

Conseguem imaginá-lo na data em que ocorreu a troca de e-mails com o Adão Mendes, a ter uma troca de e-mails idêntica com um qualquer Adão Mendes desta vida?

 

Nos dias que correm, numa conversa sobre arbitragem , apenas consigo imaginá-lo a fazer o mesmo que Jesus Cristo, naquela anedota em que encontra um português a chorar na beira da estrada: a sentar-se, e a chorar com ele.

 

Pois é meus caros, uma coisa é uma coisa, e outra coisa, é outra coisa. E neste caso, tenho de admitir que nos ganham. E de goleada. Sem andor, sem manto protector, sem #colinho e sem preocupações com a nota do árbitro.

 

Comparativamente, o nosso "Apito", tirando o destaque que entenderam dar-lhe, e cujos efeitos perduram até hoje, não teve nada de especial. 

 

Poderia acontecer em qualquer altura, com quaisquer árbitros ou com qualquer clube. Ou, pelo menos, estaria ao alcance de...

 

O vosso "Apito", ao contrário, pela dimensão que se adivinha, pela envolvência e pelos envolvidos, arrisco-me a alvitrar que será único e irrepetível. 

 

Para bem do que resta do futebol português.

Concatena, filho, concatena

23
Set15

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O Layún deu o mote, quando disse que "os clássicos não se jogam, ganham-se".

 

Valha a verdade que este clássico foi muito mal jogadinho, graças a Deus. Ou neste caso, graças aos tipos que por aquele relvado andaram, correram, espernearam e provocaram, que resolveram fazer a fineza de dar-lhe razão, e substituir a inteligência e o bom futebol, por nervo e vontade.

 

Uma primeira parte desgraçada do nosso lado, aliás, perfeitamente em linha com o que acontecera em Kiev, a meio da semana.

 

Na Ucrânia, o André André começou à esquerda, com o Herrera ao meio e o Brahimi à esquerda. No caos que foi aquele meio-campo, passou para o meio, e as coisas melhoraram.

 

Depois foi acabar na direita, naquilo que agora à posteriori, parece ter sido um ensaio prematuro para o clássico, uma vez que, como se viu, o resultado estava longe de estar garantido, e um milhão de euros que voou pela janela. 

 

No Dragão, o André André começou como havia acabado o jogo anterior, à direita.

 

Jorge Jesus, quando Lopetegui o confrontou na temporada passada, disse queque, enquanto homem, o rival era corajoso por tê-lo feito, mas como treinador...

 

André André à direita foi um sinal de receio de Gaitán? Em boa verdade sempre seria o homem mais perigoso do adversário.

 

O certo é que, uma vez mais, as coisas começaram a recompor-se quando André André passou para o meio.

 

Em ambos os jogos Lopetegui apostou no duplo pivot a meio-campo. Danilo Pereira e Rúben Neves, na Champions, e Rúben Neves e Imbula, para a Liga doméstica.

 

Nas duas partidas o duplo pivot andou aos papéis. Completamente perdidos no primeiro jogo, e em ambos, médios defensivos e linha defensiva excessivamente recuados em relação aos demais médios e avançados.

 

Resultado, um enorme buraco no centro do terreno, que André André logrou, de certa maneira, preencher quando passou para o meio.

 

O exagero foi tal que no Clássico, a dada altura, quando o adversário atacava, e fazia-o fundamentalmente por Gaitán e com os recuos de Jonas, para vir buscar jogo, Rúben Neves e Imbula baixavam de tal maneira, que quase se integravam na linha defensiva.

 

Ou seja, estamos perante equívocos tácticos, exponenciados por uma considerável dose de casmurrice, ou ainda falta trabalho táctico para limar as arestas do sistema, e demonstrar as suas virtudes?

 

Pelo que percebi, em particular no jogo contra o Stoke City, o ensaio do duplo pivot começou na pré época. A colocação de Herrera ao meio, num papel de praticamente segundo avançado, já vem da época passada.

 

Como é que se conjuga isto com rasgados elogios ao treinador?

 

"Concatena, filho, concatena"! - dizem agora os ex-"Gato Fedorento".

 

Não consigo.

Em questões de princípios, os fins justificam os meios?

20
Ago15

Apenas três notas sobre acontecimentos recentes:

 

Athletic Bilbao. Na segunda-feira, depois de 31 anos sem conquistar qualquer titulo, empata no Campo Nou, e vence a Supertaça espanhola, com um resultado de 5-1, no conjunto das duas mãos.

 

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Benfica e Jorge Jesus. "(...) quando estamos casados com alguém temos de calar e aceitar os defeitos e as faltas de carácter. Mas esse dever termina quando o casamento chega ao fim".

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Nem vou comentar esta bela noção de harmonia matrimonial. Cada um saberá de si.

 

Portanto, durante seis temporadas calaram e aceitaram os defeitos e as faltas de carácter. Fizeram bem mais do que isso, mesmo sendo conhecedores dessas faltas de carácter, alimentaram-nas, patrocinaram-nas e defenderam-nas.

 

A troco de quê? Três títulos da Liga, cinco Taças da Liga, uma Taça de Portugal e duas finais da Liga Europa. Bom proveito.

 

Onde é que está a maior falta de carácter? Em quem, pura e simplesmente não o tem, ou em quem o tolera e se vende a troco daqueles títulos?

 

E o freguês que se segue, faz pouco do anterior porque levou seis anos para compreender o corolário manuel-machadiano de que um cretino, é apenas um cretino, mas pouco se importa com isso, e prepara-se para lhe seguir os passos.

 

Estão bem uns para os outros.

 

FC Porto, como não poderia deixar de ser.

 

"(...) só com a bendição de Mendes e da sua teia de negócios é que o FC Porto sobrevive."

 

Esta frase foi retirada de um texto escrito recentemente pelo Miguel Lourenço Pereira, no "Reflexão Portista".

 

Ao contrário de outros escritos do mesmo autor, que geraram ondas de indignação, até por parte de co-autores daquele espaço, e por vezes descambaram inclusivamente em insultos, desta vez, nada. Zero.

 

Vários comentários sobre o tema da peça escrita - o negócio da venda do Otamendi, mas sobre este ponto em particular, tudo tranquilo.

 

Como se de nada de novo se tratasse, ou nada de particularmente interessante ou grave. Afinal, fala apenas sobre a sobrevivência do clube, nada de especial, portanto.

 

Ninguém parece ter ficado grandemente preocupado ao ler que dependemos da bendição de Jorge Mendes para sobreviver.

 

O mesmo Jorge Mendes que coloca jogadores e treinador no FC Porto, na expectativa da sua valorização, e serve em simultâneo de intermediario para transferir para o Valência e para o Mónaco, uma série de jogadores de um rival, a valores, nalguns casos, bastante acima do valor de mercado, fazendo entrar nos cofres desse clube mais de 100 milhões de euros.

 

Ou ainda que efectivamente não entrem, sempre dão uma ajuda para mascarar a contabilidade, e contornar o fairplay financeiro.

 

É que, uma coisa é partilhar o risco de investir em jogadores especulativamente, tendo em vista a sua valorização, outra completamente diferente é comprar passes, sem grande regateio, por valores acima dos de mercado. Neste caso, para não lhe chamar branqueamento de capitais, chamar-lhe-ia apenas "investimento institucional".

 

E, olhando para o recente caso Jorge Jesus, dá que pensar a sua resposta de que vive num pais livre, e que pode escolher o clube para onde vai trabalhar. Mas isso alguma vez esteve em causa?

 

Pelos vistos sim, a fazer fé naquela resposta. Mas então, quem é que condicionou a sua liberdade de escolha, e o quis colocar noutro sitio?

 

De acordo com alguns comentários, que aquela resposta vem corroborar, Vieira e, obviamente, o seu empresário, Jorge Mendes, himself.

 

O facto da sobrevivência do FC Porto depender da bendição de Jorge Mendes e da sua teia de negócios, não causa transtorno a ninguém?

 

A mim, causa-me. E ao que parece, em Espanha, os adeptos do Valência e do Atlético de Madrid vão acordando para a realidade de que os seus clubes são concorrentes directos, e Jorge Mendes está em ambos.

 

A ser verdade, a tentativa de afastar um treinador de um clube adversário, não entreabrirá uma porta a outros tipos de manipulação?

 

Aparentemente, no pasa nada. Desde que os resultados desportivos vão aparecendo, e não se zanguem as comadres, os fins justificam os meios, e os princípios são os fins, eles próprios.

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Mudam-se os tempos, mudam-se as verdades

17
Mai14

Ok, agora chega. Esta merda já me está a irritar, ao ponto de quase ter tido uma discussão ao almoço.

 

 

 

Para os mais distraídos, o que podem ver na imagem é a marcação de uma grande-penalidade, com o João Tomás, do Rio Ave, a partir para a bola.

 

Onde é que está o guarda-redes, e de que equipa é o guarda-redes? Sim, isso mesmo. Garanto que não há nenhum toque de Photoshop, que não sou dotado de jeito, nem tenho paciência para tanto.

 

Pois bem, este jogo foi para a Taça de Portugal da época 2010/2011, e o árbitro não foi outro senão o João "pode vir o João" Ferreira.

 

Na altura, acho que isto não mexeu com quase ninguém. Eu próprio, escrevi qualquer coisa sobre o assunto e, de resto, tudo normal, e siga a banda.

 

Agora é um Deus nos acuda. Petições a nível planetário na internet, e sei lá mais o quê. Não vou ao exagero de pedir coerência, caramba, que isso seria demasiado, mas então e um bocadinho de memória? Não era bom?

 

Bem sei, a filha do barbas ganhou o festival da Eurovisão (esta é da "Viperina", da "Nova Gente" da minha Mãe. Obrigado Mãe, pela imersão de cultura!), e agora querem ganhar tudo e mais alguma coisa, dê lá por onde der, mas por favor, menos, meus caros, menos...

No dia em que os porcos voarem

08
Fev14

Ainda que não concorde inteiramente com o enquadramento dado a alguns dos clubes mencionados, e muito menos com a conclusão final, achei interessante, para reflexão, este texto de João André, publicado no blogue Delito de Opinião.

 

Vejam se concordam.

 

 

"Modelos de negócio no futebol

 

 

Quanto mais sigo o futebol europeu mais me convenço que existem 4 modelos de sucesso. A saber:

 

1.    O clube com o bilionário que paga as extravagâncias (com ou sem equilíbrio financeiro posterior): Chelsea, PSG, Mónaco, Manchester City;

 

2.    Os clubes ricos que são mais ou menos bem administrados e que (também) por via de serem bem sucedidos equilibram as contas: Manchester United, Real Madrid, Arsenal, Barcelona, Bayern de Munique, Juventus;

 

 

3.    Os clubes que se baseiam em descobrir futuras vedetas noutros países e as tentam vender com lucro: Benfica, FC Porto, Udinese, Lyon, Sevilha;

 

4.    Os clubes que tentam essencialmente formar os seus jogadores e que quando vão ao mercado preferem jogadores ainda muito jovens e pouco conhecidos: Ajax, Sporting, Atlético Bilbau, Feyenoord.

 

Os nomes referidos acima são essencialmente indicativos e não são herméticos. Há clubes que poderiam caber em mais que uma categoria (Arsenal e Barcelona, por exemplo). No entanto, e para este post, quero comentar essencialmente o modelo 3.

 

Este modelo interessa-me por ser aquele que o meu clube - Benfica - segue actualmente. É indiscutível que tem dado alguns bons frutos. No reinado de Jorge Jesus - que é um ás a valorizar jogadores e fraquinho a vencer troféus - deu para a venda por bom dinheiro de Coentrão, Ramires, di María, Javi García, David Luiz e agora Matić. Outro exemplo de sucesso (e ainda mais pronunciado) é o do FC Porto, com a venda de Falcao, Hulk, João Moutinho, etc. São modelos que têm dado para adquirir jogadores por 5 a 15 milhões para os vender a 20-35 milhões e pelo meio os jogadores contribuem bastante para a equipa. No papel são bons negócios.

 

Claro que têm problemas. Estão dependentes de agentes (Jorge Mendes à cabeça) e um dos problemas disto é que estes poderão exigir a compra de jogadores no máximo apenas medíocres como contrapartida (o cortejo de jogadores contratados pelo Benfica para serem emprestados e depois dispensados dá a volta ao Estádio). Por outro lado, se os jogadores forem bons mas não forem vendidos, o investimento não compensa em termos financeiros. Luisão, Cardozo e Gáitan podem ser bons jogadores, mas há anos que o Benfica tenta vendê-los com lucro e não consegue.

 

Disto resulta que os clubes com o modelo 3 vivem dentro de uma bolha. Por vezes é inflaccionada (não se consegue vender o jogador), noutras alturas é reduzida (o jogador dá um bom lucro). O problema das bolhas é que, de tempos a tempos, rebentam. Para tal bastam normalmente pequenos percalços. O clube pode passar demasiado tempo à espera de vender os jogadores (e entretanto compra outros); os clubes que pagam as fortunas passam por um período de menor liquidez (como quando esperam pelos novos contratos televisivos); ou, e aqui há o risco actual, quando regras externas entram em vigor com o fim de limitar os gastos excessivos - o famoso fair play financeiro da UEFA.

 

Actualmente não se sabe muito bem o efeito que terá porque a própria UEFA ainda não esclareceu certos aspectos. Por outro lado fica por saber se a UEFA teria coragem de negar a entrada a um Chelsea ou a um Milão (dois clubes a tentar cumprir as regras). No entanto, assumindo que as regras são estabelecidas e cumpridas e que clubes que vivem à base do sugar daddy têm mesmo que limitar gastos ou ser excluídos, os clubes dom o 3º modelo arriscam-se a ficar com activos desvalorizados nas mãos.

 

Os jogadores que compram têm-se vindo a tornar cada vez mais caros porque os clubes vendedores (normalmente da América do Sul) sabem que eles são depois retransferidos a valores que aumentam constantemente. Isso significa que ao comprarem um jogador em 2014 por um valor que será substancialmente superior aos de 2012, os clubes "3" esperam também que o valor de revenda em 2016 seja também superior ao de 2013. Caso isso não suceda por razões externas, os clubes perdem dinheiro muito depressa.

 

E é nessa corda bamba que clubes como o Benfica e o FC Porto caminham. O FC Porto menos porque é indubitavelmente melhor organizado, mas também está sujeito ao risco. Nesses momentos veremos os clubes do modelo 4 a reemergir, porque a queda na valorização dos jogadores os afectará menos, já que gastaram também menos a comprar ou simplesmente nada a treinar.

 

Não sou - longe disso - um oráculo de futebol. Espero até que esteja enganado, para bem do Benfica - e, vá lá, do FC Porto, a bem do desporto português. No entanto não posso deixar de pensar que se o Sporting mantiver o caminho que trilha actualmente, será a breve prazo o dominador do futebol português por uns anos.”

 

 

Confesso que fico um pouco preocupado, não com o enquadramento do FC Porto naquele grupo, mas pelo facto de, a nível externo, nenhum dos clubes que o integram lutar declaradamente pelo título de campeão do respectivo país.

 

Por outro lado, a nível interno, fico mais tranquilo pois parece-me que, dentro do nosso modelo de negócio, ainda somos detentores da liderança.

 

Sem dúvida que o nosso rival, pontualmente, tem vindo a fazer alguns bons negócios, e outros em que não se consegue muito bem distinguir negócio de negociata, suscitando bastas dúvidas a proveniência dos fundos que lhes dão cobertura.

 

Pela nossa parte, apesar de alguma inversão no modus operandi, o modelo permanece.

 

As futuras vedetas, que antes eram adquiridas a preço de banana, como diria o Mourinho, deram o lugar a vedetas, ainda que jovens, e como tal, dispendiosas.  

 

É das regras comerciais: para se obterem margens de lucro, ou se vendem muitas unidades, a baixo preço e com uma margem curta por cada uma, ou se vendem poucas unidades, a um preço elevado, obtendo-se margens mais elevadas em cada uma delas.

 

As aquisições do Hulk, do Danilo, do Alex Sandro, em parte do James, do Quintero, e do Reyes e do Herrera, marcam essa viragem.

 

Convém também ter presente o papel dos empresários, intermediários e fundos de jogadores. Quanto maior for a margem na venda dos jogadores, maior será sua própria.

 

Outra explicação para a mudança poderá ter a ver com o plano desportivo. Deste ponto de vista, será sempre preferível vender por época um Hulk, um João Moutinho ou um Falcao, ainda que acompanhados por um James ou um Ruben Micael, que pôr no mercado meia equipa.

 

É claro que a coisa tem outras desvantagens, mas sobre essas, conto falar noutra ocasião.

 

Agora, a parte que me deixou atónito, foi a perspetiva de termos “a breve prazo [um Sporting] dominador do futebol português por uns anos”.

 

Não é por nada, mas eu cresci a ouvir a lenga-lenga das camadas jovens do Sporting, e dos méritos da sua formação. Depois veio a Academia, e qual foi o clube que mais perto andou, e ainda não se safou do buraco?

 

Apesar de todos os méritos de Aurélio Pereira, e dos Futres, dos Figos, dos Quaresmas, dos Crisnaldos, dos Nanis, das maçãs podres, dos bundões, e outros tantos, que não passaram da cepa torta (Carlos Martinzes et al.), nada disso foi suficiente.

 

Bastou vir algum doidivanas, daqueles que abundam lá pelas bandas da Calimeroláxia, e quase foi tudo por água abaixo. Uma vez, outra, e mais outra.

 

Mesmo nesta temporada, em que as coisas até estão surpreendentemente, a correr melhor do que o previsível, o treinador quer levar o barco com calma, sem sofreguidões, degrau a degrau, de acordo com o planeado, e vem de lá o presidente a querer títulos.

 

Pois é, é que é muito bonito recorrer à prata da casa, nem que seja em desespero de causa, como é claramente o caso, ficamos todos muito orgulhosos por termos mais jogadores portugueses que os outros todos, mas se os resultados desportivos não aparecerem…

 

É caso para se dizer, como na anedota sádica: “não há bracinhos, não há bolachinhas!”

 

Atendendo ao actual estado da arte dos três grandes, parece-me muito mais fácil ao FC Porto ou aos outros da capital, na falta de resultados, operarem uma reviravolta estratégica num curto espaço de tempo, do que ao Sporting assomar-se ao patamar dos dois rivais seguindo pela sua via, sem conquistar títulos – e daí a premência absoluta da Taça Lucílio Baptista, há que apaziguar as hostes.

 

Por isso, cheira-me que a previsão do autor, se algum dia se concretizar, será no dia em que os porcos voarem. E aí, cuidado com as penas no fiambre!

O reciclar do ciclo

08
Out13

Aqui há umas semanas, o nosso ex-treinador Vítor Pereira, quis pôr o dedo na ferida do nosso maior rival, tentando explicar as suas dificuldades quando nos defronta, pela "alteração do ADN".

 

 

 

Fê-lo, como convém a quem conta um conto, puxando a brasa à sua sardinha, e evocando o temor que o "seu" FC Porto infundia no adversário. Porém, não fez mais do que massajar a superfície da ferida, a qual, quanto a mim, é bem mais profunda, e tem a ver com o conceito de "ciclo" vivido em cada um dos clubes.

 

Quando após a derrota inicial no campeonato, se levantaram as primeiras vozes a pôr em causa o treinador do nosso rival, o presidente, o fulano dos apêndices auditivos hiperdesenvolvidos, apressou-se a vir dizer que ainda era "cedo para encerrar este ciclo".

 

Geómetra de mão cheia como poucos, ele sabe perfeitamente que no final, o ciclo converge para o seu princípio, e não está para aí virado.

 

Sejamos francos, o pateta platinado é um bom treinador. Para os nossos padrões locais, e até mesmo para o nível europeu. Já provou que é capaz de montar uma equipa, de prepará-la, e de pô-la a correr como poucos.

 

Depois, os resultados comprovam que é perfeitamente incapaz de fazer uma gestão minimamente razoável dum plantel, mas não se pode ter tudo.

 

Ou seja, até aqui, nada que um Rui Vitória, um Marco Silva ou mesmo um Paulo Fonseca, no seu lugar, não pudessem fazer sem grandes problemas.

 

No entanto, é detentor de características únicas que fazem dele um caso ímpar do homem certo no lugar certo, e que nenhum daqueles será possuidor.

 

Não, não me refiro ao discurso atabalhoado, mas sim à pesporrência verbal de cada vez que abre a boca, à desonestidade intelectual de cada vez que aborda lances idênticos ou quase, consoante correm a seu favor ou do adversário, ou o desrespeito por regras basilares de uma sã convivência em sociedade. Tudo isto sob a benovolência quase generalizada de indivíduos, fazedores de opinião que se prezam por defender o contrário noutras ocasiões.

 

Foi sem dúvida ele o treinador mais vitorioso neste século à frente dos destinos daquele clube. Tendo sido campeão numa altura em que se encontraram reunidas condições únicas, muito especiais, esse título assentou-lhe como uma luva. Reparem que o outro treinador que, no que vai decorrido de século, também chegou a campeão com aquelas cores, também em condições muito especias, de cunhas leais, e etc., não teve estofo para continuar, não obstante tratar-se de uma reconhecida raposa velha.

 

Acabou por sair com saudades da família, e foi procurá-la para a Irlanda, quando ela vivia em Itália. Isto de PIIG's são todos iguais...

 

É pois o retrato perfeito da conjugação da fome, com a vontade de comer, que nem o facto de a hegemonia mais próxima de atingir ser a da conquista de vice-campeonatos, igualando porventura a marca do actual seleccionador nacional, parece abalar.

 

Dir-se-ia que presidente, clube e adeptos se encontram reféns de uma escolha única para a posição de treinador. 

 

Do nosso lado, enquanto ocupa o seu lugar, vamos já no quinto treinador. Dois deles foram campeões, e Vítor Pereira, contrariando todas as expectativas mais optimistas, até as portistas, logrou sê-lo por duas vezes. E o quarto título só depende de nós.

 

Nós sabemos disto. O pateta platinado sabe disto. O fulano dos apêndices auditivos protuberantes sabe disto. Os adeptos do clube, aqueles que não sofrem do síndrome de Estocolmo, sabem disto. Os senhores fazedores de opinião, sabem disto.

 

Por isso, não vale a pena virem alimentar-nos a todos de falsas esperanças com capas destas...

 

    

 

Digamos que, para o nosso rival, a noção de "ciclo" é como aquelas rodas das gaiolas dos hamsteres, onde os bichinhos correm, correm, sem sair do mesmo sítio.

 

Do nosso lado, o ciclo faz lembrar a superfície calma de um lago, à qual se atira uma pedra. O círculo que se forma vai-se alargando, alargando, até que desaparece. Então, atira-se nova pedra, e novo círculo se forma, e assim sucessivamente, mantendo bem vivas a ambição e o querer, independentemente de quem lidera tecnicamente a equipa.

 

Chamem-lhe estrutura, chamem-lhe sistema, chamem-lhe o que quiserem. Há gostos para tudo. Há quem ache enternecedores os animaizinhos às voltas na roda, e há quem se deleite com a tranquilidade de uma bela paisagem lacustre.

 

Cá por mim, sou alérgico ao pêlo dos cabrões dos ratos! 

  

Meritocracia selectiva à moda de Carnide

30
Set13
Os discursos pós-jogo do treinador e do presidente do clube que empatou em casa com o Belenenses, pese embora tenha sofrido um golo a fazer lembrar um outro, salvo erro em Coimbra, então validado pelo Elmano Santos, de que ninguém na altura se queixou, cairam no tom circunstancial para estas ocasiões.
 
Não sendo de hoje, as suas constantes reprises, cada vez mais me deixam a sensação de que, mais do que esforçarem-se para tentar ganhar qualquer coisa, a grande preocupação é arranjar uma boa desculpa para os vários e recorrentes insucessos.
 
Um bocado na senda de um fluxograma para a resolução de problemas que aqui há uns anos circulava pela net.
 
 

Há contudo alguns benfiquistas, poucos, de certeza, que não vêem as coisas assim. O Henrique Raposo será um deles, como se infere do texto que abaixo reproduzo: 

 

"No país dos árbitros não há cavalheiros"

 

 

"Faltam muitos ismos a Portugal, mas estou desconfiado que a escassez de cavalheirismo está no topo da lista. Não, não estou a falar da delicadeza com as senhoras. Esse é o lado gingão do cavalheirismo. Falemos apenas da essência da coisa, por favor. Que essência é essa? Como diria o meu amigo Francisco Mendes da Silva, o cavalheiro é aquele que sabe reconhecer o mérito alheio, é o paxá que tem a auto-confiança necessária para assumir que o adversário mereceu ganhar. Não, não o confundam com o idiota que não se incomoda com a derrota. Cavalheiro não é eufemismo de falhado. O cavalheiro não gosta de perder, mas consegue ver dignidade na vitória do adversário. Até porque a sua evolução dependente desse acto de humildade. Só podemos corrigir erros se admitirmos a existência dos erros, não é verdade?

 

Em Portugal, o cavalheiro passa por totó. Um facto bem evidente no futebol, o passatempo nacional. As equipas e respectivos adeptos nunca reconhecem o mérito do adversário. Sei do que falo. Como benfiquista, não tenho paciência para os benfiquistas que só fazem mal ao Benfica através das teorias da conspiração anti-Pinto da Costa. Nos últimos vinte anos só ganhámos três campeonatos, o resultado de precipitações, incompetência e amadorismo (a época passada está incluída nesta trindade negra). Mas, para milhões de benfiquistas, o Benfica perdeu a hegemonia do futebol português só por causa da relação promíscua entre Pinto da Costa e os árbitros. Essa relação existiu, mas não explica por si só o nosso fracasso. Não foi Pinto da Costa que contratou Tahar, Pringle, Quique Flores ou Emerson. Não foi Pinto da Costa que elegeu Vale e Azevedo. Não se pense porém que os benfiquistas têm o monopólio da falta de cavalheirismo. Em 2010, o Benfica ganhou o campeonato, apresentando o melhor futebol das últimas décadas em Portugal. Apesar da evidente superioridade do Glorioso, os adeptos do FC Porto nunca largaram a lengalenga do "túnel". E como é que justificam a hegemonia do Benfica ao longo dos anos 60 e 70? Era o clube de Salazar, dizem.

 

Com uma preguiça aflitiva, as TVs patrocinam este clima há décadas através dos inenarráveis paineleiros, verdadeiras comadres do bate-boca taberneiro. Até parece piadinha: estes senhores recebem milhares de euros para manterem conversas que podemos ouvir de borla ali na tasca do Zé. E o pior é que os jornais também acolheram este ar rasteirinho. Os cronistas que vestem as camisolas acabam por cair no habitual choradinho de queixas e insinuações. Ninguém parece interessado em partilhar o amor pelo clube, as suas memórias, as suas idas ao estádio, etc. Ou seja, ninguém parece interessado em escrever, em cronicar. E, acima de tudo, ninguém quer saber do cavalheirismo. Resultado? Como ninguém consegue assumir a justiça da vitória alheia, a conversa não sai do lero-lero sobre penáltis e um erro do árbitro deixa de ser um acaso e passa a ser a prova definitiva de um esquema maquiavélico.

 

Moral da história? Os outros nunca têm mérito, aliás, não existe mérito. É assim no futebol e, estou desconfiado, na vidinha em geral. O tuga encontra sempre um árbitro malévolo no trabalho, na escola, na estrada. A culpa nunca é nossa".

 

 

Valha-nos que, aos poucos que ainda possuem uma réstia de clarividência, que lhes permite descortinar algumas insuficiências próprias nos insucessos da sua equipa, não os escolhem os seus apaniguados para liderar os destinos do clube. Preferem aqueles como os que lá estão. E ainda bem.

 

No entanto, apesar do ponto a favor, note-se o apelo irresístivel do maniqueísmo e pluribus unum, a fazer das suas.

 

É claro que houve falhas próprias. Mas, obviamente, que é lá isso de relevar a "relação promíscua entre Pinto da Costa e os árbitros", seja ela qual for? Nem pensar. "Essa relação existiu". Pois é, o "Apito Dourado", e tudo aquilo que sabemos. Whiskas saquetas.

 

Do nosso lado, ao melhor futebol do Mundo e arredores, contrapomos teimosamente a "lengalenga do "túnel"". Incompreensível.

 

Se não me falha a memória, é verdade. Em 2010 houve uma equipa que jogava bom futebol. E corria muito. Muito mesmo, como há muito não se via correr, se é que alguma vez alguém correu assim.

 

Mas foi graças a esse futebol que essa equipa foi campeã?

 

Salvo erro essa equipa, que jogava mundos e fundos, teve durante quase toda a época a companhia de um modesto SC Braga, o qual, aliás, só ultrapassou com uma antecipação manhosa de um jogo à 20.ª jornada, e chegou à última jornada com apenas com menos dois pontos que o campeão.

 

E como foi importante essa ultrapassagem, assim como a tal "lengalega do "túnel"", para a geração daquela famosa onda, que tudo levou à frente, e fundamentalmente para assegurar a estabilidade emocional de um pateta platinado. Desde então, nunca mais se reuniram estas condições, e os resultados estão à vista...

 

O tal SC Braga haveria de perder a derradeira partida, e acabaria a cinco pontos do campeão. Porém, há que ter em conta que o tal campeão, aquele que transpirava bom futebol, foi beneficiado pela arbitragem em dois jogos em casa, contra o FC Porto e a Naval 1.º de Maio, que lhe valeram duas vitórias e quatro pontos, e em Setúbal, com um fora-de-jogo mal assinalado num golo do adversário, que lhe valeu mais um ponto.

 

Cinco pontos. Sem estes pontos ter-lhe-ia bastado o "melhor futebol das últimas décadas"?

 

Quanto ao FC Porto, é claro que a "lengalenga do "túnel"" não é desculpa, especialmente quando se termina o campeonato em terceiro lugar, a oito pontos do líder. Mas, e se aos cinco pontos que haveria a subtrair ao campeão, somássemos o ponto sonegado na Cesta do Pão, e os pontos correspondentes a duas vitórias, que não o foram por terem sido mal anulados dois golos ao Falcao, contra Belenenses e Paços de Ferreira? Eram mais cinco pontos.

 

Onde é que ficava o "melhor futebol das últimas décadas"

 

Há que dar mérito a quem o merece? É verdade. Lucílio Baptista, Jorge Sousa, Rui Costa e Benquerença têm grande parte do mérito do "melhor futebol das últimas décadas", e as lições de moral, do tipo "bem prega Frei Tomás", que fiquem para quem as prega. 

Super herói dos tempos modernos - o defensor dos jogadores e dos adeptos

26
Set13

 

 

Esta nova estória do pateta platinado tem potencial para fazer jorrar rios de tinta. Também pudera, o fulano desta vez não se limitou a ser igual a si próprio. Superou-se.

 

Experimentem vocês, à saída de um concerto ou de uma semana académica, interceder junto da polícia por um amigo, que azar dos azares, calhou ser parado, não sendo portador de documento de identificação válido.

 

Com um bocado de sorte não levam vocês, e ele, umas valentes bordoadas na mona, e ganham um passeio de ida num carro celular até ao xilindró mais próximo. E quase de certeza que ninguém vai estar preocupado com a reacção do povo que está à volta...

 

É claro, que o mais provável e natural, é que tudo isto vá dar em nada. Ou quase nada. Como um castigo com as competições paradas, ou uma suspensão a terminar com precisão cirúrgica no cagagésimo de segundo imediatamente anterior a que a equipa do sacripanta nos enfrente. O costume.

 

As opiniões sobre o assunto, variáveis consoante a cor clubística, são algumas delas de uma riqueza bem demonstrativa da natureza dos indivíduos que as emitem.

 

Por exemplo, o próprio, diz que não agrediu ninguém. Para António Figueiredo, antigo dirigente do clube do pateta platinado, estão, à semelhança do sucedido com o original, a tentar crucificar o coitado e atingir o clube.

 

Manuel Sérgio recorre às palavras do próprio Papa para defender o amigo, e sentenciar de morte o caso. Talvez lhe valha que o tempo já levou os seus melhores dias, para se safar da blasfémia.

 

Aquele outro comediante, o dos apêndices auditivos protuberantes, cavalgando a situação, e esquecendo que, se a memória não me falha a mim, no meio daquela palhaçada que foi o Apito Dourado, que mais não seja, há pelo menos uma decisão proferida por um tribunal administrativo e fiscal de Lisboa, compara o sucedido com a tragicomédia amadora da Amoreira.

 

Não surpreende. Pois se o homem que não agrediu ninguém, até pediu desculpa, quando se apercebeu que um dos envolvidos na confusão era um agente da autoridade. Com um segurança, não há azar. Com um agente da autoridade, a coisa pia mais fino. Engraçado, tenho a ideia que num certo túnel, as apiniões divergiam.

 

É claro que o próprio dá outra versão dos factos, mas o que é isso? Peanuts.

 

Enfim, fico-me apenas pelo hilariante da questão, para não vos maçar com as exaustivas opiniões e pareceres jurídicos, e com os extensos róis, minuciosamente descritivos, das situações que poderiam levar alguém mais distraído, a tomar aquele indivíduo como um perigoso reincidente em matéria de mau comportamento, com uma leve tendência para o agravamento.

 

Há porém um ou dois pormenores deliciosos, que não vi serem muito debatidos. Aliás, eu próprio só me apercebi deles porque calhou ler um artigo em destaque nos blogues do Sapo.

 

O artigo em causa intitula-se ”Ganhar em três campos é caso de polícia”, e foi publicado no "Dia de Clássico". Abstenho-me de comentar o seu conteúdo, e vou apenas ao que, para o caso interessa.

  

Questiona então o autor, que "não se percebe, e foi essa a ideia com que fiquei, por que é que os jogadores deixaram camisolas na relva em vez de as atirarem, como é comum, aos adeptos. Para as bancadas. Alguns dos adeptos foram lá buscá-las – foram buscar as camisolas e não comemorar o que quer que fosse, é essa, repito, a ideia com que fiquei – e não o podiam fazer".

 

Ora aqui está uma boa pergunta. Porque raios é que as camisolas foram deixadas na relva? Porque carga d'água é que não as atiraram para a bancada, como é comum?

 

Estranho. Ou talvez não.

 

Mais adiante, constata o autor, quase respondendo à sua interrogação, que aquilo que o pateta platinado "fez é caricato e ridículo, só mesmo daquela personagem. Percebe-se por ser quem é, alguém que perde a cabeça com facilidade, mas também pela necessidade de (re)conquistar o coração dos adeptos...".

 

Porque será então, que àquelas almas terá passado pela cabeça deixar as camisolas no relvado, em vez de as atirar para a bancada?

 

Vá-se lá saber!

 

Mas surge a dúvida: foi um acto caricato dum pateta platinado de cabeça perdida, ou a reacção de alguém, a quem uns empata-hmm-hmm estragaram a festa?

 

Curioso, e o que alguns parecem ter perdido de vista, é que de acordo com o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos (Lei n.º39/2009, de 30 de Junho, na versão da Lei n.º52/2013, de 25 de Julho),

 

"Quem, encontrando-se no interior de um recinto desportivo durante a ocorrência de um espectáculo desportivo, invadir a área desse espectáculo ou aceder a zonas do recinto desportivo inacessíveis ao público em geral, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa" (n.º1 do artigo 32.º)

 

Por outro lado, parece que segundo o Código Penal, numa reunião pública, incitar alguém à prática de um crime, é também crime (n.º1 do art.º 297.º).

 

Que chatice!

 

E a porra das camisolas na relva, que não me saem da cabeça...      

É que é cá duma puta duma desfaçatez

05
Mar13

O Anti-Lampião deu o pontapé de saída ao recordar alguns episódios interessantes, como um certo perdão fiscal, a comissão de fiscalização que afinal, não fiscalizava nada, ou os financiamentos da EPUL.

 

 

Até um dos patrocinadores da principal prova nacional, a Sagres, resolveu dar uma ajudinha, curiosamente, em detrimento do Sporting.

 

Algo que não é nada estranho, nem fora do comum. Também o Banco Espírito Santo (BES), através da ESAF, entrou nos fundos de ambos os clubes.

 

Porém, verificaram-se algumas discrepanciazinhas nos valores atribuídos a alguns jogadores. Ou então, confundiram o Daniel Carriço com o Roderick Miranda.

 

Isto apesar do indefectível sportinguismo de homens como Galvão Telles ou José Maria Ricciardi. Contudo, nada que inquiete as mentes de sportinguistas, que ainda não alcançaram, de uma vez por todas que, para o BES, enquanto o seu rival da segunda circular representa um negócio, um investimento (ou vários), o seu clube, mesmo que sendo o do coração, não passa de um hobby, um capricho.

 

Bem se viu ainda recentemente com Paulo Abreu.

 

Voltando à vaca fria, nem vou recuar mais atrás aos casos das alterações à medida de Planos Directores Municipais ou do tráfico de influências no da Euroárea, até por que esses serão mais da esfera profissional do seu presidente, do que do clube.

 

Assim como o financiamento de 250 milhões de euros, em tempos que se adivinhavam de crise através de um sindicato bancário constituído pelo sempre presente BES, pela Caixa Geral de Depósitos e pelo BCP Millenium.

 

 

É este presidente, este clube, esta SAD, neste último caso através de um administrador, por sinal também ele sportinguista, que vêm questionar um eventual perdão de dívida bancária ao Sporting, com o argumento de que [é] difícil entender que bancos intervencionados com os nossos impostos possam utilizar dinheiro dos contribuintes para perdoar dívida, seja a quem for.”

 

O banco intervencionado pelos nossos impostos é o BCP Millenium, por mero acaso um dos que entraram com os 250 milhões de euros, do empréstimo ao presidente.

 

É duma puta duma desfaçatez a toda a prova. Mas que tipo de moral é um sabujo destes tem para vir arrotar postas de pescadas nesta matéria?

 

Certamente já ouviram falar do Banco Internacional do Funchal, vulgo Banif?

 

Pois bem, o Banif também foi intervencionado pelo Estado. O que é isso significa?

 

Apenas isto:

 

“O Estado irá entregar 700 milhões em capital – acções com direitos especiais – e os restantes 400 milhões em dívida, através de instrumentos de capital contingente (dívida que se transforma em acções se não fôr paga). Vai ficar com o controlo e 99% do capital do banco até Junho. Nesse mês, o Banif irá fazer um aumento de capital de 450 milhões de euros para os seus accionistas. Se for bem sucedido, o Estado reduz a sua participação para 60% do capital e os direitos de voto para 49%, perdendo assim o controlo total da instituição”.

 

Agora, reparem se faz favor, naqueles que são os patrocinadores oficiais da Liga Portuguesa de Futebol Profissional:

 

 

 

 

Notam alguém conhecido?

 

É verdade. Todos nós, através dos nossos impostos, os que pagamos impostos, vamos ser, pelo menos até Junho, donos de 99% do Banif, e como tal, patrocinadores da Liga.

 

Estarão conscientes disto, os sem vergonha que agora se insurgem contra o perdão da dívida bancária de que se fala?

 


Nota: Pela minha parte, por princípio também não concordo com qualquer tipo de perdão, seja fiscal ou bancário, em que o nosso dinheiro esteja envolvido, nem que seja a título de gorjeta.

 

Porém, acho que é uma puta duma falta de vergonha vir quem veio a terreiro insurgir-se contra a situação.

É que nem pensem…

21
Fev13

Como dizia recentemente, com toda a razão, Miguel Sousa Tavares na sua crónica semanal, “Estamos a entrar na altura da época em que, para os grandes clubes, tudo se decide: o desfecho interno e o desfecho europeu de um ano. É nesta altura que, tradicionalmente, o [coiso] e os benfiquistas começam a dar sinais de nervosismo crescente. Sinais que este ano não são de nervosismo apenas, mas de verdadeiro pânico: o pânico de falharem mais uma época”.

 

 

De facto, tal como os dias a ficarem maiores, as andorinhas a esvoaçarem, as amendoeiras em flor, os morangos, a febre-dos-fenos, as Testemunhas de Jeová a calcorrearem as avenidas, fazendo concorrência aos Hélderes na sua azáfama evangelizadora, as bifas e os bifes descascados em tudo o que é superfície comercial, quando nós ainda andamos de pulloveres, há coisas que, nesta altura do ano, damos já por adquiridas.

 

Outrora também acontecia assim com o Natal…

 

A não ser como diz Sousa Tavares, como compreender um fulano, que há não muito tempo, no primeiro dia do ano dizia:

 

«É bom sinal, ter muitos jogos. Não é um problema, pelo contrário. Significa que ainda estamos em todas as competições. Há outras equipas que não podem dizer o mesmo... Por isso é motivador»;

 

E agora reformula para:

 

«Das duas equipas que estão na frente, aquela que sair mais cedo da Europa terá mais hipóteses de ganhar o campeonato»?

 

Ressaca do ano novo, no primeiro caso, e efeito dos anti-histamínicos no segundo?

 

Alguns adeptos, perspicazes, vão sabendo o que a casa gasta. Mas, como a solução não está nas suas mãos, longe disso, dedicam-se ao seu desporto habitual: lamúrias.

 

“Há o Proença treinador. Aquele que promete que está mesmo mesmo mesmo muito interessado no que os benfiquistas querem e o clube exige: ganhar o campeonato. Mas depois mete uma equipa em campo que entra sem quaisquer planos para o jogo, autista, arrogante, à espera do tempo para marcar um golo. Mete uma equipa em poupança porque afinal a Europa é que pode servir de ponte aérea para qualquer coisa. Proença só quer saber de Proença. Proença tem preferidos que deixa em campo, não interessa se a jogar bem ou mal. Proença tem jogadores de que não gosta especialmente, usando-os quando deles precisa, tirando-os mesmo quando estão a jogar melhor do que os seus preferidos.

 

Proença em 3 anos e meio nunca soube o que era jogar de forma inteligente. Proença atira os jogadores para um campo de futebol como se fosse uma pista de atletismo. 3 anos e meio depois, Proença espera que eles saibam, de repente, ter a bola para outras funções que não seja chegar à meta. Proença, se estiver a ganhar por 5-0, corre que nem um maluco no banco a fazer espectáculo (tão ambicioso que é Proença!, dizem os entendidos); Proença mirra e deprime no banco, quando a equipa precisa dele (pensador nato!, dizem os especialistas). Proença só vê Proença. O resto é pó de estrelas”.

 

O próximo passo, todos sabemos qual é, não é verdade?

 

Não vão por aí. É que nem pensem.
  
 

Afinal, a quem está no topo do mundo, não se vai pedir para descer, não é verdade?

 

E além disso, já reciclámos o Jesualdo, e vejam no que deu. Até do José Gomes fizemos campeão, caramba!

 

Mas há limites para tudo, e merda desse calibre, só mesmo no aterro sanitário.
  

Nota: E por favor, já que quanto à nossa língua não há grandes esperanças, ensinem o homem a falar castelhano, para não fazer as mesmas figuras que este outro:
  
 
No Irão pode-se beber álcool, ou só se fuma ópio?