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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Cai o pano sobre a taça latina, com passagem obrigatória pela latrina

02
Jul12

 

Sim, eu sei, não, não vou dizer, como o Vítor Espadinha, que “tudo são recordações”. Eu sei que tinha dito que me desinteressava da questão do Euro 2012.

 

Mas o que é que querem? Uma final sempre é uma final, e nem foram precisos caracóis, nem imperiais, para dar uma motivação extra, que isto, quando se têm miúdos pequenos em casa, a melhor maneira de não ter que alterar planos, é nem sequer perder tempo a fazê-los.

 

Pois é, embora contrariado, acabei por ver a final entre a Espanha e a Itália, quase toda, só falhei o último golo espanhol. Como seria de esperar, se se recordam do que escrevi no texto imediatamente anterior a este, confirmou-se integralmente o que então disse:

 

“os últimos acontecimentos encarregaram-se de deixar bastante claro o quanto (não) percebo até aos mais ínfimos pormenores, de tudo quanto ao jogo da bola diz respeito”

 

A Itália, ao contrário do que antecipara, não ganhou. A Espanha, que parecia ter terminado de bofes de fora o jogo contra nós, surgiu renascida e os italianos, que estiveram quase sempre por cima contra a Alemanha, é que pareciam estar todos rotos, e a lesão do Thiago Motta, não ajudou.

 

Acabou por triunfar a equipa que alterações menos significativas introduziu (a troca do ponta-de-lança, pelo pseudo-ponta-de-lança) em relação ao último jogo, como que a dar razão ao dito de que “em equipa que ganha, não se mexe”.

 

Salvo algum motivo de ordem física, cuja percepção foge ao alcance de quem está de fora, ou a mim, pelo menos, não percebi a troca do lateral-esquerdo italiano. O Balzaretti tinha estado bem contra os merkelianos, porque é que o treinador italiano foi mexer na equipa?

 

Que três centrais não eram necessários contra uma Espanha, que nem com um ponta-de-lança, na verdadeira acepção do termo, utilizou, parece evidente. Mas a Alemanha também só tinha um homem em cunha, e nesse jogo jogaram os três centrais (Bonocci, Barzagli e Chiellini), mais o Balzaretti.

 

Neste jogo, fazer do Chiellini defesa-esquerdo, soou-me um tanto ou quanto estapafúrdio. Mas enfim, não conheço os jogadores, nem o Prandelli, o suficiente para me pronunciar com mais propriedade sobre a matéria, como se tal fosse possível…

 

Pronto, venceu a Espanha, ganhou por 4-0, e triunfou bem. Uma final com dois finalistas latinos, e mais a equipa de arbitragem, também ela latina. A Europa do sul representada em grande no encerramento do Euro 2012.

 

Outro motivo que me levou a ver o jogo, foi o almoço que o antecedeu. Por imperativos familiares, que já mencionei também noutras ocasiões, almocei ao lado de dois benfiquistas. Com os amigos ainda podemos ter algum cuidado na escolha, a família não se escolhe.

 

Então quais foram os seus comentários mais relevantes em relação ao jogo? “O polvo Platini já escolheu quem vai ganhar”, e que os espanhóis terão ficado preocupados, quando souberam que o árbitro era o Pedro Proença, por ser conhecida a sua tendência para favorecer a equipa que veste de azul.

Perante isto, o que dizer? Vejo-me forçado a dar razão ao Miguel, quando diz no Tomo II, que entre os benfiquistas, há uma grande prevalência de indivíduos que personificam autênticos monumentos à estupidez.

 

A cegueira é de tal ordem que, em tão pouco, conseguem logo à partida contradizer-se. Então se o Platini escolheu o vencedor, e pelo que disse publicamente, se depreende que seria a Espanha, iria nomear em seguida um árbitro com uma extrema sensibilidade visual à cor azul?

 

Isto faz sentido? Não faz. Até admito que aqueles comentários tenham sido produzidos a título de brincadeira, tão descabidos e incoerentes que são, quando tomados em conjunto. 

 

Agora, o que não é brincadeira nenhuma é a aversão que os benfiquistas nutrem, afinal de contas, por um dos seus. E que agora, tornam extensível ao monsieur Platini, como que numa tentativa de globalizar (europeizar, seria mais correcto) a conspiração que os impede de chegar aos desejados títulos.

 

Não tenho nenhuma procuração para defender qualquer um dos dois, nem nenhuma particular predilecção por qualquer um deles, mas, porra pá, isto tem ponta por onde se lhe pegue?

 

O Pedro Proença beneficia o FC Porto? Aonde? No jogo da Supertaça contra o Vitória de Guimarães, onde deixou por marcar, pelo menos uns quatro penáltis a nosso favor?

 

Ou é ainda a propósito do jogo do golo em fora-de-jogo do Maicon? O tal em que o Pedro Proença errou ao longo de toda a partida, sempre para o mesmo lado, e não foi o que vestia de azul, e depois o árbitro assistente, lá meteu água a nosso favor, e deu-nos a vitória. É isso? É por esse jogo?

 

Serão coisas doutros carnavais? Ou será porque a recente nomeação de Pedro Proença para a final da Champions, e agora do Campeonato da Europa, contribui para deitar por terra e tornar cada vez menos verosímil a estratégia de descredibilização da arbitragem que insistentemente prosseguem?

 

Se falir o desejável quanto pior, melhor, como justificar o recurso a árbitros estrangeiros em jogos das ligas profissionais nacionais?

 

 

 

Como disse, não fui avençado para defender o Pedro Proença. Contudo, tenho-o em conta como sendo um dos poucos árbitros, que, errando, como todos fazem, não o faz deliberadamente. A maior parte das vezes dá a ideia de fazê-lo por excesso de autoconfiança, por ter-se em grande conta ou narcisismo, se quiserem, mas não intencionalmente.

 

A única vez que me lembro de ter contestado uma sua presença num jogo do FC Porto, foi pouco tempo após a eclosão do Apito Dourado, quando por alturas da sua nomeação para um jogo em que também intervinha a sua equipa, a mesma que o despreza, se ficou a saber que se constituíra assistente naquele processo.

 

Naquela altura, Apito Dourado era sinónimo de FC Porto. Alguém que era assistente no processo apitar aquele jogo, parecia um despropósito. Era meter a colher entre o acusado e o acusador.

 

Será isso que os benfiquistas não lhe perdoam? O ter sido o único árbitro que, sujeito à humilhação por eles patrocinada, de ver o seu nome envolvido no Apito Dourado, ousou reagir, ao contrário dos demais, que comeram e calaram, como de costume, e tomar parte no processo?     

 

Ora, se os benfiquistas o rejeitam, como também fazem com o Olegário Benquerença, e como de resto, com quase todos os árbitros internacionais, excepção feita aos casos do João “pode vir o João” Ferreira e do Bruno Paixão, quem é que querem ver a dirigir os seus jogos?

 

Sim, já sabemos: árbitros estrangeiros. Mas, e fora esses?

 

Hugos Miguéis, Vascos Santos, Marcos Ferreiras, Brunos Esteves, Hugos Pachecos? Porquê?

 

Esta é a “million dollar question”, cuja resposta nos pode levar, à velocidade da luz, do campo da mais pura e naïf estupidez, para a mais deslavada desonestidade intelectual. Por uma questão de mera higiene pública, prefiro mil vezes a estupidez.

 

No entanto, não posso deixar de notar, e achar estranho que pessoas, que reputo de inteligentes, e capazes de pensar pelas suas cabeças, num momento critiquem e digam que não concordam com a(s) estratégia(s) do presidente do seu clube, e a seguir, defendam ou repliquem posições idênticas, a propósito do Pedro Proença ou do Platini.

 

Há desejos que são inconfessáveis, porém, não deixam de ser desejos…

 

Desinteresso-me da questão

30
Jun12
 
Como se fizesse muita falta, os últimos acontecimentos do Euro 2012, encarregaram-se de deixar bastante claro o quanto (não) percebo até aos mais ínfimos pormenores, de tudo quanto ao jogo do pontapé na bola diz respeito.
 
Pus-me a gozar com o Balotelli, o Balotelli marca dois golos à Alemanha, é o homem do jogo e o herói da Itália.
 
Disse que a squadra azzurra era tecnocrática, à imagem do país ele próprio. Vai daí eliminam a Alemanha.
 
A Alemanha era a minha favorita para levar o Euro para casa, joga com a Itália, faz ainda pior que nós, que pelo menos fomos ao prolongamento e aos penáltis contra os campeões da Europa em título e do Mundo, e vai bardaMerkel, caim, caim, auf wierdersehen, goodbye!
 
O Platini queria a Espanha e a Alemanha na final. Vá lá, safou-se, leva a Espanha, e já não fica mal.
 
O árbitro turco estava feito para nos tramar. Só com muito boa vontade é que podemos pensar nisso. O homem até mandou o Ronaldo repetir um livre, três metros mais à frente, por na primeira tentativa a bola esbarrar no braço de um adversário! Por cá, talvez nem todos assinalassem.
 
A Alemanha teve um árbitro francês, na meia-final contra a Itália. E nem assim.
 
As duas equipas com menos tempo de descanso antes da meia-final passaram. As que descansaram, foram de vela. Descanso a mais.
 
As duas equipas que não jogaram em 4x3x3 passaram. As que jogaram em 4x3x3, ficaram apeadas.
 
As duas equipas do famoso "grupo da morte", morreram na praia. As outras, do outro grupo, que até tinha a fairplayer Irlanda, vão à final.
 
A equipa dos quatro semi-finalistas, que menos pontos fez na fase de grupos, a Itália, eliminou a Alemanha, que foi a que fez mais.
 
A Itália não tem nenhum ex-Bola de Ouro, nem nenhum candidato potencial, a não ser, num long shot, o Pirlo. A Alemanha também não. A Espanha está cheia de candidatos, e nós temos um ex e sempiterno candidato.
 
Ainda assim, para mim, depois de eliminar a Alemanha, a Itália é sem dúvida a grande candidata ao título. E nem quero cá saber de tácticas, de cuidar se os espanhóis estão derreados ou não. É porque é.
 
Quando as coisas chegam a este ponto da prova, nestes termos, são onze de cada lado, e a Itália é campeã. Não é nada de novo, e vai voltar a ser assim.
 
Tudo isto faz tanto sentido como o "The Meaning of Life" dos Monty Phyton, por isso, desinteresso-me da questão.
 
Amanhã é a final? Muito obrigado. Já vi o Espanha x Itália da fase de grupos, e chega.
 
Os meus votos de uma excelente partida para o Pedro Proença. Portugal ainda marca presença no Euro. Cuidado Pedro, parece que o Colombo era genovês!
   

 

 

"O único português que ainda ficou na Ucrânia arranjou maneira de ver a final à pala. Chama-se Pedro Proença e vai apitar o jogo. Quase sem dinheiro, Proença pensava regressar a Portugal à boleia, mas é conhecida a capacidade dos portugueses de se desenrascarem.

 

«Disse-lhes que era árbitro», explica Pedro Proença, que nem sabe o que é um fora de jogo. No entanto, a UEFA achou piada ao facto de aparecer ali assim um árbitro, com a mochila às costas, e perguntou-lhe se aceitava apitar o jogo em troca de um quarto de hotel e refeições, ao que Pedro Proença disse: «Combinado!»"

 

(Fonte: Imprensa Falsa)


Nota: Se porventura, o jogo da final vier acompanhado por uns pratinhos de caracóis, e regado por umas imperiais, até sou capaz de dar uma vista de olhos. Nesse caso, segunda-feira talvez me debruce, cuidadosamente, sobre o tema para encerrar o capítulo do Euro 2012.

 

Nota2:Este texto era para ter sido escrito ontem, mantendo assim alguma actualidade, mas por falta de tempo, só o consegui concluir hoje.

Com tranquilidade, assim fomos…

28
Jun12
 

…de barco.

 

Era expectável. E no entanto, superou as minhas melhores expectativas.

 

Quando começou o Euro 2012, em conversa com o meu colega de sala, perguntava-me ele se tinha esperança de que fizéssemos alguma coisa de jeito.

 

Respondi-lhe que ia ver como é que corria a fase de grupos. Se ultrapassássemos o tal “grupo da morte”, talvez me motivasse para pensar no assunto.

 

Enganei-me. Depois daquele arranque titubeante contra a Alemanha, o segundo jogo, contra a Dinamarca, naquele que foi para mim o ponto alto da nossa participação, deixou-me francamente entusiasmado.

 

Vencer naquela partida, apesar dos dois falhanços do Cristiano Ronaldo, marcou assim a modos que uma emancipação da ronaldodependência, que não suporto, por muito bom que o rapaz seja.

 

Veio em seguida a Holanda, e fizemos aquela que era, no mínimo dos mínimos, a nossa obrigação perante uma laranja por demais espremida.

 

Contra os checos cheguei a ficar preocupado. À partida, se havia jogo que poderíamos encarar com algum favoritismo, seria esse. E era esse o problema. Tanto eu, como o tal meu colega, estávamos à partida confiantes de que íamos passar às meias-finais.

 

Quando ele e eu concordamos em alguma coisa, é mau sinal. Como diria a minha Avó, “está algum pobre para ficar sem burro”! Nessa semana estivemos em consonância por duas vezes: aí, e a torcer pela vitória do Sporting na final do futsal.

 

No caso dele, é natural, pois é sportinguista. No meu, nem tanto, e daí a preocupação.

 

Passada que foi a República Checa, naquela que terá sido, para mim, a nossa melhor exibição, vieram os calamares.

 

Caramba! Perder nos penáltis com a selecção campeã da Europa em título, e campeã do Mundo, não deslustra ninguém.

 

Fomos de barco, sim senhor, mas de cabeça erguida, com dignidade, tranquilidade, q.b., e acima de tudo, sem scolarices.

 

Podia ter sido melhor? Talvez. Devia ter entrado o Varela, para o lugar do Hugo Almeida? É provável. E porque não o Quaresma? O Miguel Veloso devia ter saído mais cedo? Acho que sim.

 

Aqui chegados, entramos, como de costume, no domínio dos “ses”. “Se o Bruno Alves não tem marcado o penálti…”

 

Como dizia um primo meu, quando éramos putos: “Se a minha Avó tivesse rodas, dava um belo autocarro”.

 

Nunca entendi o que queria dizer. Só tínhamos uma Avó em comum (que não a do burro, citada acima), e nunca a vi assemelhar-se a um autocarro. Muito mais a um Ferrari.

 

Aliás, fazendo um paralelismo com a reconhecida fiabilidade dos cavallini rampanti, as 99 primaveras atestam o meu ponto de vista.

 

Quando, após o jogo, comecei a ouvir comentários daquele género a propósito do penálti não concretizado pelo Bruno Alves, sai porta fora.

 

Se, se, se, se…sempre um “se” no caminho, como dizia o Represas, nos seus tempos da “Saudade” e dos Trovante.

 

Estes comentadores encartilhados são capazes de construir tantas teorias, que deveriam ser obrigados a possuir um alvará, como os construtores civis. Fica aqui a sugestão ao ministro Gaspar.

 

É o cartão amarelo mostrado ao Busquets, que só é mostrado, depois da prévia confirmação pelo árbitro turco, que, ao contrário de algumas previsões apocalípticas, até não esteve mal, de que ainda não fora amarelado. Senão, não mostrava…

 

É o Custódio que vai entrar, e claro está, quem é o candidato n.º1 a sair? O Raul Meireles! É sempre o suspeito do costume. “Ah, e tal, o Paulo Bento não vai fazer uma troca directa, blá, blá, blá!”.

 

Pois é, nas outras vezes saiu o Meireles, e avançou o Veloso. É verdade. Mas este não é o Meireles que, a custo, só aguentava 70 minutos com o Jesualdo Ferreira, e além disso, toda a gente estava a ver - toda não, havia ainda uns irredutíveis comentadores que não viam - que o Veloso não podia com uma gata pela bunda.

 

Pimba! Ora, tomem lá a troca directa: sai Veloso, entra Custódio. É pá, apetece dizer: “Deixem jogar o Meireles”!

 

[em boa verdade se diga, que o Meireles deve ter durado até sair, para aí mais dois minutos depois disso]

 

Infelizmente, a única certeza que se foi formando no meu espírito, à medida que se iam sucedendo os jogos, é a de que, só muito dificilmente e com muita sorte à mistura, o João Moutinho permanecerá muito mais tempo entre nós.

 

Tanta publicidade à volta do Nelson Oliveira, e quem dá nas vistas é o nosso jogador.

 

O seleccionador ainda fez a vontade à trupe de comentadores, e meteu o rapaz. Debalde, porém. Na realidade, nos jogos todos em que participou, acho que lhe vi um passe de jeito. Ontem então, nada de nada.

 

Com uma agravante. Enquanto o Hugo Almeida, que tanto gostam de criticar, jogou na segunda parte a extremo-esquerdo, e até safou bolas na defesa, como, sei lá, o Ronaldo, por exemplo, nunca se dignou a fazer, o Nelson Oliveira, que até brilhara no tal mundial da Colômbia, em arrancadas a carrilar jogo pela direita, entrou para jogar ao meio (ou alternar com o Ronaldo, à esquerda).

 

E ainda assim, népia.

 

Por outras palavras, está-se mesmo a ver que vai ficar fazer companhia ao Cardozo, ao Rodrigo e ao Kardec. São quase tantos pontas-de-lança, como nós temos guarda-redes. Mas ainda assim ganhamos.

 

Por um lado, até nos favorece: é menos dinheiro a entrar nos cofres depauperados do nosso rival. Por outro, aqui na santa terrinha, o rapaz ainda é bem capaz de nos lixar, e marcar alguns golos.

 

Bom, mas isso são contas do rosário da liga portuguesa, e como tal ficam para daqui a umas semanas.

 

Dito isto, bem jogado rapazes. Venham lá de férias, que são merecidas!
 
 

Os que fazem rimar juiz com meretriz

27
Jun12

Algo me diz que a nossa comunicação social desportiva, ou parte dela, aquela que tem mais a ver com periquitos e gaiolas, se está a sentir em casa lá para as bandas da Polónia e da Ucrânia.

 

Ao contrário do que por aí vi escrito, parece-me perfeitamente compreensível e legítima, a apreensão manifestada pela nomeação do árbitro turco Cuneyt Çakir, para a nossa meia-final.

 

 

 

Quem não fica apreensivo depois de saber que, afinal, o “Presidente do comité de árbitros da UEFA é espanhol e vice-presidente é turco e amigo do Barcelona e da UNICEF”.

 

Pior, quando lhe falta esse selo indelével de garantia, que é o “Cuneyt pode vir o Cuneyt”, e ao que consta, não figura na lista de contactos do Paulo Pereira Cristóvão, do Miguel Relvas ou de qualquer espião da Ongoing.

 

Mais grave ainda, ouviram-se zunzuns de que, um dia, quando colocado ao estilo linha de reconhecimento policial, perante três fotografias de Jorge Nuno Pinto da Costa, foi capaz de identificá-lo numa delas, como sendo presidente de um clube de futebol de um País qualquer, começado por “L”. Lissabon, Lisbon, ou qualquer coisa do género…

 

Fica-lhes bem este assomo patrioteiro de preocupação, que tornado extensível a todos nós, “Portugal indignado”, nos coloca mesmo à mão de semear um excelente bode expiatório, para o caso de as coisas não correrem pelo melhor logo ao fim da tarde.

 

E, vindo de quem vem, é claro que é para ser levado com a devida seriedade, pois é oriundo de gente que sabe do que fala. Convirá ter em conta que estamos perante jornalistas que, nas suas lides caseiras, estão habituados a obrar com este tipo de situações e a olhar despreocupadamente para o outro lado, quando as coisas se fazem “pelo outro lado”, e eles próprios participam em repastos onde são congeminadas as estratégias nesse sentido.

 

Porém, chegam tarde. Ainda o Euro 2012 mal tinha começado, e já as simpáticas raparigas ucranianas, activistas do grupo FEMEN, haviam exposto os seus argumentos, e dito de viva voz, não à prostituição e outras formas de exploração.

 

 

 

Confesso o meu total desconhecimento sobre o efeito que este protesto terá eventualmente surtido entre as(os) profissionais encartadas(os) do ramo.

 

A avaliar pelo rebanho transumante de ruminantes, entre os quais repórteres, correspondentes, enviados especiais, comentadores e outros, que entre a Polónia e a Ucrânia, procuram pasto, ora para alimentar as páginas do papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos onde escrevem, ora para que, volta e meia, um qualquer pirómano venha e se encarregue de lhe puxar fogo, não terão sido inteiramente bem sucedidas na tentativa de banir a mais velha profissão do Mundo deste Euro.

 

Prostitutas e putas, por prostitutas e putas, antes estas que aqueles(as) que, sendo incapazes ver o que os rodeia, sem que seja como um reflexo dos seus próprios umbigos, persistem em confundir juízes, ou neste caso árbitros, com meretrizes.

 

Deixem-se de tretas, e façam como o Rui Santos. Esse, pelo menos, é capaz de distinguir sem espinhas a realidade uefeira da nacional.

 

 

Logo, é mais do mesmo...

 

Onde é que estão as bananas?

26
Jun12

Numa altura em que o Paulo Bento deve andar, tranquilamente, de cabeça à nora, a tentar deslindar se o tiki-taka espanhol é, afinal, uma estratégia ofensiva, para desequilibrar o adversário, ou defensiva, sonegando-lhe o esférico, para assim, repousar com a sua posse.

 

Quando o impacto dos diferentes tempos de recuperação entre jogos das selecções semi-finalistas, ainda está por adivinhar, reparem como o Balotelli treina afincadamente para recuperar do esforço dispendido no jogo anterior.

 

 

Ora, digam-me lá se não é de atirar um cacho de bananas a este gajo? Ou coisa pior!

 

...e, já agora, se não ficaríamos melhor servidos com "esta" Itália?

O Euro da crise do euro

25
Jun12

Mais uma deslocação à capital do Império, que veio interpor-se entre mim e o computador, impedindo-me de comentar em devido tempo a passagem da nossa selecção às meias-finais do Euro 2012.

 

Depois, meteu-se o fim-de-semana. Ai, os fins-de-semana…A partir de que idade é que se podem mandar miúdos para colégios internos, de preferência na Suiça, ou coisa que o valha?

 

Para completar o bouquet, nunca mais acaba este maldito vento que ainda espalha os restos de polén primaveris, e que me acicata a maldita da rinite alérgica. Por isso, é ainda sob efeito do anti-histamínico que escrevo hoje. Dêem-me um desconto, ok?

 

Chegámos então às meias-finais do Euro. Quando digo “chegámos”, refiro-me aos três PIIGS, ainda em prova, a saber: Portugal, Itália e Espanha.

 

A Irlanda e a Grécia foram-se, e de PIIGS, ficámos com PIS. Não deixa de ser igualmente sugestivo, mas lá mais para os lados da Bélgica, que nem da qualificação passou…

 

 

Foi engraçado ver a chanceler Merkel a vibrar com os golos da sua manschaft, indo ao encontro dos PIS latinos, preguiçosos, folgazões e com muitos feriados nos seus calendários.

 

Que plano de saneamento financeiro será capaz de sobreviver a uma vitória de qualquer um destes países sobre a Alemanha? A troika permitirá esse tipo de veleidades?

 

A selecção alemã terá feito por cumprir os desejos subliminares mais recalcados (ou talvez não!) da chanceler e, talvez, de muitos dos seus compatriotas, e recambiou para casa a Grécia do engenheiro do penta. Não podendo, fazê-lo do euro, em nome da estabilidade monetária, fê-lo do Euro.

 

E a aproveitar de caminho para descansar a linha avançada, outrora titular.

 

Diga-se em abono da verdade, que se a presença da Grécia nos quartos-de-final foi de bambúrrio, nas meias-finais seria de bambúrrio, elevado a um expoente que tenderia para o infinito.

 

Nós fizemos a nossa parte. A República Checa foi fraquinha. Mais fraquinha do que contra a Polónia. Sem o Rosicky, não há por ali quem se habilite a pegar no jogo, e tanto o Jirácek, como o Pilar, não se viram.

 

Tinha visto bocados dos jogos em que os checos derrotaram os anfitriões polacos e os gregos, e muito sinceramente, o que mais me impressionou nesses jogos, para além dos dois jogadores que mencionei acima, e do lateral-direito, o tal com nome de maratonista etíope, foi a capacidade física. Corriam como autênticos papa-léguas.

 

Aliás, essa foi uma característica que as equipas deste grupo, com excepção da Grécia, todas revelaram. O bocadinho que vi do Rússia x Polónia, deixou esfalfado!  

 

Pois é, os nossos amigos checos tiveram o azar de, numa daquelas conjugações astrais, tão pouco frequentes como o alinhamento de Júpiter com Saturno (ou Marte, tanto faz, que não percebo peva disso!), apanhar com uma selecção portuguesa onde todos estiveram bem.
 
 

 

 

Até o Hélder Postiga, ao lesionar-se e dar espaço para a entrada do Hugo Almeida. É verdade, se o Nelson Oliveira é tão bom, porque é que não entrou ele para o lugar do Postiga?

 

Gosto muito do Hélder, mas o Bombardeiro, naquela equipa faz toda a diferença. Cria uma ruptura com o estilo de jogo, e impõe-se fisicamente como, nem o Postiga, nem o Nelson Oliveira são capazes de fazer.

 

O jogo rendilhado da selecção, com qualquer um dos dois tem tendência para afunilar-se, e qualquer defesa que lhe apanhe o jeito, está nas suas sete quintas e dificilmente abrirá brecha. Com o Hugo, por muito pouco que faça, por muito que falhe ou que caia em fora-de-jogo, o físico desgasta e arrasta os defesas, permitindo entradas, olha, como a do golo do Cristiano. Que coincidência!

 

Por mim, mantinha a aposta contra um Piqué, com a cabeça na Shakira (vá lá, não se ponham com trocadilhos de cabeças!), e um Sérgio Ramos, que é uma espécie de enxerto a central.

 

Mas, como eu dizia, deu-se o caso de, contra a República Checa, todos terem estado bem. O João Pereira, teve os seus lapsos sempre que tentou partir para a ofensiva, mas, defensivamente anulou o homem que lhe apareceu pela frente.

 

Do outro lado, o Coentrão bem, dentro daquilo que vem fazendo. Os centrais, impecáveis, mas o Baros também não lhes deu muito que fazer.

 

No meio-campo, o preterido pelo Carlos Queirós(oz), João Moutinho, do costume. O bundão do Scolari, a jogar, e pasme-se, bem. Tanto a trinco-trinco, como quando subiu ligeiramente no terreno, após a entrada do Custódio. E o Raúl Meireles, a fazer o seu melhor jogo.

 

No ataque, o Ronaldo em bom nível, acompanhado por um Nani, melhor do que contra a Holanda, ainda que abaixo do que fez aquando do embate com a Dinamarca.

 

Agora com a Espanha como será? Os centrais sem avançado fixo a quem marcar. O que fará o João Pereira se apanhar com o Pedro Rodríguez, chato e extremo a sério, em vez do Iniesta, sempre a fugir para dentro do terreno?

 

O Cristiano Ronaldo irá acompanhar o Arbeloa, ou irá deixar o Coentrão, o Moutinho e o Veloso a haverem-se com ele, e mais com o David Silva e o Xabi Alonso, a entrar pelas costas?

 

Ouvi ontem o Del Bosque a queixar-se/comentar que a Espanha iria ter menos quarenta e oito horas para recuperar que a nossa selecção. E precisa?

 

Aquele jogo com a França - que decepção foram os gauleses – não me pareceu ter exigido assim tanto, como tudo isso, da La Roja.

 

Entre falhas de marcação e de posicionamento, pouca vontade, e três médios defensivos, mais o Clichy, a marcar à zona o Silva, e a esquecer-se do Xabi, como no golo, os azuis foram decepcionantes.

 

O I que faltava ao PIS era a Itália. Contra uma Inglaterra fora do euro, e que agora está também de malas feitas do Euro, uma squadra azzurra à imagem do País: tecnocrática.

 

Perante isto, o rasgo só podia sair de onde saiu, dos pés do Pirlo, com aquela panenkada (ou terá sido, postigada?) que desmoralizou os bifes. No entanto, nota-se que os trinta e três anos já pesam, e não necessariamente apenas no prolongamento. Vê-se que a equipa se ressente disso.

 

Depois, com aquele Ballotelli a desperdiçar lá adiante, não há muito mais que fazer. É aguentar estoica e tecnocraticamente o balanço. Ontem os ingleses também não tiveram rasgo para mais.

 

É difícil, convenhamos, quando se deixam os dois avançados à mercê de três centrais italianos, e o único fulano que parecia capaz de levar a bola para a frente era o Steven Gerrard, que durou, enquanto durou (sessenta/setenta minutos, não apontei).

 

Parece-me que vai estar nas nossas mãos (ou melhor, pés), deitar por terra a vontade de monsieur Platini.

 

Oxalá mandem o embaixador Eusébio convalescer para casa, para ver se toda a gente se concentra no que é essencial, que para substituir o Postiga, já chegam o Hugo Almeida e o Nelson Oliveira.

O eterno brilho de uma mente imaculada

21
Jun12

 

"Parece evidente que Michel Platini parece preocupado com as dinâmicas de controlo da arbitragem. Porquê? Toda a gente já entendeu. A situação é tão anacrónica que já se tornou ridículo.

Os árbitros, nos Campeonatos da Europa, estão sob a tutela da UEFA. São homens, têm ambições, querem dirigir jogos, querem ser promovidos. Estão na ‘bolha’ de Platini. No mínimo, sugestionados. O futebol vai perder toda a sua credibilidade (que já não é muita) se Platini continuar na senda da aquisição de um poder incontrolável. À custa das receitas que a UEFA proporciona às Federações, uma forma de comprar o silêncio. As Federações comportam-se como cãezinhos amestrados, que dão a pata perante a ordem do dono. E assim ‘o maior espectáculo do Mundo’, sem regulação nem capacidade de se regenerar, vai perdendo o primacial valor da reputação".

 

A mente não só brilhante, mas também sem sombra de mácula, que produziu estas afirmações, assim, sem o menor rebuço, foi a mesma que igualmente, do alto do pedestal etéreo da sua verdade desportiva, diz e repete com mais frequência do que, se calhar, deveria, que "[n]a dúvida os árbitros beneficiam o FC Porto".

 

 

Será que o raciocínio agora produzido, só se aplica às competições da UEFA e ao Sr. Platini?

 

Será Rui Santos capaz de transpor aquelas afirmações para a realidade nacional?

 

Se for, como é que os seus dois corolários se concatenarão coerentemente?

 

A quem pertence a "bolha" da arbitragem no futebol português?

 

Por acaso foi o FC Porto que apoiou a candidatura de Fernando Gomes à presidência da Liga de Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), incluindo Vítor Pereira nas suas listas?

 

Por acaso foi o FC Porto que apoiou a candidatura de Fernando Gomes à presidência da Federação Portuguesa de Futebol, abdicando inclusivamente de sponsorizar um candidato das suas próprias cores?

 

Que eu saiba o FC Porto limitou-se a apoiar, em teoria, conjuntamente com os outros dois grandes, na prática, pelo menos com um deles, a candidatura de Carlos Marta à presidência da LPFP, que agora já não risca nada.

 

Quem é que tem a fama, e não tem mais frequentemente o proveito, apenas porque, lá está, há o FC Porto de permeio, de "fazer as coisas pelo outro lado"?  

 

Porque é que a verdade desportiva que Rui Santos revê nos comportamentos da UEFA e do Sr. Platini, é diferente daquela que observa entre portas?


Nota:  O título deste texto, é a tradução da minha lavra, do título do filme The Eternal Sunshine of the Spotless Mind, um filme perturbante, embora menos que o Rui Santos, com o Jim Carey e a Kate Winslet em registos que não são nada habituais.

Dos bons rapazes não reza a história

19
Jun12

Antes que a Suécia me estrague os planos, deixem-me fazer um elogio às duas equipas que, até agora, partiram do Euro, sem qualquer ponto na bagagem: a República da Irlanda e a Holanda.

 

São duas equipas parecidas, ainda que não tenham nada que ver uma com a outra.

 

Os holandeses tiveram um percurso quase imaculado na qualificação: nove vitórias e apenas uma derrota, e essa, no último jogo da qualificação, com o apuramento garantido, e contra a Suécia, que terminaria em segundo lugar.

 

Tudo isto, num grupo que ainda incluía a Hungria, a Finlândia, a Moldávia e São Marino, que terminou com zero pontos em dez jogos.

 

Do lado irlandês, as coisas não foram tão lineares. Uma derrota e três empates garantiram o segundo lugar no grupo, onde também entraram a Rússia (1.ª classificada), Arménia, Eslováquia, Macedónia e Andorra, e a presença no playoff, contra a Estónia, que sucumbiu por 5-1.

 

No apuramento, os rapazes do velho Trap, empataram duas vezes com a Eslováquia, e com a Rússia, fora de casa, sendo a sua única derrota sofrida em casa, precisamente contra esta última. 

 

Digamos que a obtenção do passaporte irlandês para o Euro, não teve por diante obstáculos de grande monta.

 

Por outro lado, não têm comparação os nomes que constam na lista de convocados da selecção holandesa, com os da Irlanda. E não me refiro apenas à grafia!

 

Porque digo então que são parecidas as equipas destes dois Países?

 

Fundamentalmente porque são constituídas por bons rapazes. Do lado dos irlandeses, penso que não haverá dúvida quanto a isso, e o sentimento estender-se-á necessariamente aos adeptos nas bancadas.

 

Na banda holandesa, nem tanto, e até há por ali alguns maus feitos, e pelos vistos, como é hábito na equipa das tulipas, egos hiperdesenvolvidos.

 

Refiro-me a uns e a outros como “bons rapazes”, porque de um lado e outro, dão um sentido absolutamente contrário àquela expressão de que “o todo vale mais do que a soma das partes”.

 

 

  

São dois casos completamente paradigmáticos do contrário. Os irlandeses, quando miscigenados nas equipas da Premier League, ou outras quaisquer, transportam consigo a irreverência que lhes é característica, os que têm tendências mais artísticas (Robbie Keane ou Damien Duff, por exemplo), ou a fibra gaélica, naqueles mais de quebrar do que torcer, como o granítico Dunne, por exemplo.

 

Quando os juntamos todos, numa única equipa, nem o Trapattoni os consegue por todos a puxar para o mesmo lado.

 

Se, do Mundial foram eliminados da forma como foram, pela mão do Thierry Henry, e ficou a pairar no ar a sensação de injustiça, agora, ou pioraram muito desde então, e muito sinceramente, não me lembro dessa selecção de 2010, ou então, não se terá perdido grande coisa.

 

 

Quanto aos holandeses, desde que me lembro, são recorrentes em grandes competições, os problemas gerados pelos egos dos jogadores. Ou estão juntos, e arrasam, ou nada feito. De que outra forma se poderá compreender a paupérrima prestação do vice-campeão do Mundo, neste Euro?

 

A equipa não mudou tanto assim. Quanto muito, estarão todos dois anos mais velhos, e alguns, como o Robben ou o Van Bommel, em baixo de forma.

 

Esta selecção fez-me espécie, quando a ponho em perspectiva perante a do Rinus Michels, de 88, e mais ainda quando penso que aquela equipa foi outrora apelidada de “Laranja mecânica”, que nunca vi jogar, mas em relação à qual tenho uma curiosidade enorme. Gostava de perceber o que era isso do “futebol total”, que já vi explicado em vários sítios e de várias maneiras, mas parece-me que só mesmo vendo se consegue entender.

 

A nós não nos calhou mal. Entre a luta de egos e as asneiras do treinador, fizemos a nossa parte, e eles foram de barco, o que até não é mau para os canais de Amsterdão.

 

Agora, do nosso lado, será bom não esperar que o treinador checo também coloque à frente do João Pereira, um médio organizador de jogo, com tendência para ir para dentro e destapar o flanco.

 

Que do outro lado, coloque outro médio, mais ou menos com as mesmas características, incapaz de aproveitar a nula propensão do Ronaldo para defender, e que em vez de se juntar ao extremo desse lado, para colocar debaixo de fogo o Coentrão, também flita para o meio.   

 

Ou no meio da frente de ataque, uma torre como o Huntelaar, para o Bruno Alves meter no bolso. A República Checa do Bilek, não é esta Holanda. A bem dizer, acho que nem a Holanda…

 

Fica feita assim uma singela homenagem a estas duas equipas. Uma simpática, porque lhe está na natureza, e à outra, porque oportunista e cinicamente, até nos calhou bastante bem.

 

 

 

 

Porque falha o Cristiano?

15
Jun12

 

 

Tem sido abundante e fecunda nos últimos dias a discussão sobre os sucessivos falhanços do capitão da nossa selecção, em primeiro lugar, no recente jogo contra a Dinamarca, e em geral, quando chegado o momento de disputar este tipo de competições.

 

As teorias e hipóteses são mais que muitas, e as comparações com o seu rendimento no Real Madrid, tornam-se inevitáveis.

 

Confesso que, perante tantas e tão doutas opiniões, não me sinto habilitado a participar em tal debate. Acho simplesmente que falha, porque falha. Está lá, e falha. Acontece, e só acontece aos que lá estão. O porquê, interessa-me, mas não o sei.

 

Por isso mesmo se tornou irresistível o desafio de o tentar desvendar. Recordei-me então o que um dia, do alto da sua grandiloquência, disse sobre o Cristiano Ronaldo, esse grande vulto do futebol mundial e defensor “duis seus mininos”, Luiz Filipe Scolari:

 

"Têm inveja do Ronaldo porque ele é grande, bonito e come todas"

 

Será isso que inibe e condiciona o nosso capitão? Será que lhe está a faltar alguma?

 

Acaso será esta?

 


 
 
   
 
 

Nota1: A associação de factos, pessoas e acontecimentos acima produzida, sob a forma de insinuação que alguns poderão tomar por vil e torpe, teve apenas por objectivo introduzir uma nota, eventualmente fracassada, de humor e dar, para o menino e para a menina, de modo a obviar reclamações, um toque de beleza a este espaço, as mais das vezes taciturno e sorumbático, sendo do meu total desconhecimento a sua plausibilidade;

 

Nota2: Não recebi qualquer tipo de apoio financeiro das marcas em causa para aqui inserir aquela fotografia e vídeos, embora não me importasse nada de o ter recebido, e seja hipótese sempre aberta a conversação.

 

 

A academia da fruta podre

14
Jun12

Paulo Futre. Dani. Luís Figo. Simão Sabrosa. Ricardo Quaresma. Cristiano Ronaldo. João Moutinho. Miguel Veloso.

 

Paulo Futre, aos 18 anos não teve problemas em voltar às escondidas as costas ao clube, transferindo-se para o FC Porto, a troco da titularidade e de uma conta bancária com mais zeros.

 

Dani, as noitadas e as festarolas nunca o deixaram ser jogador de futebol. Nem uma passagem pelo Ajax o endireitou.

 

Luís Figo, a sua saída do Barcelona fez dele um dos mais famosos peseteros de sempre do futebol espanhol. Abandonos e regressos à Selecção, rezas à Nossa Senhora do Caravaggio no balneário e pequenos-almoços com candidatos a Primeiros-Ministros, fazem também parte da sua imagem de marca.

 

Simão Sabrosa, mal aterrou no outro lado da Segunda Circular, apressou-se a proclamar que, agora sim, estava num clube grande.

 

Ricardo Quaresma, nunca compreendi como é que o Jesualdo Ferreira aturou, impávido e sereno, mau feitio, birras constantes, e o jogar quando e como muito bem lhe apetecia.

 

Cristiano Ronaldo, eleito melhor do Mundo, não teve pejo em fazer a vida negra ao Sir Alex Ferguson e deitar a perder uma final da Champions, mal o Real Madrid lhe acenou.

 

João Moutinho, a maçã podre por excelência.

 

Miguel Veloso, todos se recordarão das desavenças com o actual seleccionador, na época que antecedeu aquela em que obteve a desejada carta de alforria, precisamente porque se queria ir embora.

 

Todos eles jogadores formados, se não na celebradíssima Academia, nas escolas do Sporting.

 

João Rocha, Amado de Freitas, Jorge Gonçalves, Sousa Cintra, Santana Lopes, José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco, José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes, passaram pela presidência do Sporting nos últimos trinta anos.

 

Há ali exemplares para todos os gostos dessa raça tão característica da fauna avícola do nosso País, o pato bravo. Escroques, banqueiros trapaceiros, típicos self-made mens tugas, políticos, velhotes pataratas e testas-de-ferro, à discrição.

 

Nesse mesmo lapso de tempo conquistaram três campeonatos/ligas, cinco Taças de Portugal e sete Supertaças Cândido de Oliveira.

 

Talvez por isso, contam com adeptos como José Diogo Quintela ou Daniel Oliveira, lídimos representantes dessa espécie, que começa a estar tão em voga na nossa flora hortofrutícola, a melancia.

 

Ainda recentemente, por imperativos de ordem familiar, assisti ao segundo jogo da final do campeonato de futsal, entre Sporting e outra equipa da capital, na companhia de seis benfiquistas e dois sportinguistas. Por incrível que pareça, vibrei e gozei mais com a derrota de uns, do que os adeptos daquele clube com a sua vitória.

 

Vejamos agora a nossa Selecção Nacional. O treinador, para além de duas Taças de Portugal e duas Supertaças Cândido de Oliveira, foi campeão nacional de juniores, sempre ao serviço do Sporting.

 

A equipa técnica, é, mais coisa, menos coisa, a que o tem acompanhado, enquanto treinador principal.

 

Dos 23 jogadores que estão no Euro, dois guarda-redes, Rui Patrício e Beto, foram formados em Alvalade.

 

Da equipa titular, dois dos médios também são provenientes da mesma escola, Miguel Veloso e João Moutinho. Nos suplentes, estão mais dois, Custódio e Hugo Viana.

 

No ataque, obviamente, o Cristiano Ronaldo e o Nani, no onze, e no banco, Silvestre Varela e Quaresma.

 

São dez jogadores em vinte e três. É obra. A título de comparação, formados no FC Porto, temos apenas o Bruno Alves, o Ricardo Costa, o Hélder Postiga e o Hugo Almeida, e no clube mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, o João Pereira, o Miguel Lopes e o Nelson Oliveira.

 

Dos formados sobre os auspícios verde-e-brancos, apenas o Rui Patrício continua lá pelos lados da Calimeroláxia, mas ao que parece, e pese embora a recente renovação de contrato, o desejo é vê-lo pelas costas, que a falta de pilim fala mais alto.

 

O que é quero dizer com isto tudo?

 

Muito simples, antes que, caso as coisas corram pelo melhor à nossa selecção, e esperemos que assim seja, este tipo de conversa sobre a proveniência dos heróis, acidentais ou não, venha à baila, como agora fizeram questão de lembrar a propósito do Silvestre Varela, convirá ter presente que há sempre um reverso para cada medalha.

 

 

Socorrendo-me de um autor muito querido do nosso presidente, José Régio, e do seu “Cântico Negro”, direi a propósito do historial daquele clube:

 

“Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!”