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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Nome de código: Operação Federação

12
Fev13

Lisboa, 06:57 (ow six hundred hours and fifty seven minutes, local time)

 

A coberto do lusco-fusco matinal, o comando de assalto das maléficas forças do norte, toma posição num edifício defronte do n.º 58 da rua Alexandre Herculano.

 

Lisboa, 07:00 (ow seven hundred hours, local time)

 

Go, go, go, go, go. Operação em curso.

 

 

Lisboa, 07:23 (ow seven hundred and twenty three minutes, local time)

 

Operação concluída com sucesso, dentro do horário pré-estabelecido. Bute aí emborcar uma ginjinha no Terreiro do Paço.

 

Sem falhas, OKilled! Perfeição total.

 

"Assalto bizarro à sede da Federação Portuguesa de Futebol"

 

Foram subtraídos com uma precisão tão cirúrgica como as faltas do Matic ou do Maxi Pereira, apenas os computadores do presidente e da sua assistente.

 

“Que aprendam alguma coisa com os dados a que tiverem acesso” – é o desejo expresso pelo presidente, que acrescenta:

 

“Não sei, nem me interessa, quem terá encomendado este crime. Mas posso dizer a essas pessoas que o fizeram que as estratégias de intimidação ou tentativas de me desviar do meu objectivo de lutar por um futebol cada vez melhor não surtirão qualquer efeito”.

 

Aqui começam as questões e as dúvidas existenciais:

 

“Crime encomendado”? Se é crime, e ainda por cima, encomendado, então interessa e muito, saber quem o encomendou. Como se fosse preciso.

 

Porém, as autoridades competentes estão em campo. Descansemos então.

 

Não consigo. A quem poderá interessar este crime? Que processo tão importante estará para ser decidido brevemente?

 

Os das equipas B do Sporting e do Marítimo, e de outra equipa foram arquivados em inquérito.

 

O SC Braga queixa-se de que, no seu caso, nem inquérito foi aberto.

 

Há mais alguma coisa por decidir? Algo que devia estar decidido e encerrado à coisa de uma semana atrás?

 

 
 

Haverá por aí algum receio de que sejam contrariados os instrutores do processo?

 

Ou será que tudo isto não passa, desde o início, e sendo o início a utilização irregular dos jogadores, de uma maquinação arquitectada pelas maléficas forças do norte, fazendo uso do seu consabido poder de antecipação, para adiar para data mais aprazível, a meia-final da Taça Lucílio Baptista, troféu em falta no seu historial, e que desejam desesperadamente possuir?

 

Reparem que a dita meia-final, correndo tudo conforme o programado, cairia a 27 de Fevereiro, e que antes, o FC Porto recebe no Dragão o Rio Ave, a 23 de Fevereiro, e depois, desloca-se à Calimeroláxia a 3 de Março. É para o puxadote, não é?!

 

Terão pensado nisto os teóricos das conspirações?

 

É que se procuram outra coisa, convirá ter presente que, nos dias que correm, ao contrário do que aconteceu noutras épocas, denúncias anónimas são lixo.

 

Esta trampa é toda tão basicamente estúpida, tão surreal, que não dá para levar a sério. Só mesmo num país de Paulos Pereiras Cristóvãos, de presidentes que levam DVDs sobre árbitros e arbitragens a Secretários de Estado, e onde as coisas se fazem pelo outro lado. 

Da nobre arte de desconversar ou, por outro lado...

27
Jul12

Ainda há pouco mais de uma hora, discutia numa reunião de família a aquisição do Pavilhão Atlântico, pelo consórcio de Luís Montez, pelo consócio de Luis Montez, genro do Presidente desta nossa República, alavancada pelo Banco Espiríto Santo (BES).

 

Beneficiando da minha condição de anfitrião, aproveitei a ocasião para puxar a brasa à minha sardinha, e introduzir na conversa algo que desconhecia até ao Sábado passado, e ao debate sobre as modalidades de alta competição no FC Porto: que o orçamento do basquetebol do clube mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, duplicava o da nossa finada SAD de basquetebol. "De onde é que vem o dinheiro?" - perguntei.

 

A associação entre as duas questões resultaria da participação do BES na gestão e suporte do fundo das estrelas.

 

Resposta, quase imediata, de um dos benfiquistas presentes: "Se tivessem ganho o campeonato, não tinham desistido, e estava tudo bem!"

 

Perdão?! Mal consegui conter o riso e retorquir: "O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Não é essa a questão. A questão é: de onde é que vem o dinheiro?"

 

Silêncio. Típico.

 

Se repararmos bem, esta situação é recorrente ad nauseam.

 

Soube-se recentemente, que o presidente daquele clube foi castigado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em 45 dias em 2.500 euros, aparentemente, apenas por, imagine-se, chamar filho da p..., a alguém que, por incrível que pareça, poderá ter sido Luís Duque.

 

E contra quem é que o castigado se insurge?

 

 

 

Obviamente Fernando Gomes, o presidente da FPF, cuja eleição já apoiou, por duas, DUAS, vezes, e que, ao que parece, quererá colocar como Secretário-Geral do organismo a que preside, um tal de Tiago Craveiro, conotado com o FC Porto.

 

Desta vez, é este o bode expiatório empregue para demonstrar que o presidente da FPF não dá mostras de conseguir fazer frente à influência do FC Porto, designadamente, nos Conselhos de Arbitragem e de Disciplina da Federação.

 

Notam aqui algum padrão de comportamento?

 

O mais engraçado é que, depois, todos dizem que estão contra o próprio presidente! Como, se pensam e agem tal e qual como ele? Coincidência?! Só pode ser.

 

Pergunto-me se isto não será apenas para criar uma cortina de fumo, ou um mini-tsunami de indignação, que sensibilize os conselheiros na hora, dia, mês, ano, século, em que se dignem a tomar uma decisão em relação ao treinador daquele clube. O tal processo, lembram-se? Aquele que se arrasta já desde...ui, ui!

Daaah!

23
Nov10

 

"a federação está na perfeita legalidade, porque é uma associação de direito privada, regularmente constituída e que se rege pelas normas das associações. no meu entender esse decreto é inconstitucional porque viola a norma constitucional sobre a liberdade de associação e organização associativa. portanto a federação está na legalidade, não tem direito é ao estatuto de utilidade pública desportiva. mas isso não a impede de exercer as suas funções."

 

Este é um excerto de uma entrevista concedida pelo novel Presidente do Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), àquela brochura pornográfica, “A Bola”, que infelizmente, não está integralmente disponível na versão online, pelo que o fui buscar ao blog do António Boronha.

 

Ora, finalmente alguém que vem a terreiro anunciar o (para mim) óbvio desde o início.

 

A FPF é uma associação de direito privado e, por isso mesmo, à luz do artigo 46.º da Constituição desta nossa República (CRP), desde que não se destine a promover a violência e os seus fins não se revelem contrários à lei penal, goza da prerrogativa de prosseguir livremente os seus fins “sem interferência das entidades públicas” (n.º 2 do artigo 46.º da CRP).

 

Assim sendo, quando o Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de Dezembro (Regime Jurídico das Federações Desportivas), vem dizer que o regime jurídico aplicável às federações é o nele disposto e, “subsidiariamente, o regime jurídico das associações de direito privado”(artigo 4.º), não sei, não…

 

Por muito que isto custe a algumas pessoas, pelos mais variados motivos, e ao próprio Boronha, convém distinguir aquilo que são interesses e vinganças pessoais, do Estado de Direito em que vivemos.

 

A FPF, enquanto entidade de direito privado, pode, como muito bem entender, continuar a organizar campeonatos, por si, ou por delegação na Liga de Clubes, e os seus órgãos, de entre eles o CJ, a funcionar como dantes, quartel-general em Abrantes. A questão da não adaptação dos estatutos tem impacto sim, mas ao nível da atribuição do estatuto de utilidade pública.

 

Só que essa é outra história, e é esse estatuto que se encontra parcialmente suspenso pelo o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD).

 

Suspendeu-o porque esta, apesar dos esforços envidados para reformular os seus estatutos à luz do novo regime jurídico das federações desportivas, não os conseguiu fazer aprovar em devido tempo na sua Assembleia-Geral.

 

De acordo com o Regime Jurídico das Federações Desportivas (art.º 64.º), as federações desportivas existentes dispunham de um “prazo de seis meses a contar da publicação do despacho referido no n.º3 do artigo 26.º”, para proceder à adaptação dos seus estatutos, tendo em conta o novo enquadramento legislativo, que entrariam em vigor na época desportiva seguinte.

 

O despacho referido no n.º3 do artigo 26.º, determina quais as modalidades consideradas colectivas e individuais, e foi proferido pelo SEJD em 14 de Janeiro de 2009 (Despacho n.º 3203/2009), sendo publicado em Diário da República a 26 do mesmo mês.

 

Portanto, às federações desportivas, e designadamente à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), era concedido um prazo até 26 de Julho de 2009, para que procedessem às devidas adaptações dos seus estatutos.

 

Pelos vistos, a FPF, malgrado a bondade dos seus esforços, não conseguiu ver aprovados os novos estatutos até àquela data, de tal forma que, em Março de 2010, oito meses transcorridos, vá-se lá saber porquê, se por inércia, inépcia ou outro motivo qualquer, o SEJD dá um prazo definitivo de dez dias para regularização da situação, findo o qual a decisão de suspensão do estatuto de utilidade pública se tornou irreversível, com efeitos a contar a partir de 12 de Abril.

 

A suspensão da utilidade pública da FPF [art.º 21.º do Decreto-Lei n.º 248-B/2008), resultou, conforme se prevê naquele diploma (art.º 21.º, n.º1, alínea a)], da (v)iolação das regras de organização interna das federações desportivas constantes no (…) decreto-lei”.

 

E quais são as possíveis penalizações que, pelo diploma, serão susceptíveis de aplicação neste caso?

 

“a) Suspensão dos apoios decorrentes de um ou mais contratos-programa;

 

b) Suspensão de outros apoios em meios técnicos, materiais e humanos;

 

c) Impossibilidade de outorgar novos contratos-programa com o Estado pelo prazo em que durar a suspensão;

 

d) Impossibilidade de beneficiar de declaração de utilidade pública da expropriação de bens, ou direitos a eles inerentes, necessária à realização dos seus fins;

 

e) Suspensão de processos de atribuição de quaisquer benefícios fiscais;

 

f) Suspensão de toda ou parte da actividade desportiva da federação em causa.”

 

Aliás, a forma como o Diário de Notícias (DN) dava na altura a notícia e as citações extraídas do discurso do SEJD, parecem concordar comigo:

 

“A perda do direito de organizar competições desportivas para já tudo indica que não se coloca.”

 

“(…) o secretário de Estado já afirmou que não irá condicionar a actividade da FPF, nomeadamente a actividade das selecções….”

 

“As actividades da FPF não podem ser prejudicadas, algumas delas da mais alta importância para o País”.

 

Tratou-se, como terá referido então o SEJD, de «“fechar a torneira” dos apoios financeiros (…) dos quais muitas dependem para viver». E só.

 

Fundamentalmente, foi uma penalização de carácter financeiro, atingindo, no caso, a FPF e a Federação Portuguesa de Vela, onde mais lhes dói: no bolso.

 

Porquê então todo este drama à volta da ilegalidade da FPF?

 

Convirá lembrar como é que esta questão surgiu, recordam-se?

 

Pelo que me lembro foi trazida à baila por alguém que, não foi convidado a permanecer no cargo que ocupava, no novo elenco da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (Liga).

 

Alguém que saiu da Liga e se tornou cronista num (mal) afamado diário desportivo.

 

Um fulano que, quando resolve dar vazão ao narciso que há em si, emite opiniões, que em geral, e no caso do FC Porto, em particular, não colhem na maioria das vezes a concordância dos seus colegas de profissão.

 

Um sacripanta que afastou dois profissionais portistas dos relvados por tempos e tempos, para depois se vir a verificar, que afinal, até não era bem assim.

 

Exactamente. Já lá chegaram: o ilustríssimo Ricardo Costa.

 

Tanto quanto sei, esta questão foi suscitada numa entrevista concedida pelo dito cujo a Sílvia Freches, da revista de sábado do jornal Diário de Notícias, intitulada “Ricardo Costa – O perfeccionista que mexeu no futebol”, cujas passagens fundamentais, a meu ver, serão as seguintes:

 

“Tinha ambições para continuar no cargo?

 

Nenhumas. Logo, se tivesse sido convidado, a resposta era não.

 

Porquê?

 

(…) parece-me que a lei das federações não permite a continuação em funções da Comissão Disciplinar desde Julho deste ano. Nunca exerceria este cargo nesta situação de incerteza e dúvida sobre a legalidade da justiça desportiva da Liga.”

 

(como não consegui aceder à entrevista online, no site do jornal, tive que ir por outros caminhos, até onde quem a quiser ler na íntegra, poderá encontrá-la)

 

Mas, porquê toda esta preocupação com a ilegalidade da FPF, e por consequência, da Liga, e porque é que só se torna preocupante a partir de 1 de Julho de 2010?

 

Ok, de acordo com o regulamento de competições da Liga, a época 2010-2011, começa precisamente a 1 de Julho. A data coincide.

 

Só que, se era para estar com tremores, então o bom do Costa, talvez os devesse ter tido logo a partir do momento em que à FPF foi retirado o estatuto de utilidade pública, ou seja, em 12 de Abril de 2010.

 

Bem vistas as coisas, a partir desse momento a Federação deixaria de ter “competência para o exercício, em exclusivo, (…) de poderes regulamentares, disciplinares e outros de natureza pública (…)”(art.º 10.º do Decreto-Lei n.º 248-B/2008).

 

A haver alguma ilegalidade, então ela remontaria a essa data, e não à data em que os estatutos reformulados deveriam entrar em vigor, ou seja, na época seguinte, ou 1 de Julho, como defende a tese ricardina.

 

Ora, a Liga, a cujo Conselho de Disciplina este presidiu, não tem competência própria para o exercício do seu poder disciplinar. Exerce-o por delegação de competências da Federação. Logo, estando a Federação “ilegal”, a partir da data da suspensão da utilidade pública, também o órgão do Costa, assim o estaria.

 

Será que não duvida também da legalidade de todas as decisões que tomou a partir daquela data? Só é ilegal a partir de Julho de 2010? Porquê?

 

Que azar só agora ter dúvidas. É que se estas o tivessem acometido na devida altura, talvez não tivesse deixado passar sem recurso a decisão do Conselho de Justiça da FPF de reduzir as penas aos atletas do FC Porto!

 

Mas afinal de contas, porque é que o ilustre Costa confunde a data em que a FPF entra em pressuposta “ilegalidade”, e que deveria coincidir com a retirada do estatuto de utilidade pública, com a data em que deveriam entrar em vigor os novos estatutos federativos?

 

Por distracção? Porque não sabe mais? Porque lhe dá jeito? Ou porque lhe apetece?

 

Mistério! O que se sabe, porque é público, é que o Secretário de Estado Laurentino Dias vetou o nome de Ricardo Costa, para integrar a Comissão para a Justiça Desportiva, que irá debruçar-se sobre o estado da arte da (in)justiça desportiva e a possível implementação de um Tribunal Arbitral Desportivo, e que houve um clube  que recentemente vetou o Secretário de Estado, considerando-o “persona non grata”.

 

Coincidência, obviamente!

 

Para concluir, que isto já vai chato e comprido como o peixe-espada, descubram as diferenças entre a primeira parte do excerto da entrevista do ex-Presidente do CD da Liga, e aquela anedota com barbas brancas, do alentejano que ouve dizer que a companhia aérea nacional se encontra a recrutar pilotos de aviação.

 

Dirige-se pressurosamente para Lisboa, e nos serviços administrativos do Aeroporto da Portela, pede para falar com alguém dos recursos humanos.

 

“Era por causa do anúncio p’a piloto!”

 

“Ah! Sim, sim, faça favor. O senhor tem brevet de piloto?”

 

“Tenhe o queim?!”

 

“Brevet de piloto de aviação. Licença para conduzir aviões?”

 

“Na tenhe, nã senhora!”

 

“Então, e já conduziu algum tipo de avião?”

 

“Nã senhora!”

 

“Ao menos fala inglês?”

 

“Nã!”

 

“Então o que é que veio cá fazer?”

 

“Olhi, ê vim p’ra dezer p’a nã contaren cumigue!”

 

Anedota é anedota. O dr. Ricardo Costa, até ver, é real.

 

…e depois os alentejanos é que são estúpidos!

Por Belenos e por Toutatis!

19
Out10

"Com os actuais estatutos e o peso que as associações têm, será difícil. Se pensarmos onde estavam os principais líderes das associações, estavam na Islândia a ver o jogo de Portugal. Isso quer dizer algo importante e tudo indica para uma recandidatura de Gilberto Madail.

(…)
Quem quer ser presidente da Federação, não é só porque lhe apetece. Se dependesse da opinião pública a história seria outra. Mas quem quiser ser presidente tem que saber que vai vencer. Com os actuais estatutos, o futebol contínua na ilegalidade e só perante um cenário de mudança neste aspecto é que as coisas poderão ficar mais clarificadas."

 

Depois de ler estas declarações recentes de Vítor Baía, n’"A Bola", a minha mente vagueou para o “Astérix na Córsega”, da dupla Goscinny e Uderzo.

 

Apesar de simétricos no seu desenrolar, os processos eleitorais corso e para a presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) são, como podem ver, impressionantemente semelhantes.

 

 

 

 

Os corsos põem os votos nas urnas, deitam-nas ao mar, sem as abrir, e o mais forte é “eleito” Chefe.

 

Na FPF, tendo em conta os “preliminares” que vão sendo do conhecimento público (e só estes) – viagens à Islândia, jantares e por aí fora – primeiro congregam-se os apoios e fica-se a saber quem ganha as eleições, e depois (finalmente!), vota-se.

 

Ou seja, às malvas com a democracia e a liberdade de escolha. As urnas, que em princípio, seriam por excelência o local de decisão, não passam em ambos os casos de um belo adorno decorativo, ou, no caso da Córsega, de poluição marítima.

 

Bem visto Vítor Baía. Assim não vale a pena. Palhaçada por palhaçada, mais vale ir lá o Fernando Seara, que nesse capítulo, joga em casa.

 

Como diria o Astérix:

 

“Por Belenos e por Toutatis, são doidos estes lusitanos!”


Nota: Não obstante, há que reconhecer que as “potenciais” candidaturas de Vítor Baía e Fernando Seara seriam/são bastante diferentes nos seus pressupostos de base.

 

 

Para este último, independentemente de se decidir a avançar ou não, uma candidatura destas, visa com certeza, mais do que um objectivo. Ou quem a patrocina não tivesse por hábito movimentar-se “por outro lado”, em vários tabuleiros.

 

 

Antes de mais, tenho para mim que a candidatura de Seara se integra na estratégia global de descredibilização do futebol português, seguida por quem faz disso álibi recorrente para quando as coisas não lhe correm de feição.

 

 

É mais uma candidatura de “uma pessoa seríssima e consensual” (e independente, acrescento eu), que tem em vista a regeneração deste nosso pobre futebol, a bem da verdade desportiva.

 

 

Se for bem sucedida, temos verdade desportiva. Se não, então é a vitória de todos os sistemas e mais alguns, dos que não têm vergonha, e dos que estão interessados na manutenção do actual status quo.

 

Por outras palavras, se ganharem, ganham, e se perderem, ganham capital de queixa, para continuarem como se tem visto até aqui, na política do quanto pior melhor. Bem hajam!

 

De um outro ponto de vista, quanto mais longe for a candidatura de Fernando Seara, e quanto mais comichão causar a Gilberto Madaíl, melhor.

 

Para quem estrategicamente “os lugares na Liga são mais importantes do que contratar bons jogadores”, quanto mais apertado estiver Madaíl, maiores probabilidades terá de colocar os seus peões de brega.

 

Basicamente é o mesmo tipo de jogada utilizado na negociação com a Sportv, com a entrada em cena da BenficaTv. Não são de facto muito imaginativos.

 

Tacticamente não revelam grande riqueza, mas lá está, é dos livros, e não é mais do que a aplicação do velhinho “em equipa que ganha, não se mexe”. Em táctica vencedora também não.

 

Resta saber é até que ponto esta será vencedora. Duas Ligas já rendeu, mas mais do que isso, a ver vamos…

 

Quanto ao Vítor Baía, deve ter aprendido que dar a cara e boa vontade, não chegam para este tipo de cavalarias, e se pensou que sim, então muito anjolas terá sido.

 

Razão tinha o Figo quando disse que só se quisesse ter chatices é que voltava para Portugal.

A raposa feliz

08
Out10

Como, ao que parece, o sr. Presidente da Câmara de Sintra é uma pessoa ocupada por afazeres de vária ordem, aqui fica uma sugestão de um texto, com que poderá perfeitamente prefaciar o manifesto eleitoral da sua candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Futebol.

 

“A farsa da fiscalização do futebol

 

No início de 2001, a direcção do Sport Lisboa e Benfica, pouco tempo depois de tomar posse, denunciou uma dívida fiscal do próprio clube que representa, no valor próximo de 10 milhões de euros, originada pela equipa dirigente anterior, chefiada por João Vale e Azevedo.

 

Face à dimensão elevada da dívida, colocou-se imediatamente a questão de como teria sido possível a dívida ter atingido valores tão altos, sem que houvesse uma intervenção de controlo fiscal, ou a devida participação criminal. Ou seja, colocou-se a hipótese da falência dos mecanismos de controlo fiscal dos clubes de futebol.

 

Realizado o inquérito pelo crime de abuso de confiança fiscal, e proferida a pronúncia, João Vale e Azevedo vai agora responder em julgamento por este crime, no valor de 6,091 milhões de euros, referente à retenção de IRS descontado a trabalhadores e atletas do SLB, no período compreendido entre Abril de 1998 e Outubro de 2001.

 

Ainda segundo a pronúncia, o clube, durante esse período de tempo, nunca se encontrou numa situação de estado de necessidade capaz de justificar esta retenção, que foi abusiva e criminosa.

 

No entanto, para além da gravidade desta situação, o que importa também reter é que o conhecimento público da dívida e dos seus valores, ou seja, o crime, caso não tivesse partido de uma autodenúncia da direcção sucessora, nunca se teria dado. Como foi possível que os mecanismos de fiscalização existentes não tivessem actuado?

 

A questão remonta ao regime especial para pagamento das dívidas fiscais dos clubes de futebol, estipulado pelo chamado Totonegócio, em 1999. De acordo com esse regime, extremamente favorável aos clubes, os mesmos passavam a entregar as receitas do Totobola, referentes ao período 1998-2010, para pagamento das dívidas fiscais contraídas até 1996. Em contrapartida, comprometiam-se a não gerar mais dívidas, a partir do ano referido.

 

Para acompanhamento e fiscalização especial do cumprimento este acordo, foi criada uma Comissão de Acompanhamento (CA) das dívidas dos clubes, a funcionar como órgão de apoio, junto do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (SEAF).

 

A CA, no exercício de monitorização dos pagamentos dos clubes, elaborava um mapa mensal com os pagamentos efectuados por estes à Administração Fiscal, baseados em documentos enviados pelos serviços de finanças das áreas a que pertenciam os clubes.

 

Entretanto, por razões que ainda hoje são polémicas, a dada altura do processo, a própria CA propões a suspensão das inspecções aos clubes, sobre factos fiscais ocorridos entre 1996 e Junho de 1998. A proposta foi aceite.

 

Neste quadro administrativo, fiscal e político, posterior a 1999, alguns clubes geraram ainda mais dívidas fiscais, sem qualquer penalização. Entre eles, o SLB, cuja dívida não foi tempestivamente denunciada ao Ministério Público por quem de direito, ou seja, pelos responsáveis da Administração Fiscal. Por outras palavras, a duplicação das estruturas de fiscalização, de serviços de finanças e CA, só contribuiu para a desarticulação dessas mesmas estruturas e para o encobrimento objectivo da situação.

 

Note-se que no caso do SLB, à data da existência desta dívida, era emitida pelos serviços fiscais a necessária declaração de inexistência de dívidas fiscais do clube, já que esta era exigida como condição para o clube poder participar nos campeonatos da Liga de futebol.

 

Entretanto foi instaurado inquérito-crime para averiguação dos acontecimentos no âmbito da CA. Acontece que a confusão orgânica dos serviços de finanças, a deficiente informatização, e a sobreposição de estruturas de fiscalização, impediu que durante o inquérito-crime fosse possível o apuramento e individualização de eventuais responsabilidades. Por outro lado, este modo de funcionar por parte do Estado, permitiu que os mapas mensais enviados à CA agregassem todos os valores fiscais originados nos clubes, mesmo aqueles resultantes de salários, vendas e receitas do bingo, método que, não discriminando cada um dos valores, impedia a verificação das falhas. E a CA, por sua vez, nunca solicitou, como podia e devia fazer, os devidos esclarecimentos aos serviços de finanças que emitiam os mapas.

 

O que nitidamente resulta de tudo isto é que por detrás de um aparente quadro de hiperfiscalização, existia um circuito fechado entre os serviços de finanças, o SEAF e a CA, com métodos de trabalho de tal modo confusos que nunca foi possível esclarecer quem, em determinado ponto-chave do circuito, devia zelar pela denúncia do crime.

 

Também foi impossível apurar, no caso do abuso fiscal de 6,091 milhões de euros, quem do lado da Administração Fiscal ou da CA permitiu o desenvolvimento deste, negligenciando os seus deveres de fiscalização.

 

Por último, permanecerá para sempre em mistério se ocorreram eventuais crimes de corrupção por parte dos funcionários do Fisco, membros da CA, ou de outros elementos envolvidos.

 

Ao mesmo tempo, a inspecção ordenada após a autodenúncia do SLB, veio permitir aquilo que era proibido: o pagamento em prestações da dívida, ao mesmo tempo que o clube recebeu dinheiros públicos para a construção do novo estádio.

 

Resta dizer que, segundo o diário Público informou em 28 de Outubro de 2002, no final de Agosto desse ano, as dívidas fiscais dos clubes de futebol, contraídas após Maio de 1998, chegavam aos 15 milhões de euros.”

 

Se tiveram a paciência de ler até aqui, peço-vos que atentem na forma soft, como é escrita esta peça de narrativa.

 

Na forma “en passant”, como são omitidos certos aspectos, que até poderiam ter o seu quê de interessante, como, por exemplo, quem constituía a dita Comissão de Acompanhamento.

Na resignação com que se encolhe os ombros, e se constata que como foi impossível apurar responsabilidades, e para concluir, o chuto final para canto, do género “se as dívidas, de todos, no final disto tudo até eram de 15 milhões de euros, para que é que nos estamos p’ráqui a chatear?!”

 

Quem não conhece a origem e lê este texto, poderá ser induzido a pensar que só poderá ter sido escrito por algum portista. Mas, se tiver em conta os aspectos enunciados acima, facilmente conclui que está demasiado “light” para isso.

 

Será que foi um benfiquista? Ná. São demasiadas verdades para esse tipo de estômagos suportarem.

 

Aquilo que reproduzi é um excerto do livro “O inimigo sem rosto – Fraude e corrupção em Portugal”, da autoria da insuspeitíssima Senhora Procuradora-Geral Adjunta Dr.ª Maria José Morgado, que, ao que consta, não será portista desde pequenina, e de José Vegar, cuja simpatia clubística desconheço.

 

Já agora, e para que conste, o presidente da famosa CA era, nada mais, nada menos, que o inefável dr. Fernando Seara, o isento adepto benfiquista, putativo candidato, por sua espontânea iniciativa, à Presidência da FPF.

 

No passado, puseram a raposa a guardar o galinheiro, e o resultado foi o que se viu. Porque não repetir a dose?

 

Bute aí! Vota no Seara!

 

Don Orelhone

09
Ago10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Queiroz recorre a Luís Filipe Vieira"

 

O seleccionador nacional terá pedido ajuda ao presidente do Benfica para o processo em que é alvo na Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

 

 (in "SAPO Desporto", via "Correio da Manhã")

 

 

Desculpem-me lá o (mau) português, mas, que merda é esta?

 

O Queiroz pede ajuda ao presidente do Benfica? O que isto? Mas onde é que nós estamos? O que é que o presidente do Benfica tem a ver com a selecção nacional e o seleccionador nacional?

 

"Em causa estão "inimigos comuns"". Inimigos comuns? O presidente da Autoridade Antidopagem? Sua Excelência o Exmo. Senhor Secretário de Estado do Desporto? Inimigo de Luís Filipe Vieira?

 

O que é isto? Porque é que o presidente do Benfica tem por inimigo o Secretário de Estado, e porque é que é tido e achado num assunto que é da Federação, da AdoP e do seleccionador nacional?

 

É a (mais recente) exponenciação do "Nós somos o País".

 

Onde é que nós estamos? Que País é este?

 

Quem é esta pessoa, de tamanha importância, que se faz ouvir em tais fóruns?

 

Então o outro não pode ser conselheiro matrimonial, e este é o quê? Especialista em Direito do Trabalho? O que é isto?

 

Quem é que é, afinal de contas, o Don ?

 

 

 

Inutilidade pública

01
Mai10

 

Presidência do Conselho de Ministros - Gabinete do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto

Suspende o estatuto de utilidade pública desportiva à Federação Portuguesa de Futebol

 

 

Após uma série de ameaços, finalmente foi suspenso o estatuto de utilidade pública da Federação Portuguesa de Futebol, por não adequar os seus estatutos à Lei de Base do Desporto.

 

Quer isso dizer que, para já, temporariamente, a Federação Portuguesa de Futebol é inútil? Publicamente falando.

 

E é para lá que vão as competências, até agora exercidas pelo Conselho de Arbitragem e pelo Conselho de Disciplina da Liga Portuguesa de Futebol Profissional?

 

Bem, não é que o Vitor Pereira e o Dr. Ricardo Costa sejam dois portentos de utilidade, mas para alguns, sempre serviram para qualquer coisinha...

 

Esperemos que quem os vier a suceder prime também pela inutilidade..., para todas as partes!  

A Idade da Pedra

24
Jul09

"Os campeonatos sempre se podem ganhar à pedrada"

 

José Eduardo Bettencourt, Twitter, 23 de Julho

 

  

Mal adivinhava eu, quando escrevi qualquer coisa sobre a vergonha que foi o que se passou em Alcochete, no último jogo do campeonato de juniores entre o Sporting e o Benfica, que o desfecho daquela batalha campal iria ser, para completar o ramalhete, a Deliberação de anteontem do Conselho de Disciplina da FPF.

 

Ainda menos esperava que, depois da minha alusão ao aparente retrocesso aos primórdios do futebol, patrocinado pelo Director Desportivo do Benfica, o dito Conselho de Disciplina fosse ainda mais longe, e recuasse até à Idade da Pedra!

 

Por uma vez, vejo-me obrigado a concordar com a Associação dos Adeptos do Sporting. Como é possível atribuir a pena de derrota aos dois clubes, e a interdição dos seus estádios, para os próximos três jogos que se venham a realizar entre si.

 

É claro que, para chegar a esta salomónica deliberação, sendo a justiça, seja ela qual for, cega, surda e muda, os respeitáveis membros do ditoso Conselho, não tiveram certamente em consideração as  consequências que a mesma acarretava, ou seja, que o Benfica seria intitulado campeão nacional.

 

Na óptica da justiça desportiva que campeia por cá, é perfeitamente natural que o prevaricador e a vítima, sejam punidos exemplarmente, pela mesma medida. Natural, desde que o prevaricador vista de vermelho, claro está.

 

Aí está mais uma vitória da tese, defendida, por exemplo, pelo ilustre benfiquista Dr. Cunha Leal, de que a justiça desportiva tem que actuar rapidamente, punindo desportivamente os culpados, doa a quem doer, desde que não seja ao Benfica.

 

Se a justiça comum é lenta, então os processos que vão correndo, e no final destes, logo se verá para que lado pende a razão. Ora, isso poderá vir a acontecer daqui a um, dois, três, cinco, dez ou vinte anos.

 

Claro está, que não há pachorra para esperar tanto tempo. Então, é como se viu nas recentes eleições para os gloriosos Corpos Sociais. O tribunal não decide rapidamente? Adiante. P'ra frente é que é caminho. Parem-nos, se conseguirem!

 

No entretanto, o Benfica é campeão nacional de juniores A, na época 2008-2009 (pendente de recurso para o Conselho de Justiça da FPF, que, de certeza, não vai alterar a decisão de primeira instância), o FC Porto viu serem-lhe subtraídos seis pontos, por conta do "Apito Final", o Boavista desceu de Divisão e o Gil Vicente, idem.

 

Se fizermos um resumo do histórico das decisões dos Conselhos de Justiça e de Disciplina da Federação ou da Liga, tanto faz, é surpreendente o record de decisões favoráveis aos encarnados ou a causas patrocinadas por estes, sempre dentro do mesmo princípio - a justiça desportiva decide, e depois logo se vê.

 

Assim de repente, ocorrem-me o caso do doping do Nuno Assis, o caso Mateus, o "Apito Final", e agora, mais esta.

  

Este, ainda agora começou.

 

Portanto, denota-se uma certa tendência para as instâncias supranacionais contraditarem as decisões da justiça desportiva portuguesa. Porque será? Perseguição ao "Glorioso"?

 

O que é inequívoco, é que, apesar de alguns contratempos, o ideal benfiquista de ganhar jogos, títulos, lugares, ou seja o que for, sem jogar, se vai, a pouco e pouco, consolidando, aperfeiçoando, perdendo a pouca vergonha que lhes resta, e obtendo alguns resultados.

 

Senão vejamos. Na Liga "sumaríssima", ganha pelo Trappatoni, que tinha saudades da família, as influências foram, principalmente, movidas na sombra, sempre com a omnipresença tutelar do Dr. Cunha Leal, enquanto Director Executivo da Liga de Clubes.

 

Para além das asneiras usuais no terreno de jogo, mais umas quantas decisões administrativas aleatórias, inéditas e inauditas, que desestabilizaram um adversário já de si, debilitado, e o título, já lá mora.

 

Na Taça da Liga, não foi preciso tanto. Bastou o beneplácito de Lucílio Baptista, e, à vista de todos, foi o que foi.

  

Agora, é um mix das anteriores. A batalha campal em canal aberto, seguida da decisão tomada no aconchego do gabinete.

 

Alguns benfiquistas, como o Rui Costa ou o Nuno Gomes, devem estar exultantes de orgulho.

 

Outros, espero eu que os haja, não vão precisar de pintar a cara de vermelho, nos próximos jogos do seu clube.