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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

No limiar da perfeição

28
Jan17

Ouvi o Nuno dizer, salvo erro, na flash interview, que o Estoril tinha conseguido congestionar o centro do terreno.

 

Contudo, olho para a equipa do FC Porto, e vejo que os extremos ficaram fora do onze inicial.

 

Disse ainda o Nuno, que na primeira parte, o jogo foi nosso, que não deixámos o Estoril jogar. Sim, é verdade.

 

No entanto, o nosso primeiro remate no jogo foi já na segunda parte.

 

O Nuno diz ainda que gostou do jogo, sinceramente, e que ficou satisfeito com o resultado  e orgulhoso com a conquista dos três pontos.

 

Ou seja, aparentemente, tudo terá corrido dentro do planeado para este jogo, e se é assim, all's well that ends well.

 

Obviamente que não. Uma equipa que quer ser campeã não pode ficar satisfeita por condicionar o jogo do Estoril-Praia. Sem desprimor para este, que não tem culpa.

 

Uma equipa que quer ser campeã não pode rematar pela primeira vez à baliza aos 50 minutos. Se antes o que falhava era a eficácia, mas, tudo bem, criamos muitas oportunidades, hoje, onde é que elas estiveram?

 

Esteve tudo bem? Uma substituição ainda na primeira parte, faz-me duvidar disso.

 

A forma como a equipa melhorou - sim, apesar de tudo, acho que melhorou - de produção quando começou a jogar com dois extremos e apenas dois homens no miolo, leva-me a crer que nem tudo esteve bem até aí.

 

Mas porquê colocar uma multidão no centro do terreno, quando já se viu que qualquer um dos três: Óliver, André André ou até o Herrera, a fazer dupla com o Danilo, rendem muito mais, e a equipa com extremos ganha dimensão ofensiva, em largura e na profundidade, que pese embora a boa vontade do Alex Telles, os laterais não lhe dão?

 

É a idéia, e permanecemos idioticamente agarrados à idéia. Mas se o Nuno diz que está tudo bem, e gosta, e fica satisfeito, e sente-se orgulhoso... que seja!

 

Siga a rusga.

 

Só é pena o desperdício, porque estes jogadores mereciam mais. Até o Herrera.

 

Para não falar na dor de alma que dá ver o André Silva, desde que o Otávio se lesionou, andar por ali, e não haver ninguém capaz de levantar os cornos, e passar-lhe uma bola decente.

 

É pena, mas se está bem...

 

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Ser ou não ser, um apelo à esquizofrenia

22
Dez15

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Li por aí em vários sitios, que no último jogo o FC Porto teve finalmente, uma entrada à Porto. Determinado, dinâmico, pressionante, enfim, tudo aquilo que a malta gosta e quer. E as coisas correram bem.

 

Pela primeira vez não desperdiçámos uma boa oportunidade, num mau resultado do adversário, e eis-nos no topo da tabela. Dando de barato a injecção de motivação que terá sido a derrota alheia, quanto a mim houve dois factores primordiais que marcaram decisivamente o jogo.

 

Duplo pivot às malvas. Não é novo, já acontecera contra o Vitória de Setúbal, e noutros jogos de menor dificuldade e em casa: Lopetegui prescindiu do duplo pivot. Rúben Neves foi o trinco, e Danilo Pereira e Herrera, os dois médios, uma espécie de dois oitos.

 

Com o regresso de Herrera à equipa é bastante provável que esta opção se venha a repetir, pois com o mexicano em campo, esqueçam lá o duplo pivot.

 

Quando vi os dois trincos no Brasil de Scolari, confesso que achei interessante. Também gostei do duplo pivot do Irureta, no Deportivo da Corunha, que chegou a campeão espanhol. Mas quando o Koeman ou o sobrinho da Lola Flores, não me recordo qual dos dois, resolveu plantar um gajo ao lado do Petit, comecei a desconfiar.

 

A soma das partes valia claramente menos do que o pitbull sozinho. Ele, por si só, varria literalmente, a zona do meio-campo que lhe estava confiada. Alguém ao seu lado apenas lhe tolhia essa capacidade inata.

 

O mesmo se passa no FC Porto actual. Lopetegui quer jogar com dois pivots a meio-campo. Contudo, para isso, com o Herrera não vale a pena contar.

 

E quanto ao Rúben Neves e ao Danilo Pereira já deu para perceber que pô-los lado-a-lado só os atrapalha mutuamente, tanto defensiva como ofensivamente. Ambos fizeram um bom jogo, o Rúben a trinco, e o Danilo muitas vezes como um inesperado box-to-box.

 

Assim sendo, para quê insistir em fazer do Danilo um seis, quando o Rúben Neves faz perfeitamente a posição? Ou um defesa central? Ou então desperdiçar recursos, lançando-os a ambos num duplo pivot sem grande utilidade prática?

 

Rotatividade moderada. Para este jogo, Lopetegui introduziu apenas, note-se, apenas uma alteração: a troca de Marcano por Maicon.

 

Já na temporada passada, quando o Lopetegui resolveu fazer a vontade aos críticos, e se deixou de rotatividades, as coisas estabilizaram e encarreiraram. Apesar de tudo, ainda tivemos alguns momentos de futebol razoável.

 

É claro, que nunca dando o braço a torcer, como é seu timbre,  mais tarde a rotatividade acabaria por revelar-se o segredo do sucesso contra o portentoso Basileia, que eliminara o Liverpool, e que esta temporada até já perdeu, em casa, com o Belenenses.

 

Tudo bem. Que assim seja, se fôr caso disso. Chega de rotatividades, e mais para a frente, se nos correr bem a eliminatória contra o Borussia de Dortmund, que fique por conta da rotatividade. Pode ser?

 

Depois do Bayern de Munique ter sido eliminado pelo Real Madrid, consta que Guardiola se recriminou por ter abandonado a sua convicção táctica, cedendo à tentação de lançar-se num ataque desenfreado, como lhe pediam instintivamente os jogadores.

 

Lopetegui funciona ao contrário: quando abandona aquelas que são as suas convicções, as coisas, tendencialmente, correm-lhe melhor.

 

Guardiola, como li recentemente, é um inovador, que reescreveu o manual do que é ser treinador através da sua capacidade de pensamento lateral, o "thinking outside the box".

 

Para Lopetegui as hipóteses de sucesso parecem aumentar quando se deixa de inovações, e essencialmente, quando consegue pensar fora de si próprio.

Quando menos, é mais

05
Dez15

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Na minha opinião, e friso, na minha opinião, os melhores momentos do FC Porto na temporada passada, aconteceram, quando o Lopetegui, basicamente, se deixou de invenções, e acabou por fazer aquilo, que grande parte dos adeptos reclamavam.

 

Ou seja, quando se deixou de experiências e rotatividades e resolveu estabilizar um onze base.

 

Hoje, aconteceu o mesmo. Atrevo-me a arriscar que a equipa que hoje entrou em campo no Dragão, seria aquela que uma grande porção dos adeptos portistas poriam a jogar de início.

 

Talvez alguns optassem por Tello em vez de Corona, ou por Danilo Pereira em vez do Herrera, mas, no essencial...

 

E aqui, por essencial quero dizer, o mandar para as putas o duplo pivot a meio-campo, e a aposta declarada em dois extremos, que não são extremos, pois jogam por dentro, são interiores.

 

Se é este o modelo de jogo que o homem quer, para quê estar com invenções?

 

Por azar o Paços de Ferreira marcou primeiro. Em boa verdade, o FC Porto também não jogava por aí além.

 

O nosso meio-campo, em conjunto, joga pouco futebol, e a coisa só se compõe quando a bola chega lá adiante aos extremos-interiores. Ainda assim, fomos para o intervalo empatados.

 

E foi merecido. A seguir passámos para a frente, e também foi merecido. Houve falta sobre o guarda-redes no lance do pénalti? Não me parece. Se fosse o guarda-redes a saltar com o pé à frente assinalavam?

 

Quando já imaginava uma substituição tacticamente rocambolesca, do género André André por Marcano, que ia jogar para central, derivando o Martins Indi para defesa-esquerdo, e o Layún, para o lugar do André André, eis que o Lopetegui se limita a trocar este pelo Danilo Pereira.

 

O recém entrado foi jogar para o lado do Rúben Neves e o triângulo do meio-campo passou a ter duas unidades atrás, e o Herrera à frente. A seguir, sai o Brahimi e entra o Tello. Uma troca directa e bem metida. Com espaços para penetrar, o Tello é bem desenrascado que o argelino.

 

Por último,  entra o Evandro para o lugar do Herrera. Talvez para assegurar uma maior capacidade de retenção da posse de bola?

 

Como se vê, tudo muito simples e escorreito, quase linear, sem grandes invenções, e porém, efectivo. Para que mais?

 

Só não correu melhor por flagrante excesso de pontaria na cabeça do Maicon e nas botas do Tello e do Corona, e falta de pontaria nas do Aboubakar e do Herrera.

 

A ideia que fica é que o FC Porto vai em crescendo para Stamford Bridge, ao passo que o Chelsea segue em perda acelerada.

 

E que menos, é mais. Não vale a pena inventar.

Tiros que saem pela culatra

01
Dez15

O FC Porto joga amanhã na Madeira. Pelo menos a previsão meteorológica assim o parece permitir.

 

No sábado a seguir recebe o Paços de Ferreira no Dragão, e na quarta-feira seguinte vai a Stamford Bridge, decidir com o Chelsea o primeiro lugar do grupo, ou...a queda para a Liga Europa.

 

São três jogos no espaço de uma semana, e cinco se recuarmos quinze dias, e contarmos os jogos contra o Dínamo de Kiev e o Tondela.

 

A partida contra o União da Madeira, que devia ter sido disputada a 1 de Novembro, foi adiada devido ao mau tempo que se fazia sentir na ilha da Madeira.

 

O voo em que seguia a equipa teve de ser desviado para Porto Santo, ficando assim impossibilitada a chegada ao local do jogo, com as 24 horas de antecedência regulamentarmente exigidas, e daí o adiamento.

 

Antes disso, o FC Porto  recebera e empatara com o SC Braga no Dragão, a 25 de Outubro, e a seguir iria a Tel Aviv (ou Haifa), defrontar o Maccabi, a 4 de Novembro.

 

Ou seja, vinha de um resultado menos conseguido em casa (empate com o SC Braga), ia jogar na Madeira, onde o seu treinador ainda não venceu, e depois, tinha um jogo decisivo para a Liga dos Campeões.

 

Com uma vitória em Israel e mais outra em casa, contra o Dínamo de Kiev, evitava ir disputar o apuramento a Londres, na última jornada.

 

Precisamente o que vai agora suceder.

 

Além disso, Maicon e Brahimi estavam lesionados.

 

Assim, em vez de fazer três jogos em dez dias (quatro em quinze dias, se contarmos com a recepção ao Vitória de Setúbal, a 8 de Novembro), o FC Porto, escudando-se na prerrogativa regulamentar que lhe assistia, preferiu adiar o jogo contra o União.

 

Agora vai ter de jogar de três em três dias, incluindo o jogo decisivo contra o Chelsea. Há tiros que saem pela culatra.

 

Ouvi há pouco nas notícias que a equipa desembarcou na Madeira por volta das 20h00, tendo saído do Porto hoje, depois de ter festejado ontem à noite a entrega dos Dragões de Ouro.

 

Salvo se o tiver feito ainda hoje à noite, uma eventual sessão de treino de habituação ao relvado, se é que ainda se usa, só terá lugar amanhã.

 

A viagem do Porto Santo para a Madeira demora cerca de 35 minutos. Na anterior tentativa, o voo,  após divergir para Porto Santo, aterrou durante a tarde do dia 31 de Outubro.

 

Havendo voo no dia seguinte, e quase de certeza que existem voos diários, ou mesmo não havendo, seria sempre da responsabilidade da companhia fretada levar aquele voo até ao destino, porque é que o FC Porto não jogou contra o União da Madeira no dia seguinte?

 

Lopetegui disse na altura que era uma pena não terem podido jogar, mas que as condições não o permitiram. 

 

Quais condições? Mantinha-se má a previsão meteorológica? Ou foi porque o árbitro também se viu impossibilitado de chegar ao seu destino?

 

Se se queixam da nomeação do Bruno Paixão, teria sido uma excelente ocasião para o evitar, e jogar com um árbitro saído do público.

 

Lopetegui falou hoje da rotatividade como se duma fatalidade fosse, inerente às equipas que jogam de três em três dias. Pois bem, fomos nós que, ao adiarmos o jogo do Dia de Todos os Santos para  amanhã, nos pusemos nessa posição.

 

E já agora, se não jogássemos de três em três dias, não havia rotatividade?

 

Infelizmente, seja de quem quer que tenha sido a ideia do adiamento deste jogo, a impressão que dá é que contou com o ovo no cú da galinha: duas vitórias sobre o Maccabi e o Dínamo de Kiev, e cumprir calendário contra o Chelsea.

 

Pois é, há tiros que saem pela culatra...

 

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Às portas do nirvana

28
Set15

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Como dizia aquela música brasileira, "tudo está no seu lugar".

 

À histeria do André André seguiu-se a do resultado de Moreira de Cónegos, e foi ver juras de amor eterno a serem quebradas, votos de confiança tão irrevogáveis como a demissão do Paulo Portas, e apoios incondicionais com mais cláusulas que contratos de seguros.

 

Adivinhava-se o fim do estado de graça mais duradouro alguma vez visto.

 

Porém, precipitaram-se claramente aqueles que viram nesta a ocasião propicia para lançar críticas. Se estiveram calados até agora, mais valia terem continuado.

 

"Tudo está no seu lugar", não graças a Deus, como na canção, mas obviamente por conta da omnisciência e da omnipotência de quem superiormente dirige os destinos do nosso clube, que tudo tem previsto e acautelado. Estou a ser irónico, caso não tenham percebido.

 

Pois bem, passado o chorilho de críticas, Marte voltou a estar alinhado com Saturno, como diz o dito popular "a sorte protege os audazes", e às vezes também os outros, "ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo", e eis-nos no topo da tabela.

 

Venham de lá mais apoios incondicionais, autos de fé e juras de amor eterno. Ou pelo menos, até à próxima vez que a gracinha se repita. Nada de novo, portanto.

 

Como nada de novo teve também o que se passou contra o Moreirense. Ou teve?

 

Tirando a entrada do Herrera, que torna mais difícil perceber se estamos a jogar com um duplo pivot, ou em 4x3x3, e as substituições feitas para ganhar o jogo, que segundo o próprio treinador, desequilibraram a equipa, no resto, as asneiras do Lopetegui, essencialmente, vão sendo uma repetição daquilo que já fez antes.

 

E, muito provavelmente irá tornar a fazer. Afinal, é para isso que lhe pagam. Ah, não?! Não é? Pois não. Melhor assim, ao menos saem de borla.

 

A realidade é que estamos prestes a entrar num período de prolongamento do estado de graça, diria que de pré-nirvana.

 

Não sei se já deram uma vista de olhos ao nosso calendário para os próximos tempos. Vamos ter quatro jogos consecutivos no Dragão: na próxima terça-feira, contra o Chelsea, no dia 4 de Outubro, dia de eleições, com o Belenenses, segue-se uma pausa para o Cristiano Ronaldo, a 20, recebemos o Maccabi, e a 25, o SC Braga, do Paulo Fonseca.

 

Destes quatro adversários, o Chelsea é sem dúvida o mais complicado, ainda que, mesmo em caso de derrota, não se adivinhe uma grande catástrofe. O Mourinho não joga para esmagar o adversário, por isso, mesmo perdendo, o resultado deverá ficar dentro de padrões aceitáveis.

 

Quanto aos outros, bem, os outros que me desculpem, mas ainda por cima em casa, só por manifesta incompetência da nossa parte é que deixaremos de ganhar.

 

Depois temos União da Madeira e Maccabi fora, a 31 de Outubro e 4 de Novembro. Não estará na ideia de ninguém estender a maldição da ilha ao recém promovido União, e quanto ao Maccabi, com Brahimi ou sem Brahimi, é para ganhar.

 

Voltamos ao Dragão para receber o Vitória de Setúbal, a 8 de Novembro. Nova interrupção, e a 24 temos cá o Dínamo de Kiev.

 

Vamos a Tondela, a 29, e recebemos o Paços de Ferreira no Dragão, em Dezembro, a 5.

 

A 9 jogamos em Stamford Bridge, e 13 voltamos pela última vez à Madeira, para defrontar o Nacional.

 

Ou seja, de terça-feira que vem até 9 de Dezembro, temos oito jogos para ganhar, e para recuperar e manter o estado de graça, sem grandes chatices.

 

Mesmo os resultados das partidas com o Chelsea, sendo contra quem são, ainda que negativos, não hão-de causar grande mossa.

 

É claro, tudo isto no papel, e conforme disse, salvo manifesta incompetência da nossa parte.

 

Sem me dar ao trabalho de olhar para o calendário dos nossos mais directos adversários neste mesmo período, sou capaz de apostar que não poderão dizer o mesmo.

 

Para além disso, o discurso e a postura honesta e vertical de Rui Vitória, é algo a que os adeptos benfiquistas não estão propriamente acostumados, nem valorizam grandemente, o que dificulta a criação de empatia entre treinador e massa associativa.

 

Enquanto for vencendo, tudo bem, mas dois contratempos consecutivos, e desmorona-se, qual castelo de cartas colado com cuspo.

 

No outro lado da circular, o Sporting não tem pedalada para o Jorge Jesus.

 

Portanto, ou muito me engano, ou o essencial da Liga NOS 2015-2016 vai ser disputado até Dezembro. Lopetegui tem todas as condições para resolver a questão neste lapso de tempo, e deixar o título encaminhado, senão conquistado.

 

São mais de dois meses de estado de graça garantido até ao nirvana, é só não o desperdiçar.

Concatena, filho, concatena

23
Set15

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O Layún deu o mote, quando disse que "os clássicos não se jogam, ganham-se".

 

Valha a verdade que este clássico foi muito mal jogadinho, graças a Deus. Ou neste caso, graças aos tipos que por aquele relvado andaram, correram, espernearam e provocaram, que resolveram fazer a fineza de dar-lhe razão, e substituir a inteligência e o bom futebol, por nervo e vontade.

 

Uma primeira parte desgraçada do nosso lado, aliás, perfeitamente em linha com o que acontecera em Kiev, a meio da semana.

 

Na Ucrânia, o André André começou à esquerda, com o Herrera ao meio e o Brahimi à esquerda. No caos que foi aquele meio-campo, passou para o meio, e as coisas melhoraram.

 

Depois foi acabar na direita, naquilo que agora à posteriori, parece ter sido um ensaio prematuro para o clássico, uma vez que, como se viu, o resultado estava longe de estar garantido, e um milhão de euros que voou pela janela. 

 

No Dragão, o André André começou como havia acabado o jogo anterior, à direita.

 

Jorge Jesus, quando Lopetegui o confrontou na temporada passada, disse queque, enquanto homem, o rival era corajoso por tê-lo feito, mas como treinador...

 

André André à direita foi um sinal de receio de Gaitán? Em boa verdade sempre seria o homem mais perigoso do adversário.

 

O certo é que, uma vez mais, as coisas começaram a recompor-se quando André André passou para o meio.

 

Em ambos os jogos Lopetegui apostou no duplo pivot a meio-campo. Danilo Pereira e Rúben Neves, na Champions, e Rúben Neves e Imbula, para a Liga doméstica.

 

Nas duas partidas o duplo pivot andou aos papéis. Completamente perdidos no primeiro jogo, e em ambos, médios defensivos e linha defensiva excessivamente recuados em relação aos demais médios e avançados.

 

Resultado, um enorme buraco no centro do terreno, que André André logrou, de certa maneira, preencher quando passou para o meio.

 

O exagero foi tal que no Clássico, a dada altura, quando o adversário atacava, e fazia-o fundamentalmente por Gaitán e com os recuos de Jonas, para vir buscar jogo, Rúben Neves e Imbula baixavam de tal maneira, que quase se integravam na linha defensiva.

 

Ou seja, estamos perante equívocos tácticos, exponenciados por uma considerável dose de casmurrice, ou ainda falta trabalho táctico para limar as arestas do sistema, e demonstrar as suas virtudes?

 

Pelo que percebi, em particular no jogo contra o Stoke City, o ensaio do duplo pivot começou na pré época. A colocação de Herrera ao meio, num papel de praticamente segundo avançado, já vem da época passada.

 

Como é que se conjuga isto com rasgados elogios ao treinador?

 

"Concatena, filho, concatena"! - dizem agora os ex-"Gato Fedorento".

 

Não consigo.

Lopeteguicamente correcto

31
Ago15

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Julen Lopetegui resolveu dar uma abébia aos seus inúmeros ilustres "colegas" de bancada e de sofá, e não só retirou Herrera do onze inicial, como ainda lançou Brahimi a 10.

 

Tenho cá para mim que ele, ou alguém do staff, devem ser leitores assíduos de alguns sítios da bluegosfera...

 

Para minha satisfação pessoal, Martins Indi apareceu a lateral-esquerdo, compondo assim, a defesa de quatro "Ms" que, desde Julho, previa vir a ser uma hipótese.

 

Politicamente correcta, ou Lopeteguicamente correcta, como se lê no titulo, a coisa não correu mal. De início. Brahimi, não sendo propriamente um organizador de jogo, mostro-se activo e voluntarioso, q.b., na procura da bola, ainda que depois, com ela nos pés, nem sempre se decidisse pela melhor solução.

 

A opção rendeu um golo madrugador, mas à medida que o tempo foi avançando, tornava-se evidente que haviam ali unidades em claro sub-rendimento: Varela, Tello e Imbula.

 

Qualquer um destes três poderia ser candidato a uma saída precoce. No entanto, certamente para grande alegria de Miguel Sousa Tavares, Lopetegui optou por Varela.

 

Ora, se um cretino será sempre um cretino, um casmurro, será sempre um casmurro.

 

Ausentes quaisquer um dos dois extremos, que na altura lhe restavam no plantel, Hernâni e Ricardo Pereira, a troca directa estava fora de questão.

 

Sai Varela, entra André André, e acabou-se Brahimi a 10. Tello muda para o flanco direito e o argelino vai para a esquerda.

 

E a equipa continuou em queda até ao intervalo, e depois dele. Pior que isso, como Tello para além de pouco mais ter feito que Varela, também não defendia, e Indi pouco avançava, abria-se nas suas costas espaço, por onde o Estoril aproveitava para se esgueirar (coincidência, ou talvez não, quando Tello mudou para a direita, o Estoril começou a mostrar-se mais atrevido por esse lado).

 

Eis senão quando, Lopetegui regressa a si próprio e lança Herrera na partida, por troca com Imbula. Sem que aquele tivesse feito algo de muito relevante, o FC Porto marca o segundo golo, no livre do Maicon.

 

A entrada de Herrera mexeu com o Feng-Shui da equipa. Removido o escolho que obstaculizava o fluxo do ki, o yang e o yin entraram em harmonia.

 

Ou por outras palavras, com Martins Indi, que tem uma menor projecção ofensiva que o seu antecessor, e que o colega do outro lado, no onze inicial, Lopetegui contaria com o dinamismo de Imbula e Danilo, para carrearem o jogo para diante.

 

Como isso não aconteceu, e equipa partiu-se. Herrera acabou por funcionar como o elo de ligação que André André, sozinho não conseguira ser.

 

O segundo golo deitou por terra o atrevimento estorilista, e ainda houve tempo para espetar mais um prego no caixão, onde irá jazer não tarda muito, o que resta da confiança de Aboubakar.

 

Lopetegui começou o jogo satisfazendo os anseios dos adeptos, lopeteguicamente correcto. Porém, à medida que o tempo foi passando, como quem não quer a coisa, foi voltando a si próprio, para acabar no esquema que lhe é habitual.

 

No processo, terá acabado por queimar uma substituição. Será que das três unidades em sub-rendimento, não foi capaz de identificar aquela que mais impacto tinha no (mau) funcionamento da equipa?

 

Ou será que fazer avançar logo ali o Herrera, dava muito nas vistas?

 

O que me parece é que este sistema com o Brahimi a 10, tem potencial, e merece uma segunda tentativa. Mas, se assim fôr, que seja uma experimentação séria e sem pressas de voltar ao que era dantes.

Demolições Danilo, Herrera e Imbula & Cia. Lda.

16
Ago15

Da primeira vez que vi o Danilo Pereira e o Imbula jogarem juntos, chamei-lhes "duo demolidor". Longe de mim andava a ideia de fazer um trio, juntando-lhes o Herrera.

 

De facto, depois de ver o Jorge Jesus sagrar-se bicampeão à base da correria (e não só...), tenho forçosamente de concluir que o jogar futebol está claramente sobrevalorizado, pelo menos por mim, e a cair em desuso.

 

O meio-campo inicial de hoje do FC Porto, foi um autêntico trio de combate. Que se lixe o futebol. Ou melhor, que se lixe pelo centro do terreno. Pelas alas é que é caminho, e pelo meio...eles que tentem, que está em campo a brigada de demolição.

 

E se estes três são as Miley Cyrus de serviço, para o trabalho de minúcia, estiveram lá o Varela, o Maxi Pereira e o Aboubakar.

 

O Silvestre dificilmente perde uma bola, ainda que não consiga dar sequência à jogada.

 

O ex-benfiquista confirmou aquilo que todos sabemos dele: é um filho-de-uma-progenitora-de-profissão-duvidosa, mas...sabe jogar à bola com objectividade, e tem a vantagem de o fazer por dentro ou colado à linha. As duas assistências que deu, confirmam-no.

 

E o Aboubakar, fartava-me de rir se desatasse a marcar golos e a jogar como um predestinado, e que o empresário viesse reclamar por melhores condições, a braçadeira de capitão, e etc.

 

Portanto, a lógica parece ser: se não vai em jeito, vai em força. Que seja, mas que vá!

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Uma estranha sensação de déjà vu

15
Ago15

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Apesar do frisson e curiosidade que todas estas movimentações, entradas e saidas de pré-época, provocam, confesso que não acompanhei muito de perto o nosso arranque de temporada.Talvez alguns espanhóis o tenham feito por mim...

 

No entanto, ainda assim, vi parte do jogo contra o Borussia Mönchengladbach, e os jogos contra o Duisburgo, o Valência e o Stoke City, estes dois últimos em diferido.

 

Do jogo contra os espanhóis não retirei grandes conclusões. Ambos os treinadores pareceram apostados em esconder algo, e apenas preocupados em não perder. Nos restantes encontros, momentos houve em que experimentei uma estranha sensação de déjà vu.

 

E o pior é que, por exemplo, ao contrário do que acontece no "Feitiço do Tempo", em que o Bill Murray aproveitar o facto de reviver continuamente o mesmo dia, para ir corrigindo as asneiras que comete (u), aqui, tenho duvidas que assim seja.

 

Naqueles jogos, nomeadamente sempre que o Bueno estava em campo, vi-me de volta aos empates da temporada transacta, frente ao Vitória de Guimarães, que vamos defrontar amanhã, e ao Estoril-Praia.

 

Não sei se se recordam mas, naqueles dois jogos, entrámos com o Brahimi e o Quintero, como terceiras unidades do meio-campo. Ou seja, na prática, o mesmo que acontece de cada vez que entra o Bueno, o tal avançado disfarçado de médio, como diz o Lopetegui.

 

Tendo em conta que o jogador foi a primeira contratação para a nova temporada, e que o treinador terá sido decisivo na sua vinda, tudo leva a crer que aquele esquema táctico tenha sido delineado a contar com a sua presença.

 

Assim sendo, e a pensar fundamentalmente no campeonato português, parece-me que o 4x3x3 a que estamos habituados, tem os dias contados.

 

Desconfio que Lopetegui quer a equipa instalada no meio-campo adversário, para aí controlar a partida. Duplo pivot a meio-campo, subido, liberdade aos laterais, dois extremos, de certa forma assimétricos: Brahimi ou Varela mais metidos para dentro do terreno, e o Tello, mais colado à linha, um ponta-de-lança, e o Bueno a entrar por detrás, essencialmente para finalizar, que é a sua especialidade, e não a construção de jogo.

 

O duplo pivot do meio-campo tem como função primordial, servir de tampão aos contra-ataques adversários. Um dos dois, mais posicional, fará a posição 6 - em princípio o Danilo Pereira, embora o Rúben Neves tenha arrancado bastante bem, tal como na temporada passada. O outro médio, para alem de bloquear as investidas adversárias, terá como função pivotear, girando a bola de flanco a flanco.

 

Em caso de saída em transição rápida, julgo que o flanco preferencial será o direito, através do Tello e do lateral respectivo. Se não funciona, é temporizar, e a bola vai ao centro, onde o tal pivot a envia para o outro flanco, para o Brahimi ou para o Varela. Aí, ou entra o próprio (no caso do Brahimi. Não vejo o Varela com pedalada para isso...), ou espera pelo lateral, mantendo a posse o tempo suficiente para atrair os adversários. Não resulta? Bola novamente ao centro, e tenta-se do outro lado, em velocidade, para apanhar o adversário desposicionado.

 

Qualquer um dos outros médios faz esta posição. O Imbula e o Herrera, mais ao estilo box-to-box, acrescentando essa variação ao sistema; o André André e o Sérgio Oliveira, com uma maior capacidade de passe vertical à entrada da área; e o Evandro, um misto de ambos.

 

Em relação ao que aconteceu na época passada, nem o Quintero, nem o Brahimi, eram o Bueno, e com o Herrera, o Rúben Neves e o Casemiro este sistema não funcionou. Empatámos ambos os jogos.

 

Amanhã é o tira-teimas. Vamos ver se me engano muito ou pouco.

O que é que poderá correr mal?

08
Jul15

Passámos nas duas últimas temporadas por momentos desportivamente angustiantes, a que não estamos habituados, e que desafiaram assustadoramente a nossa estabilidade emocional.

 

"Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão", reza, com a propósito, o dito popular.

 

Portanto, não admira que os episódios vividos tenham trazido à tona ressentimentos e azedumes, e desenterrado debaixo das pedras, onde repousavam adormecidos, odiozinhos de estimação que, de certeza, para lá não tardarão a voltar, fazendo companhia ao Bruno de Carvalho, quando deixar a presidência do Sporting.

 

Estou com uma boa sensação em relação à época que se avizinha. Querem saber porquê? Aí vai:

 

Não temos um treinador novo, sem experiência significativa no futebol de clubes, e desconhecedor dos meandros da Liga NOS.

 

Não temos um número desproporcionado de jogadores novos, carentes de um período de adaptação ao clube, ao futebol, à cidade, ao Pais, ao treinador, a eles próprios. São poucos os novos (até agora!) que vão chegar "no escuro".

 

Não estamos no ano 0 do projecto. O ano 0 é, por definição, o momento do investimento inicial, o de maior volume, e aquele em que se encaixam as peças e se monta a máquina. Isso já passou. Estamos prontos para começar a laborar em direcção ao pleno.

 

Temia-se, após o investimento inicial, uma quebra na temporada seguinte, com o fechar da torneira a ter como alternativa a prata da casa. Os 20 milhões investidos no Imbula, os nomes sonantes de jogadores de quem se fala, e os dos patrocinadores, vindos hoje a lume, desmentem veementemente essa hipótese.

 

É cada vez mais provável a saída de Quaresma, acabando-se assim com um factor de divisão entre portistas. Acaba-se a patetice do FC Quaresma, e fica apenas o FC Porto. Bem, talvez o FC Festas, o FC Assobios e a massa assobiativa façam as suas inevitáveis aparições, mas quanto a isso, está nas mãos de quem treina e de quem joga.

 

Vítor Pereira vai deixar as nomeações. O sorteio, em princípio, se não se entrar pela discussão da temperatura das bolas, coloca todos em pé de igualdade nesta matéria.

 

Com as contratações, a confirmarem-se, de homens como Maxi Pereira, Casillas ou Drogba, somados a outros como Helton, Maicon ou Varela, a média de idades do plantel vai subir, e consequentemente o nível de experiência competitiva dos jogadores.

 

O treinador do bicampeão nacional, resolveu finalmente, abandonar aquela que, segundo ele e vá-se lá saber porquê, seria a sua zona de conforto, e atravessou a circular para provar que do lado de lá, também consegue ser o melhor do Mundo.

 

Ou seja, perante isto, o que é que poderá correr mal?

 

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