Comecemos, se calhar, pelo fim: não é normal o FC Porto perder em casa com o Marítimo.
Ainda menos normal é chegar a estar a perder em casa com o Marítimo por 0-3, e acabar por mitigar a derrota apenas com um golo, acabando por perder 1-3.
O facto de ter sido para a Taça Lucílio Baptista, a menos prioritária de todas as competições serve de atenuante, mass não deixa de não ser normal.
Não é normal, na primeira parte, com 0-0 no marcador, em casa, num jogo para a Taça Lucílio Baptista, com um onze repleto de jogadores menos utilizados e até da equipa B, os adeptos da equipa, que por acaso, até vai em primeiro lugar no campeonato, assobiem a sua própria equipa.
Não é normal num jogo em casa, em que a equipa ganha por 1-0, e com esse resultado passa para a liderança do campeonato, os adeptos assobiem uma substituição, que não corresponde aos seus anseios.
Não é normal que o treinador da Académica admita que a estratégia que montou para jogar no Dragão, passava por colocar os adeptos do FC Porto contra a própria equipa.
Não é normal que tenhamos chegado a este estado de coisas.
Não é normal que, mesmo os adeptos mais acérrimos defensores do treinador, aqueles cuja confiança inabalável em quem dirige há mais trinta anos os destinos do clube, leva a verem nele o homem certo no lugar certo, apenas por, supostamente ter sido escolhido por quem foi, de certeza que pelo menos por um momento, também eles já franziram o sobrolho perante as escolhas do treinador.
É claro, que pelo muito pouco que vou lendo em alguns blogues, ainda há quem o defenda, mas desconfio que é apenas na expectativa do título em Maio. Será talvez a única parte normal.
Não é normal o ponto a que chegou a saturação e a indiferença dos adeptos perante a equipa, a ausência de identificação com os jogadores e com o clube que conheceram, e que, quanto a mim, os leva, somado ao que leram acima, a instintivamente a reagir, assobiando a própria equipa.
Não é normal que quem dirige os destinos do clube, e o faz há mais de trinta anos, assista, aparentemente, impávido e serenamente, ao descambar das coisas até este estado de divórcio latente.
E menos normal ainda é que o faça, tentando manter a aparência de que afinal, tudo é normal.
Porquê?
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