Herrera. O jogador mais utilizado por Lopetegui na temporada passada, e que faz nos dias que correm, uma penosa travessia do deserto.
Dele disse o treinador à EFE, durante a pausa para os jogos de selecções:
"O ano passado jogou praticamente sempre, mas está há dois anos sem férias. Em 2014 jogou o Mundial e em 2015 a Gold Cup. E isso tem muita influência."
Herrera fez 180 minutos nos dois jogos da selecção mexicana, e foi convocado e foi suplente utilizado nos Açores, contra o Angrense. André André, Danilo Pereira e Rúben Neves não foram convocados.
Conclusão: neste momento, o problema de Herrera, entre outros, que não são agora para aqui chamados, não é o cansaço. O seu maior problema é que, para Lopetegui, passou de indiscutível a descartável.
Tanto num caso, como noutro, vá-se lá saber porquê. É carne para canhão. Quando não joga, é porque está cansado, quando é necessário dar descanso às escolhas que o antecedem na rotação engendrada pelo treinador, não há cansaço que lhe pegue.
André André. Na concepção lopeteguiana do que é o futebol, André André não é médio, é extremo, ou se quiserem, interior, como se dizia à moda antiga.
No futebol de Lopetegui, o médio centro não é um médio,construtor de jogo, porque o jogo se constrói apenas pelas alas, mas sim um segundo avançado.
Assim, tanto pode ser o Herrera, como o Imbula, como o Evandro, como o Bueno, o tal avançado disfarçado de médio.
Com excepções, duas, que me lembre. Quando o Brahimi começou um jogo ao meio, a 10: deu um golo, e acabou-se. E contra o Vitória de Setúbal, em que num meio-campo Danilo-André André, este lá jogo naquela que parece ser a sua posição mais natural.
Dentro desta lógica, André André entra naturalmente, para as contas de Lopetegui, na rotação dos extremos/interiores. Com Brahimi e Tello operacionais, e com o subterfúgio do cansaço provocado pelos compromissos da selecção, está fora das opções.
A não ser que o desespero dite o contrário, como se viu.
Imbula. Ignoremos por um momento o quanto custou.
Contra o Maccabi, jogou naquela posição de médio-centro, que é suposto funcionar como segundo avançado. Contra o Angrense, foi trinco, ou duplo-pivot, juntamente com o Sérgio Oliveira. Agora, contra o Dínamo de Kiev, voltou a ser médio-centro.
Quando olho para ele em campo, parece andar perdido. Já mostrou que tem técnica, e é perfeitamente natural que um jogador recém chegado revele dificuldades de adaptação. Mas, se ainda por cima, a cada jogo lhe pedem para fazer algo de diferente, será que isso ajuda?
Na época passada, quando as posições no centro do terreno ficaram, tanto quanto Lopetegui e as lesões deixaram, definidas, a coisa, mais ou menos carburou. Era Casemiro, Herrera e Óliver, e pronto.
Esta temporada, acabou. Os médios são os do duplo-pivot, e o resto é conversa. O médio-centro é mais um avançado, e o meio-campo, um deserto de ideias.
Alguém, certamente bem mais inteligente do que eu, disse um dia que "os ataques ganham jogos, mas as defesas ganham campeonatos". Eu acrescento: no meio-campo joga-se futebol.