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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

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O "peep show" da arbitragem portuguesa

07
Jan13

 

Quando escrevi o texto "Quem melhor?", fi-lo à pressa e a quente, pois acabara de saber da nomeação do Duarte Gomes para o jogo de ontem na Amoreira.

 

Agora, em retrospectiva, vejo-me forçado a concluir que não dei o realce devido à coisa, e designadamente àquela questão trazida à colação pelo Pedro Proença, sobre o condicionamento dos observadores dos árbitros.

 

O muito trabalho e o facto de o ver secundado por um mentecapto, a aproveitar a ocasião para pedir uma investigação, também não ajudaram.

 

Desconheço a entrevista dada pelo árbitro, e como tal não consigo contextualizar a afirmação produzida. Na versão online do “Record”, só se encontra disponível para “assinantes premium”, que é coisa que não sou, nunca fui, nem alguma vez serei.

 

Terá dito então, qualquer coisa como: Sinto que os observadores estão condicionados porque querem ser da primeira categoria quando não têm qualidades para tal. (Tentam agradar) a quem está no poder.”

 

Antes de mais, causam-me estranheza o porquê e o momento da observação. Que razões de queixa dos observadores dos árbitros, terá pela sua parte Pedro Proença?

 

Tanto ele como o Olegário Benquerença estiveram parte da época passada ausentes dos relvados. No entanto isso não constituiu inibição a que fossem o melhor e o segundo classificado dos árbitros de primeira categoria.

 

O que será que lhe dói? Terá tido má nota do observador no famoso jogo do título na Cesta do Pão? Não sei porquê, mas não me parece.

 

Além disso, que peso terão afinal estas avaliações na classificação final dos árbitros? Pegando no caso de alguém que nos é tão querido, veja-se o que aconteceu ao Bruno Paixão.

 

 

Deixou de ser internacional porque o Conselho Técnico da Comissão de Arbitragem resolveu baixar-lhe uma nota atribuída pelo observador, de 3,4 para 2, e por esse efeito, passou de 8.º classificado para 14.º na supracitada lista.

 

Na parte do timing, dá-se a feliz coincidência da sua ocorrência verificar-se após a má nota atribuída ao Duarte Gomes, que salientei naquele texto. Acredito que, apesar da proximidade entre ambos no apoio a um candidato, não passe disso mesmo: um mero acidente de percurso.

 

Na ausência de uma resposta conclusiva a estas dúvidas iniciais, centremo-nos então no conteúdo, aquilo que verdadeiramente interessa.

 

Diz Pedro Proença que sente os observadores condicionados e compelidos a agradar a quem está no poder.

 

Mas, agradar para quê, e quem é o poder sem rosto a que faz alusão?

 

O que se viu no caso do Duarte Gomes é que, apesar da má nota obtida, isso não obstou a que o Conselho de Arbitragem, indo ao arrepio das suas próprias regras internas, o nomeasse logo de seguida para um novo jogo, quando se lhe vaticinaria um merecido descanso, outrora, conhecido por “jarra”.

 

Esqueçamos agora por um momento estes dois árbitros lisboetas, e pensemos no Rui Costa do nosso jogo contra o Nacional da Madeira.

 

Após a derrota do Sporting contra o Rio Ave para a Taça Lucílio Baptista, foi opinião generalizada, e grandemente consensual, que a expulsão do Eric Dier, que terá precipitado o desastre sportinguista nesse jogo, fora exagerada.

 

Logo, Rui Costa com essa decisão teve influência na forma como decorreu a partida daí em diante, ainda que, para variar, os de Alvalade não chegassem lá mesmo sem a expulsão.

 

O que é que aconteceu a esse árbitro? Foi nomeado para o Dragão. Castigo? Talvez.

 

Deste modo, que relevância tiveram nestas duas situações, a avaliação produzida pelo observador ou a opinião unânime sobre o comportamento do árbitro?

 

De que vale a nota do observador, se o Conselho de Arbitragem majestaticamente a ignora, bem como aquilo que salta à evidência de todos? Rigorosamente nada.

 

Para que é que os observadores farão então o mais ínfimo esforço para agradar?

 

Ao “a quem”, nunca é fácil de chegar cá por estas bandas, mas, de coincidência em coincidência, conseguem-se algumas boas aproximações.

 

No que toca ao Duarte Gomes, não é nada de novo. É o habitual com a personagem. Depois de uma arbitragem menos conseguida havia que animar-lhe o espírito, puxar-lhe pela autoestima, como se fosse preciso. Dar-lhe enfim, uma indicação de que a retaguarda continua bem protegida, antes de o enviar para outra partida de maior importância. A da Amoreira, por exemplo.

 

Quanto ao Rui Costa, convirá ter em atenção que a acção se desenrolava no habitat da Taça Lucílio Baptista, a tal que já vem com vencedor pré-definido no pacote.

 

Correndo a vida bem ao Sporting, e fazendo fé numa hipoteticamente híper-rebuscada hipótese de ainda se apurar para as meias-finais, com quem iria previsivelmente digladiar-se de seguida? O troféu pode estar atribuído, mas há sempre caminho que convém desbravar.

 

Há ainda outra pergunta que me assalta o espírito quando chego ao “a quem”.

 

Então e quando os observadores lhe dão razão, será que nesses casos o demandante da investigação manteria o seu pedido?

 

Estou a lembra-me, por exemplo, do Carlos Xistra na Pedreira, em que o observador considerou o Javi Garcia mal expulso, e teve o merecido destaque na imprensa.

 

 

Perante estes exemplos e situações, a arbitragem portuguesa assemelha-se neste capítulo, a uma sessão contínua de “peep show”, em que os chulos, que estão acima, e que nomeiam e apreciam recursos, e as dançarinas exóticas, chamemos-lhes assim, que apitam, comandam a situação, ao passo que os voyeurs/observadores não passam disso mesmo, limitando-se a tomar notas num caderninho, que pouco mais servem que para gáudio dos anteriores.

 

E a zona de “peep shows” mais conhecida em todo o Mundo, é o “red light district”, de Amsterdão. Outra vez, só uma mera coincidência.

 

Tenho o Pedro Proença na conta de alguém que não fala, apenas porque gosta de dizer coisas, como a prima do Raúl Solnado, ou que ande por aí a espalhar atoardas.

 

Se disse aquilo que veio escrito, será certamente porque sabe de algo inacessível a quem está do lado de fora, e lhe permitirá ter uma visão diferente da realidade.

 

O quê? – é a pergunta que se impõe.


Nota: No trabalho de pesquisa exaustivo que realizei para escrever este texto, reparei que por outras paragens, onde também se fala o português, ainda que, para já, se rejeite o Acordo Ortográfico, o show da arbitragem tem outra(s) qualidade(s), mais apetecida(s), nomeadamente para “peeping toms”.

 

 

Quis custodiet ipsos custodes?*

08
Abr11

 

Portanto, fazendo as contas:

 

Jorge Sousa, Sporting x FC Porto, prejudica o FC Porto. Bom.

 

Carlos Xistra, SC Braga x outra equipa qualquer, na hipótese remota de, eventualmente, quiçá, não ter beneficiado suficientemente a outra equipa qualquer, e, por azar, até, talvez hipoteticamente, a ter prejudicado. Mau.

 

Duarte Gomes, outra equipa qualquer x FC Porto, beneficia a outra equipa qualquer e, simultaneamente, prejudica o FC Porto. Bom.

 

É mais ou menos esta a lógica, não é?

 

Bem, pelo menos ficámos todos a saber que o homem que lança petições pela "verdade desportiva", afinal de contas não pesca nada de futebol.

 

Já agora, só uma ideia parva que me discorreu, como quase todas as que me assolam a mente. Como somos o País das comissões disto e daquilo, porque não criar uma comissão para avaliar o trabalho dos árbitros?

 

Após o términus da partida, e logo que se apagassem as luzes, o que varia consoante os estádios, reuniam-se os delegados ao jogo de ambas as equipas e o observador de árbitros.

 

Para além destes, a comissão poderia integrar mais um quarto elemento. Uma personalidade imparcial de renome e impoluta reputação do panorama futebolístico. Assim de repente, ao calhas, ocorrem-me três nomes para membros efectivos: António-Pedro Vasconcelos, Fernando Seara e Rui Gomes da Silva.

 

Os suplentes poderiam ser, sei lá, o Manuel dos Santos ou o Sílvio Cervan, ou mesmo o Barbas. Ou então o Cruz dos Santos, que até percebe de arbitragem, e já percebeu que o fora-de-jogo posicional não depende do facto de o jogador se encontrar de pé, sentado ou deitado.

 

Os lances a apreciar seriam os escolhidos pelo observador, e poderiam ser utilizados todos os meios de análise, tecnológicos ou não. O observador de árbitros presidiria a comissão, e como tal teria voto de qualidade, na eventualidade de ocorrerem empates, uma vez que são quatro os elementos constituintes da comissão.

 

Da reunião, que teria uma duração limitada, para aí uns quinze minutos, como acontece nos programas desportivos de segunda e terça-feira, seria lavrada uma acta, que seria publicitada e ditaria a classificação do árbitro da partida.

 

O que é que acham?

 

No entretanto, "quem guardará os guardas"?

 


 

(*) É mais conhecida a formulação inglesa desta expressão latina, que é "who guards the guards?". E de facto, só fiquei a saber que existia esta expressão em latim, a partir da leitura do livro "Fortaleza Digital", do Dan Brown.

 

Em português, significa qualquer coisa como, "quem guardará os guardas".