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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Mendes' World, algures no ano 2016

14
Nov14

Ainda amargurado e sem digerir a troca no defeso do sidekick perfeito, di Maria, por James Rodriguez, depois de nova manifestação pública de apreço de Ancelotti por Toni Kroos, com culpas no cartório para Miguel Lourenço Pereira, subitamente, Cristiano Ronaldo sente-se triste, e Florentino Pérez põe os patins ao treinador italiano.

 

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Nem a Champions, o título espanhol e a Taça do Rei chegaram para salvar-lhe a pele.

 

Para o seu lugar surge Julen Lopetegui, recente campeão em título português e semi-finalista derrotado pelo Real Madrid na Liga dos Campeões, que põe assim abruptamente, fim a um projecto a três anos, após um final dramático de campeonato.

 

A derradeira jornada da prova viria a revelar-se decisiva com os dragões e o clube mais grande dos arredores de Carnide a alcançá-la em igualdade pontual.

 

O FC Porto derrota o Penafiel, depois de entrar a perder, com o golo adversário a ser apontado numa assistência de Herrera, em passe ao bom estilo de Secretário. Jackson Martinez empata, através de uma grande-penalidade assinalada por Artur Soares Dias, por falta cometida sobre Adrián Lopez.

 

O tento da vitória e do título, viria a ser obtido por Ricardo Quaresma, de livre directo, já em período de descontos.

 

O mais directo concorrente na luta pelo ceptro de campeão, acaba derrotado nos Barreiros, com um golo de Talisca na própria baliza.

 

Coincidindo com o términus do projecto de Peter Lim em Valência, o sucessor de Lopetegui é Nuno Espiríto Santo, que assim regressa ao Porto depois de ter sido terceiro classificado da La Liga, logo atrás de Real Madrid e Barcelona, e vem finalmente dar alguma substância à hashtag #SomosPorto.

 

O magnata de Singapura abandona Espanha e instala-se na capital lusa, trazendo consigo na bagagem Rodrigo, André Gomes, João Cancelo, Ivan Cavaleiro, Bernardo da Silva e Enzo Pérez, cuja estadia em Mestalla, não foi além de seis meses.

 

Fica assim cumprida a profecia do indivíduo das orelhas protuberantes, de que aqueles jogadores, que haviam saído por empréstimo, um dia regressariam ao seu clube.

 

Fazendo jus ao nome do seu novo proprietário, o clube passa a ser vulgarmente conhecido por Sport Limsboa e vocês sabem o resto.

 

Quem acaba por não beneficiar desta lufada de ar fresco, é o pateta platinado que orientava a equipa. Tão tradicionalmente habituado a morrer na praia, quando em confronto com o FC Porto, como a ser beneficiado por erros de arbitragem nos seus jogos, não consegue resistir a um terceiro lugar, atrás do Vitória de Guimarães de Rui Vitória, que, seguindo à última jornada a dois pontos dos líderes, derrota em Coimbra a Académica.

 

Comovido, o pateta platinado despede-se eloquentemente, como é seu apanágio: "Atão prantes, é assim: sou muita bom, mas fui!"

 

Seguindo na onda das profecias que se realizam, como nos contos de fadas, o seu substituto é Paulo Fonseca, que por sua vez, profetizara que um dia ainda voltaria a treinar um clube grande. Cumpre desse modo o seu sonho inconfessado de menino e, como bónus, segue as pisadas do seu grande ídolo. Um três em um.

 

É este o Mundo de Mendes, Jorge, algures em 2016, ano da graça dele próprio.

 

Rói-te Nostradamus!

 

Subsídios a fundo perdido para nada de especial

06
Mar14

Não sou crente. Embora ache que entendo o conceito de fé, por muito que me esforce, nunca o consegui atingir, e duvido que algum dia lá chegue.

 

Acreditar em algo apenas porque sim, para além daquilo que a racionalidade alcança é coisa que infelizmente, não está nas minhas capacidades. Por isso mesmo, admiro aqueles que o conseguem fazer. Imagino que a sensação seja um misto de conforto salpicado de rushes de adrenalina.

 

Esta minha lacuna estende-se obviamente ao que se passa no futebol. Ora, assim sendo, não consigo juntar-me aos adeptos portistas que nos tempos conturbados que atravessamos, têm fé de que tudo se vai resolver. Basicamente, porque assim tem sido desde há trinta anos para cá, e porque o nosso presidente sabe mais de futebol a dormir, do que muitos bem acordados.

 

Percebo que esta é também a mensagem oficial a passar, ou pelo menos a que foi passada no Porto Canal, pelo José Fernando Rio, após o jogo de Guimarães.

 

Quando a esta mensagem se junta a ideia de que no FC Porto, por tradição, não há chicotadas psicológicas, e que em vez disso se dá tempo e estabilidade aos técnicos para fazerem o seu trabalho, como São Tomé, desconfio.  

 

Porque não me fio inteiramente na minha memória, e por manifesta preguiça intelectual, resolvi ir à Wikipedia em busca de algo mais palpável, que me confortasse.

 

 

 

 

Digamos que os resultados não foram muito diferentes daquilo que a minha depauperada memória ainda guardava, nem do que esperava.

 

Temos então que, nos 31 anos que Pinto da Costa leva como presidente (parece-me que será este o período mais pertinente), a nossa equipa principal teve, até ao Paulo Fonseca, 21 treinadores.

 

Nestes incluo o primeiro de todos, José Maria Pedroto, embora na minha mente não tenha como perfeitamente esclarecido se foi Pinto da Costa que escolheu Pedroto, ou se este que escolheu Pinto da Costa, ou se as circunstâncias daquele Verão quente, escolheram ambos.

 

Incluo também, tal como a Wikipedia, o Rui Barros, apesar da condição de interinato em 2006/2007, mas em cuja qualidade, não deixou de conquistar uma Supertaça.

 

Então e destes, quais foram as apostas bem e mal sucedidas?

 

Friso, como se fosse preciso, que esta é uma opinião pessoal, e tendo em conta fundamentalmente, os resultados obtidos no campeonato/liga.

 

Descontando os dois anteriores pelos motivos apontados, considero que terão sido apostas de sucesso 10 treinadores:

 

- Artur Jorge, entre 1984/85 e 1986/1987;

 

- Tomislav Ivic, em 1987/88;

 

- Carlos Alberto Silva, em 1991/92 e 1992/93;

 

- Sir Bobby Robson, entre 1993/94 e 1995/96;

 

- António Oliveira, em 1996/97 e 1997/1998;

 

- José Mourinho, entre 2001/2002 e 2003/2004;

 

- Co Adriaanse, em 2005/2006;

 

- Jesualdo Ferreira, entre 2006/2007 e 2008/2009;

 

- André Villas Boas, em 2010/2011; e

 

- Vitor Pereira, em 2011/2012 e 2012/2013.

 

Do outro lado, o dos falhanços, temos os rotundos, aqueles que reúnem a unanimidade de quase toda a gente, à parte talvez algum dos próprios, menos dotado para a autoavaliação, e os menos rotundos.

 

Rotundamente falharam:

 

- Quinito, em 1988/89;

 

- Tomislav Ivic, também na sua segunda passagem, em 1993/94, em boa hora terminada para dar lugar à vinda de Bobby Robson;

 

- Octávio, em 2001/2002;

 

- Luigi del Neri, Victor Fernandez e José Couceiro, todos em 2004/2005;

 

Além destes, incluo ainda no lote das “falhas”, mas menos graves:

 

- Artur Jorge, na sua segunda passagem, entre 1988/89 e 1990/1991, apesar de ter conquistado um Campeonato, uma Taça de Portugal e uma Supertaça;

 

- Fernando Santos, entre 1998/1999 e 2000/2001, mesmo tendo vencido o penta, duas Taças de Portugal e outras duas Supertaças;

 

No cômputo global, teremos pois oito casos de insucesso. Se somarmos o Paulo Fonseca, serão nove.

 

As escolhas mais arriscadas foram, para mim, Paulo Fonseca, Villas Boas, Vitor Pereira e Mourinho, precisamente por esta ordem.

 

Paulo Fonseca, como escreveu Pedro Marques Lopes, neste artigo, que surripiei com o devido respeito e vénia, do blog do Dragão Vila Pouca, foi o esticar da corda.

 

Não bastando um treinador com uma experiência relativamente curta, acrescentou-se a ausência de vivência de “clube grande”, algo que nos outros, apesar de tudo, havia.

 

Ou naqueles em que ela não existia, o lastro de experiência de que eram portadores, ou o seu temperamento, e neste caso, estou a pensar muito concretamente no Co Adriaanse, faziam deles fortes candidatos a triunfarem. Faltava-lhes apenas a melhor envolvente.

 

Paradoxalmente, as melhores escolhas, do ponto de vista do binómio resultados internos/externos, foram algumas das escolhas mais arriscadas: Artur Jorge, José Mourinho e André Villas Boas.

 

E o que é que temos mais?

 

Vejamos a parte a evitar. Os nossos piores períodos em matéria de treinadores foram aqueles que se seguiram às conquistas da Taça dos Campeões/Champions, entre 1988/1889 e 1990/91, e 2004/2005.

 

A época de 2004/2005 foi a do mais completo desvario, pois um terço das piores escolhas ocorreu nessa mesma temporada

 

Fernando Santos e Octávio Machado foram os protagonistas do hiato de secura de títulos de campeão nacional, entre 1999/2000 e 2001/2002 – três épocas.

 

No entanto, a eles seguiu-se a nossa fase mais resplandecente, com Mourinho no comando.

 

Esta fase, bem como a do penta foram ambas antecedidas de “chicotadas psicológicas”.

 

O único treinador que permaneceu duas temporadas à frente da equipa sem conquistar o campeonato foi Fernando Santos.

 

Se, nos casos dos técnicos que não lograram conquistar o título de campeão e saíram, se poderá falar em apostas falhadas, neste caso houve uma teimosa persistência no erro.

 

Tal como a manutenção de Jesualdo Ferreira em 2009/2010, quando muito claramente, a motivação para continuar a ganhar era manifestamente insuficiente.

 

Vendo as coisas de outro parâmetro, agora que Marco Silva nos é apontado à força toda, ele que é reconhecidamente benfiquista, diga-se que de todos os treinadores elencados (excluindo sempre Pedroto e Rui Barros), apenas três foram unanimemente reconhecidos como sendo declaradamente portistas: António Oliveira, André Villas Boas e Vitor Pereira. Embora este último não tenha sido bem uma opção, mas mais o resultado conveniente duma exclusão de partes.

 

No fundo, quase tantos quantos os benfiquistas: Fernando Santos e Jesualdo Ferreira.

 

Que poderemos então concluir?

 

Que as coisas estão equilibradas. Em matéria de treinadores, Pinto da Costa acerta muito, mas erra quase tanto quanto acerta.

 

A arte da coisa reside precisamente no prolongamento dos períodos de acerto, que faz com que o número de títulos compense largamente os desacertos. Porém, o exagero na insistência não deu bons resultados.

 

Quando acerta, acerta em cheio, tal como quando erra. Mas quando erra, e dá a mão à palmatória reconhecendo o erro, normalmente a recompensa vale a pena.

 

Quanto ao resto, temos vitórias e derrotas, sucessos e insucessos. Excelentes apostas, boas apostas, apostas assim-assim, más e péssimas. Temos escolhas seguras e o desafio da racionalidade mais básica. Desvario e teimosia. Quase tantos homens da casa, como de casas alheias.

 

Ou seja de tudo um pouco. Certo é que, excluindo o desvario de 2004/2005, as famosas “chicotadas psicológicas”, ainda que sem resultados imediatos, antecederam alguns dos melhores períodos do nosso trajecto de vitórias.

 

É preciso dizer mais?

E se se xaringassem nas putas das desculpas?

05
Mar14

 

A fantochada começou com o Helton. No domingo, vi com os meus próprios olhos, e ouvi pelos meus ouvidos, o Abdoulaye a repetir a gracinha.

 

Mas que merda é esta das “desculpas aos adeptos”?

 

Onde é que estamos?

 

O Helton, que já leva uns anitos bons entre nós, deve saber de onde é que partiu esta ideia peregrina das desculpas aos adeptos. Ao Abdoulaye, ainda lhe dou um desconto.

 

Esta parvoíce das desculpas aos adeptos, que me lembre, ou pelo menos, a primeira vez que a vi, estupefacto, começou no período áureo do benfiquista Vale e Azevedo, quando após um mau resultado qualquer, apareceu aos microfones, a falar em nome do plantel, um pesaroso João Vieira Pinto – olha quem! – a pedir desculpas aos adeptos pelo sucedido.

 

Achei a coisa tão aberrante, que nunca me passou pela cabeça ver jogadores do meu clube a enveredar por tal caminho.

 

Falar com os adeptos, como fez o Bruno Alves após a derrota com a Naval 1.º de Maio em 2008, tudo bem. Pedir desculpas?! Tá tudo doido, ou quê?

 

Alguém se importa de explicar àqueles dois de onde é que isto surgiu. Dizer-lhes que isso não é nosso. É coisa doutros lados, doutras gentes, e é daquelas importações que, como tantas outras, dispenso.

 

Será que alguém á capaz de perguntar àqueles rapazes, ou aos colegas, para que é que nós, adeptos, queremos as desculpas?

 

Estamos a marimbar-nos para as desculpas. O que queremos são resultados, vitórias, títulos. Desculpas, não servem rigorosamente para nada.

 

Expliquem-lhes lá, se faz favor, que o que queremos é que façam jus àquela velha sentença de que as desculpas não se pedem, evitam-se.

 

Melhor ainda, que corram, que se esforcem, que lutem, e se possível, que joguem alguma coisa. Se o fizerem, mesmo que não ganhem, quero lá saber de desculpas!

 

Alguém que lhes explique, porque de um treinador que não consegue explicar o inadmissível, de um treinador que se limita a constatar, qual vítima, mas de mais ninguém senão de si próprio, que, no estado actual do clube, é fácil falar mal dele, mas que permitiu que chagássemos a esse estado, e daí para diante, pouco ou nada fez para inverter a situação, não espero tanto.

 

 

 

E que dizer de uma SAD ou de um presidente que preferem segurar um tal treinador, e dar apertões ao plantel, fazendo os jogadores passarem por entre os seus próprios adeptos, numa suposta humilhação de um cortejo de derrotados, reminiscência de um qualquer filme sobre a Antiguidade Clássica?

 

Então e se experimentassem explicar aos jogadores porque é que aqueles adeptos ali estavam, e o que é que estavam a sentir? Ou não sabem? Ou não querem saber, agarrados às muitas vitórias que já lhes ofereceram?

 

Talvez fosse preferível. Talvez assim os jogadores e o treinador percebessem onde estão. Porque a realidade é que parecem confusos, e nem precisam de meter cidades alemãs ao barulho.

 

Se é verdade que ninguém nasce ensinado, então talvez fosse mais indicado ensinar-lhes, em vez de censurá-los ou humilha-los.

 

Se não quiserem aprender, aí o caso muda necessariamente de figura, mas talvez valesse a pena começar por aí.

 

E por favor, cresçam, sejam homenzinhos, e de uma vez por todas, xaringuem-se nas putas das desculpas!

 

 


Nota: Entretanto, foi-se o Paulo Fonseca. Bela prenda de anos! Para nós! Bem, sobre isso, e a entrada do Luis Castro conto falar depois. Para já, queiram ler em pretérito passado as referências anteriores ao ex-treinador.

A insustentável irrevogabilidade da minha própria opinião

25
Fev14

Bem, agora chega. Um princípio de gripe – afinal, parece que estava mesmo a chocar alguma. Os cabrõezinhos dos bicharocos apanharam-me! - e meio dia de reunião, ajudaram a passar o tempo, e deram margem suficiente para todos aqueles que cá quiseram vir insultar-me, ou que mais não seja, fazer pouco do meu estúpido optimismo.

 

Quem não veio, ou veio e não o fez, azar. Foram complacentes, agora é tarde, acabou o prazo.

 

O que é que se me oferece dizer sobre a nossa equipa, após a derrota de domingo?

 

Honestidade em futebol, não compensa.

 

Ainda que possa não ser no sentido em que poderão estar a pensar, não soa bem, é verdade, e não fica bem a quem tem dois putos para educar, mas é a mais pura das verdades.

 

Se há coisa que salta aos olhos nesta equipa do FC Porto, é a sua honestidade.

 

Com Vitor Pereira, muito fruto da concepção egoísta que este tem do futebol, quando a equipa não jogava, fiquei muitas vezes com a sensação de que não o fazia propositadamente.

 

Os jogadores entretinham-se a trocar a bola entre si porque, para o treinador, o mais importante era furtar o esférico ao adversário, e mantê-lo na nossa posse. Para os jogadores, isso também acabava por se tornar mais cómodo, do que andar a correr que nem uns desalmados.

 

A maior valia técnica de algumas das nossas unidades, chegava e sobrava para tanto, e sempre que necessário, nas alturas decisivas, diziam presente. Isto, a nível interno, que fora de portas, como não poderia deixar de ser, foi outra loiça.

 

Agora, fico quase sempre com a sensação que, salvo honrosas excepções, os jogadores fazem o que podem. Há ali uma honestidade desarmante. Não fazem mais, porque não podem. Não dá para mais. E quem dá o que tem, a mais não é obrigado.

 

Mas devia ser.

 

Com o treinador é a mesmíssima coisa. Os espanhóis têm uma expressão para quando estão confortáveis em certo sítio, ou quando algo está de acordo com a sua vontade: "estar a gusto".

 

O Paulo Fonseca está (ainda) entre nós, mas de há uns tempos a esta parte, ainda que estando, está a custo, em vez de “a gusto”.

 

Nota-se por ali que há um grande desconforto incontido. Quem, quando fala, se refugia em lugares comuns e frases feitas, das duas, uma: ou não tem nada para dizer, ou não quer expressar o que lhe vai na alma.

 

Ora, se no início da temporada a comunicação social exaltava a lufada de ar fresco que os novos treinadores do FC Porto e do Sporting personificavam em matéria comunicacional, ou Paulo Fonseca mudou, ou não o faz porque simplesmente não está para aí virado.

 

E talvez ninguém lhe levasse a mal se tivesse mudado. Veja-se o caso do Leonardo Jardim, que agora parece um calímero de toda a vida.

 

Será sintoma do seu desconforto?

 

O que é certo, é que todos os treinadores que o antecederam, de alguma forma conseguiram impor a sua filosofia de jogo, por mais estapafúrdia que fosse. Co Adraanse, Jesualdo Ferreira, ou Vitor Pereira, todos eles impuseram a sua visão. E triunfaram.

 

No caso do André Villa-Boas, o caso não foi tanto uma questão estratégica, foi mais ao nível da dinâmica incutida aos jogadores, e estes fizeram a estratégia.

 

A presença do Fernando a meio-campo ditou que Paulo Fonseca falhasse rotundamente a este nível.

 

Se a perspectiva que Paulo Fonseca tem do futebol passa por um duplo pivot, com Fernando na equipa isso tornou-se impraticável.

 

Quando Paulo Fonseca tem como referências no futebol Arséne Wenger e o pateta platinado, isso só por si é já preocupante.

 

Para além de serem dois perdedores inveterados, no caso do segundo, para além do seu quê de invertebrado, adivinhar-se-ia a predilecção por um estilo de futebol mais vertical e directo do que aquele a que estamos habituados.

 

Paulo Fonseca, claramente não logrou atingir esse desiderato, e pior ainda, não demonstrou até à data, ser possuidor de suficiente agilidade mental, para conseguir fazer as coisas doutra forma. Daí ao seu estampanço ao comprido e à irrelevância de que falei há dias, foi um apenas um pequeno passo.

 

De resto, confirmado pelo próprio Paulo Fonseca nos últimos dois jogos. Mais do que os lapsos sobre Dortmund, o Bayer ou Leverkusen, fico perplexo quando a equipa perde ou empata, e o treinador nem sequer esgota as substituições.

 

O jogo estava demasiado fechado para o Quintero? Então e não é para isso que serve o Quintero? Para desatar os nós górdios mais apertados.

 

É por demais evidente que Paulo Fonseca atirou a toalha ao tapete.

 

No fundo, o Paulo Fonseca não fez mais do que confirmar aquilo que afirmei: do ponto de vista da estrutura da equipa, a questão está perfeitamente resolvida e estabilizada.

 

 

 

As restrições que o Paulo Fonseca colocou a si próprio, quer pelo afastamento de alguns jogadores, quer pelas suas “opções tácticas”, reduziram-no à sua irrelevância. Olha para o banco, e não vê qualquer alternativa, tornando a sua presença, de pé, de braços cruzados ou a bater palminhas, perfeitamente inútil.

 

O único gesto de que talvez se pudesse socorrer, e eventualmente obter algum sucesso, seria aquele parecido com o do polvilhar culinário, e que entrou no léxico gestual de muitos outros treinadores, com o significado de “troquem a bola”.

 

Mas esse, ao Paulo Fonseca nunca o vi fazer.    

 

Assim sendo, nestes termos, tenho de admitir que não vale a pena continuar. Ir a Frankfurt, Leverkusen ou Dortmund, ou não, tanto faz. É igual. O melhor será mesmo irem uns para um lado, e o outro, para outro.

A nossa época, em duas frases e uma canção

21
Fev14

 

 

“Lasciate ogni speranza, voi ch’intrate”

 

(Inferno, Dante Alighieri)

 

Devia aplicar-se aos adversários que entram no Dragão. Infelizmente, aplica-se é aos nossos sócios e adeptos que lá vão ver jogos europeus.

 

 

 

O nosso treinador fez coisas boas e inovadoras esta época. Infelizmente, as boas não foram inovadoras, e as inovadoras não foram boas.

 

(adaptado, salvo erro, de uma frase de Marcello Caetano)

 

 

“IV. Misplaced Rendezvous

It's getting late, for scribbling and scratching on the paper
Something's gonna give under this pressure
And the cracks are already beginning to show
It's too late
The weekend career girl never boarded the plane
They said this could never happen again
So wrong, so wrong

This time it seems to be another misplaced rendezvous
This time, it's looking like another misplaced rendezvous
With you
The parallel of you, you”

 

("Bitter Suite", Marillion)

 

 

 

Sim, sinto-me estupidamente optimista. Estarei a chocar alguma?

20
Fev14

Antes de mais, quero manifestar o meu mais profundo apreço e sincera admiração pelos que que vêem e persistem em ver o copo (leia-se: o FC Porto, versão 2013-2014), meio vazio.

 

Sou sincero. Em condições normais, não me assiste a menor dúvida que estaria entre Vós. Desta vez, porém, não sei o que se passa comigo. Por mais que o tente, não consigo.

 

Sinto-me doentia e estupidamente optimista, talvez até como nunca me sentira antes, mesmo perante situações bem mais risonhas.

 

Não, não pensem que estou assim por causa do jogo de Barcelos. Posso estar optimista, mas ainda não estou completamente tótó. Esses pastam lá para os lados da Calimeroláxia!

 

 

 
Percebi perfeitamente que aquele Gil Vicente não é nada de especial. Tirando os Hugos Vieiras e os Luíses Martins, e mais um ou outro, que resolvem fazer do jogos que disputam contra nós, os pináculos das suas tristes vidas, não lhe vi nada de especial. Ainda se o Paulo Baptista fizesse de Bruno Paixão…

 

Não, isto já vem de mais atrás. Se num acesso de masoquismo, releremo que escrevi aquando do regresso do Quaresma, percebem facilmente uma nota de franco optimismo. Ou ilusão, que apesar de tudo, se mantém, contra ventos e borrascas.

 

Se costumam passar por cá, também com certeza que já perceberam que a minha veia de optimismo não se confunde com o tomar por maná dos céus toda e qualquer sacrossanta decisão emanada da direcção da SAD.

 

Bem, talvez fizesse melhor se, em vez de jogar conversa fora, desembuchasse porque é que raios é que me sinto optimista, e quem sabe, com uma dose valente sorte, talvez ainda consiga converter um ou dois de Vós. Havia de ser lindo!

 

Então vamos lá. Em primeiro lugar, estou optimista porque nos encontramos claramente na nossa “zona de conforto”.

 

Estamos a quatro pontos do primeiro classificado, que vamos receber no Dragão na última jornada da Liga. Partantos, não dependemos única e exclusivamente do nosso desempenho para revalidarmos o título. O que, paradoxalmente, joga a nosso favor.

 

Claramente preferimos assim, e as coisas correm-nos melhor quando estamos neste estado. Cai-nos melhor o papel do underdog.

 

Até parece que estar em primeiro não nos motiva por aí, além, e daí os deslizes pungentes, que surgem com uma arreliadora naturalidade. Não somos aves de rapina necrófagas em busca da carniça, e quem nos tira o prazer da caça, da perseguição, tira-nos quase tudo.

 

E depois, é como diz o Francesco Bernoulii, no “Carros 2”:

 

“Para destruir os sonhos de alguém, é preciso subir as expectativas!”    

 

Além disso, não sei se já olharam para o calendário de competições. Vamos entrar numa fase de maior regularidade, as interrupções vão ser menores e mais espaçadas, e isso, em princípio, favorece as equipas que fazem da constância exibicional uma regra.

 

O busílis é atingir essa constância, ou que mais não seja a constância pontual, como nos tempos do Villas Boas.

 

Aquele que será sempre o nosso principal rival, como se isso fosse uma grande novidade, ou se o conseguisse efectivamente fazer, avisou de antemão que não vai gerir coisa nenhuma!

 

As intermitências são claramente benéficas para quem insiste em fazer do futebol uma intensa cavalgada, e o faz jogo atrás de jogo. Beneficia ainda as equipas em construção, que precisam mais de treinar do que jogar, para criarem os necessários automatismos, e ressacarem convenientemente, quando a vida lhes corre menos bem.

 

Deste ponto de vista, uma sucessão mais contínua de jogos parece-me que nos será vantajosa.

 

O outro motivo pelo qual estou optimista – sim, são apenas dois! O que é que esperavam? Ficaram desiludidos? – é que conseguimos neutralizar uma das mais perigosas variáveis aleatórias que nos poderiam sair ao caminho: o Paulo Fonseca, o nosso treinador.

 

E aí, verdade seja dita, o mérito é todinho da direcção da SAD.

 

São muitos os que clamam pela substituição do nosso actual treinador, talvez tantos, se não mais, quanto os que ficaram desagradados com a famosa entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal, e nomeadamente com o voto de confiança ao técnico então expresso.

 

 

 

Retive do que se escreveu na altura, a opinião do Miguel Sousa Tavares que, se interrogava, relativamente ao presidente, se “esse dom [do fino conhecimento que sempre teve do futebol] se perdeu algures, ou se ele entrou por uma estranha e suicidária estratégia”.

 

Concluindo, a questionar:

 

“Então, o que pretenderá Pinto da Costa: convencer-nos de que nós – todos nós, os adeptos – depois de 30 anos assistir a vitórias, não somos capazes de perceber de que matéria elas são feitas?”

 

E seremos? – pergunto eu.

 

É que, onde muitos vêem na inacção para a substituição, uma omissão, eu vejo acção no sentido da reparação de um erro, do qual, a direcção, ainda que não o assuma, estará, tudo leva a crer, perfeitamente consciente.

 

Paulo Fonseca é um misto de Luigi del Neri dos tempos modernos, e daquela dona de casa dum anúncio de um óleo (ou de uma margarina, não me lembro), que dizia sonhadora: “Hoje vou variar. Hoje vou fazer maionese de gambas”.
 
 
 
 

Apenas teve a sorte de ter conseguido disfarçar melhor a coisa nos primórdios da sua estadia entre nós, e verdade seja dita, a vida não lhe ter corrido excessivamente mal, conseguindo passar além do período de experimental.

 

A equipa, com aquela estória do duplo pivot e com o Lucho para diante, andava claramente partida, dividida entre um bloco defensivo demasiado recuado e desprotegido pela confusão gerada a meio-campo, e um bloco avançado desapoiado, e com extremos, ou algo parecido, como o Josué, incapazes de catapultarem o jogo para diante.

 

O resultado foi o que se viu na deplorável fase de grupos da Champions que fizemos.

 

Havia que dar uma volta às coisas, e o que é que aconteceu em Janeiro? Para começo de conversa, o regresso do Quaresma.

 

Já por diversas vezes ouvi, inclusivamente da parte do presidente, que o grande obreiro da sua vinda teria sido o treinador.

 

Custa-me a aceitar. Que eu saiba, por onde passou, o Paulo Fonseca nunca treinou grandes vedetas, muito menos uma vedeta do calibre de um Ricardo Quaresma.

 

Acredito que tivesse vontade de experimentar, mas a vinda do extremo, quanto a mim, colocou-o claramente sob pressão. É muito fácil despachar um Iturbe, ou encostar um Kelvin ou um Quintero, quando comparado com o sentar um Quaresma no banco.

 

Se veio, veio para titular. Nem os adeptos lhe perdoariam algo diferente. Com o Quaresma no onze, a equipa tem necessariamente que chegar-se mais à frente. É como disse aquando do seu regresso, liberta os colegas e puxa para diante a tracção da equipa.

 

Por muito que o treinador seja apreciador de cautelas e caldos de galinha, é meio caminho andando para enviar para o esquecimento o tal duplo pivot.

 

Só dou aqui o benefício da dúvida sobre os méritos e o assentimento do Paulo Fonseca para sua vinda, porque simultaneamente, sendo ele, Quaresma, quem é, e vindo inevitavelmente para titular, mais facilmente se justifica aos olhos dos adeptos, o desaparecimento do Kelvin ou do Quintero.

 

Cronologicamente em seguida, tivemos a saída do Lucho. Por muito que se diga que saiu a seu próprio pedido, ninguém me tira da cabeça que houve ali dedo da SAD.

 

A saída do Lucho veio resolver uma situação que o Paulo Fonseca se vinha a revelar incapaz de solucionar convenientemente.

 

Disse, quando escrevi o texto "O Kama Sutra táctico do Paulo Fonseca", que a questão do Lucho era difícil de resolução, fundamentalmente porque ia para além do racional de qualquer adepto, entroncando directamente no plano do emocional.

 

 

E não só dos adeptos. Não me esqueço da homilia em defesa do Lucho Gonzalez, proferida pelo José Fernando Rio no Porto Canal, no pós-match do jogo contra o SC Braga no Dragão.

 

Curiosamente, ou talvez não, quanto a mim, um dos nossos melhores desempenhos da época, e em que o El Comandante, doente, saiu ao intervalo para dar o lugar ao Carlos Eduardo.

 

Defendia o comentador que o Lucho teria sempre lugar naquele meio-campo, pois fazia qualquer uma das três posições em causa.

 

Pelos vistos, o Paulo Fonseca parecia pensar o mesmo, e por isso mesmo, daí para diante limitou-se a fazer a entrar o Carlos Eduardo para dez, e o Lucho recuou no terreno.

 

Isto quando, progressivamente, na mente dos adeptos se ia tornando cada vez mais evidente que, nas condições físicas em que se encontrava então, a única posição possível para o ex-capitão era a de sentado no banco de suplentes.

 

Mesmo recuado no terreno, isso tornou-se bem evidente na derrota da Cesta do Pão. Contra equipas mais pequenas, o Fernando ainda faria à vontade os dois lugares mais recuados do meio-campo, e nem se notaria a “ausência” do Lucho.

 

Contra equipas de outra dimensão, ou na Liga Europa, já não seria assim, com a agravante para a SAD, de termos em campo um jogador, que saltava à vista desarmada não poder com uma gata p’lo rabo, e no banco, jogadores contratados a peso d’oiro, a desvalorizarem-se de dia para dia.

 

E este era um problema que o Paulo Fonseca não queria, ou era incompetente para resolver. A saída do El Comandante facilitou-lhe a vida de sobremaneira.

 

Depois temos a renovação do Fernando. A renovação do Polvo foi a machadada final, assim espero, e penso que todos nós, na estória do duplo pivot. Com o novo capitão em campo, é para esquecer essa hipótese.

 

Finalmente, a venda do Otamendi e o regresso do Abdoulaye. Com esta troca ficou bem transparente que o que está em causa, vá-se lá saber por quê, é a falta de confiança do Paulo Fonseca no Maicon.

 

Só assim se explica a “opção táctica” que foi retirá-lo da equipa, e com que sucesso, na Cesta do Pão, e agora, a entrada do Abdoulaye na equipa, directamente de emprestado a titular.

 

Com todas as panes cerebrais de que o Otamendi vinha padecendo, mantê-lo à disposição do treinador, em especial para as partidas mais importantes, e numa fase em que todas elas são decisivas, era um risco desnecessário de fogo amigo.

 

Assim, como assim, uma vez afastado o Maicon, fica o Abdoulaye, que, não desfazendo, pior do que o argentino não será fácil fazer.

 

Por tudo isto é que eu digo que não vejo qualquer inaccção por parte da Direcção da SAD.

 

Antes pelo contrário, a SAD, apercebendo-se do erro original, que terá sido a contratação do Paulo Fonseca, esteve activa e operante, fazendo aquilo que estava ao seu alcance para, sem dar o braço a torcer, dotar a equipa das condições necessárias para discutir o campeonato até ao fim.

 

E mais, fê-lo entrando por uma área onde, por exemplo, com Vítor Pereira, não o fez: as quatro linhas.

 

Estas entradas e saídas tiveram, ou esperar-se-ia que tivessem, impacto directo na constituição do onze que entrasse para jogar, enquanto que com o Vitor Pereira, o regresso do Lucho, não sendo despicienda a sua presença em campo, teve muito mais em vista pôr em ordem um balneário. Senão, veja-se a chamada em simultâneo do Paulinho Santos à equipa técnica.

 

Desta vez, designadamente uma vez assegurada a continuidade do Fernando, e com a saída do Lucho, criadas expectativas de titularidade em rapazes como o Defour ou o Quintero, o balneário parece pacificado.

 

Com as movimentações operadas, as questões estruturais da equipa e da sua forma de jogar estão resolvidas por exclusão de partes. Restam no fundo, apenas as taras e manias do Paulo Fonseca, como sejam, a ostracização do Maicon, a indecisão rotativa do meio-campo, a preferência pelo Ricardo, em detrimento do Kelvin ou do Quintero, e os seis minutos de glória do Ghilas.

 

Por isso, ainda que compreenda os anseios manifestados por alguns colegas, a substituição do Paulo Fonseca, neste momento, não me parece que seja de todo prioritária, uma vez que aquele se encontra reduzido a uma expressão pouco mais que irrelevante.

 

Assim sendo, e em conclusão, mais do que do treinador ou da SAD, parece-me que estamos nas mãos dos jogadores, e daquilo que resolverem fazer ou não.
 
 
 

Ora, se quase todos eles são internacionais, muitos deles com aspirações a estarem presentes no próximo Mundial, é muito natural que, com portismo ou sem portismo, com tarjas ou sem tarjas, sejam suficientemente espertinhos para perceberem que o seu sucesso e o das suas carreiras, será tanto maior quanto assim o for o da sua equipa. 

 

Dito isto, e abundantemente, três dias após ter começado este monólogo à la Fidel de Castro, tenho a declarar que continuo estupidamente optimista.

 

Com o resto da família toda doente, e rodeado de uma incultura de vírus, germes e outros bicharocos, estarei a chocar alguma?

A verdade nua e crua

04
Fev14

Vamos disputar amanhã com o Estoril-Praia, a passagem às meias-finais da Taça de Portugal. Na temporada passada fomos eliminados nos oitavos-de-final pelo SC Braga.

 

Na época passada ganhámos a Supertaça. Nesta também.

 

Na Taça Lucílio Baptista, estamos nas meias-finais, onde vamos defrontar o sempre virtual vencedor. Em 2012/2013, fomos derrotados na final pelo SC Braga.

 

Na Liga, em caso de empate no próximo fim-de-semana, voltamos apenas a depender de nós próprios para revalidarmos o título, e alcançarmos o bitetra..

 

Ainda assim, porque será que, de cada vez que vejo este vídeo...

 

 

 

 

...não consigo deixar de imaginar que o Paulo Fonseca, é a nossa Miley Cyrus barbuda, que bolada, após bolada, nos vai deitar abaixo as expectativas que tinhamos no início da época?

 


Nota: Aceitem desde já as minhas desculpas todos aqueles a quem possa porventura, ter retirado, um pedacinho só que seja, do interesse do vídeo.  

O kama sutra táctico de Paulo Fonseca

12
Nov13

 

  

Duas descidas à capital do império, e quatro pontos às malvas. Com o apuramento para a fase seguinte da Champions francamente comprometido, há que convir que as coisas não nos correm propriamente sobre rodas.

 

Uma estratégia de duplo pivot demasiado defensiva, para aquilo a que estamos habituados. Panes cerebrais recorrentes, a afectarem à vez a dupla de centrais, quase na proporção inversa ao interesse propalado de alguns tubarões. Um Varela distante. Um Jackson ausente. Um Josué, que não é exactamente um extremo, e um Licá, que não enche as medidas da generalidade dos adeptos. A equipa impulsionada para a frente quase que apenas e só, pela acção dos laterais, e ainda assim com intermitências. Uma aparente ausência de plano de jogo, que faz adiar as substituições possíveis para a vizinhança do irremediável.

 

Há uma série de factores, facilmente identificáveis, em torno dos quais, racionalmente, se reune o consenso dos adeptos.

 

Porém, parece-me a mim que o problema da nossa equipa é mais profundo, e vai para além do racional. Entronca mesmo no emocional, e daí a sua ultrapassagem colocar uma dificuldade acrescida.  

 

Falo do papel do Lucho Gonzalez na equipa e da sua posição em campo.

 

 

 

Não se me oferecem grandes dúvidas que o regresso do Lucho, bem como a integração do Paulinho Santos na equipa técnica, estiveram intimamente ligados à inépcia de Vitor Pereira na gestão do grupo e dos recursos humanos de que dispunha.

 

Faltava uma voz de comando, um líder no balneário e no campo, e ei-lo de regresso.

 

Lucho regressou, mas para uma posição diferente daquela de lançador de jogo, a que nos habituara. Vitor Pereira admitiu que não era ele que lhe dizia para jogar entre linhas, mais adiantado.

 

Com Paulo Fonseca, tendo este confessado a sua admiração por Wenger e pelo pateta platinado, fica-me a dúvida se o posicionamento do Lucho em campo será "fortuito", ou verdadeiramente uma opção táctica.

 

Sendo certo que o duplo pivot pode resultar interessante em jogos como o de Guimarães, como forma de assegurar alguma compacidade defensiva, em momentos que a equipa se vê acossada e forçada a baixar linhas, não deixamos de estar perante a velha história da manta curta.

 

Só com duas unidades, fica a faltar-nos futebol a meio-campo. Nota-se a ausência de um João Moutinho, capaz de guardar a bola, de jogar e de fazer jogar. O futebol de toque, que estava no ADN do FC Porto de Vítor Pereira, e que no exagero, se esgotava em si próprio.

 

Continuo a dizê-lo, das vezes, poucas, que vi o FC Porto jogar, a equipa pareceu-me muito mais próxima de um 4 x 2 x 4, que dum 4 x 2 x 1 x 3, com o Lucho lá para diante, a fazer mais as vezes de um segundo avançado, que de um terceiro médio.

 

Esta posição, uma vez que dos restantes médios poucas bolas lhe chegam em condições, e apenas os laterais parecem talhados para transportar jogo, faz com que o homem tenha de recuar, e corra quilómetros a tentar recuperar bolas na primeira fase de construção de jogo adversária, um pouco à imagem do que fazia o Aimar, com muita, demasiada traulitada à mistura, e por sancionar a maior parte das vezes.

 

Dado o seu actual estado de capacidade física, não me parece um papel muito recomendável. Aliás, a posição que ocupa no terreno faz-me lembrar aquela máxima estratégica futebolística de que, quando alguém se aleija e estão esgotadas as substituições, vai jogar lá para a frente. Faz figura de corpo presente, e pode não surtir em nada, mas ao menos não atrapalha cá atrás.

 

Além disso, as tentativas sucessivas entrar em tabelas no último terço do terreno, onde a aglomeração de jogadores é natural, tem-se revelado pouco mais que infrutífera.

 

Qual seria então a posição ideal do Lucho Gonzalez, partindo do princípio que, do ponto de vista emocional, retirá-lo de campo teria um impacto negativo, quiçá irreparável entre os adeptos?

 

Dadas as suas presentes condições físicas, a sua inegável inteligência, que se traduz numa capacidade de passe de excelência, e a sua menor propensão para o transporte da bola, a escolha óbvia é a de "médio esquecido".

 

Perguntarão: "Que raio?!"

 

Pois bem, o "médio esquecido" é o gajo que antigamente, nos tempos em que eu ainda ia ver treinos, vestia nos treinos de conjunto o colete amarelo.

 

O artista, o cérebro, Il regista à italiana. Os outros, todos atacam e defendem. Ele, limita-se a atacar. Joga pelas duas equipas, e quando algum elemento de uma delas conquista a posse de bola, entrega-lha prontamente e redondinha, para que construa o ataque. Actua num espaço de terreno limitado, mais ou menos confinado entre os meios de ambos os meios-campos. Uma espécie de, bleergh!, Michel Platini dos tempos modernos.

 

É nesta posição que vejo o Lucho Gonzalez. Com o Fernando na cobertura defensiva, e dois médios no apoio, a fazerem os movimentos de compensação acima e abaixo. Um losango, com dois avançados lá à frente.

 

De que sabe lançar os avançados, já deu bastas provas nos tempos do Jesualdo Ferreira. É um facto que os nossos actuais avançados não se chamam Lisandro, nem Quaresma. Nem sequer Tarik, caramba!

 

Daí a opção, um pouco na lógica do Mourinho, por um avançado fixo - o Jackson, e alguém a fazer de Derlei. E aí, tanto pode ser um Varela, cada vez menos extremo, e volta e meia, a revelar-se um finalizador, como um Licá buliçoso, ou mesmo um Quintero. E porque não um Ghilas?

 

Ou seja, o kama sutra táctico do Paulo Fonseca resume-se, no fundo, a uma única posição: a do Lucho Gonzalez. É probrezinho? Pois é. Mas quando resulta... 

Siga o "freak show"!

18
Ago13

 

 

E o Rui Pastorício sempre jogou! Quem diria?!

 

Bem, o José Manuel Meirim disse-o. E teve razão. Tal como dissera que o FC Porto deveria ser excluído da Taça Lucílio Baptista na época passada. E, não teve razão.

 

Uma coisa há a creditar-lhe: coerência.

 

Se no passado defendia a inexistência de estanquicidade entre os jogos das ligas e a taça da dita, agora defendeu o mesmo princípio, e então, o Pastorício, sendo elegível para a liga secundária, obviamente cumpriria aí o castigo decorrente da sua expulsão no jogo de apresentação do seu clube.

 

Faz sentido. Com um senãozinho. Se então, José Manuel Meirim o defendia em nome da verdade desportiva, e em detrimento da preservação da saúde física dos atletas, agora, onde é que fica a verdade desportiva?

 

É que, não sei se repararam mas, a partir de agora, depois desta abstrusa e aberrante situação, nenhuma equipa, desde que possua uma versão B, vai ter jogadores castigados.

 

Basta que o jogo da B se realize antes do da equipa principal, e que o jogador em causa seja elegível (o que não deve ser difícil, mas não me dei ao trabalho de confirmar...).

 

Nem sequer interessa se passaram 48, 72 horas ou 30 minutos entre as partidas. Se o homem está castigado, logicamente não poderá alinhar, logo a questão da antecedência, que tanta tinta fez correr em tempos, e que até a assaltos deu azo, está ultrapassada, e o cadastro limpinho, como dirá alguém.

 

Também não deixa de ser interessante ver o Rui Pastorício ser expulso por tão comezinha ocorrência como aquela.  Não foi algo parecido que o impediu de nos defrontar na temporada transacta, quando deveria ter sido expulso no jogo anterior, e não o foi.

 

Convenhamos que, depois de ver o Hugo Miguel e o Jorge Sousa marcarem penáltis por faltas dos guarda-redes do Trofense e do clube que jogou na ilha dos buracos, e perdoarem-lhes as respetivas exclusões, era injusto o Pastorício ficar a secar.

 

Podia lá perder-se a oportunidade do rapaz arrancar contra o Arouca, logo contra o Arouca (!), uma daquelas exibições de encher o olho, e ainda ser despachado antes do fim do mês?

 

É claro que tendo o Trofense defrontado a nossa equipa B, e sendo a outra equipa aquela que é, nada disto interessa. O que interessa sim, é debater se a acção, normal, ainda que pouco inteligente, do Josué, e a reacção anormal, e ainda menos inteligente do Kieszek, foram adequadamente punidas.

 

Isto, é claro, e como de costume, tendo como ponto de chegada, independentemente dos pressupostos de partida, que a punição do polaco foi exagerada, porque o Josué apenas foi amarelado, mas que se este último tem sido expulso...estava tudo bem.

 

Será que ninguém se irá lembrar que o Kieszek já jogou no Porto? Em Setúbal estas coisas aconteciam amiúde era com jogadores que haviam passado antes por um outro clube, e aí, estava tudo na santa paz.

 

Os do costume dirão que não há nada de anormal, apenas que no futebol português se passam coisas estranhas, e obviamente, é por causa delas que perdem, e perdem, e tornam a perder. Até a Lucílio Baptista...

 

É à conta das coisas estranhas que um FC Porto bisonho, triste e sem rasgo chegou para ganhar ao melhor rival dos últimos trinta anos. Ora, se o treinador que nada ganhou, e nas últimas quatro épocas perdeu mais do que ganhou, diz que está à beira da hegemonia, quem seremos nós, pobres mortais, para duvidar?

 

Valham-nos adversários destes, cujo maior risco que correm é o de deixar tudo exactamente na mesma, como, por exemplo, começar o campeonato, tal como nas últimas quatro temporadas, pela mão daquele treinador, sem saborear a vitória. Pela nossa parte, enquanto forem aparecendo Artur Jorges, Mourinhos, Adriaanses, Villas Boas e Paulos Fonsecas, vamo-nos reinventado, na medida do possível, e mantendo intacta a mesma ambição de sempre.

 

Bem vindos à Liga Zon Sagres 2013-2014!

 

Continuem com o "freak show", que nós seguimos para tetra...