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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Só um bocadinho de nada de coerência, s.f.f.

01
Mai15

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Quem é que nunca escondeu sua admiração por aquele tipo, reconhecendo-lhe mérito, mesmo depois de uma vitória num campeonato, com passagem pelo túnel, e foram os jogadores, unidos, quem afirmou: "Somos Porto"?

 

Quem é que, por via desse reconhecimento, acabou por contribuir para que, uma vez propalado um eventual interesse do FC Porto, o indivíduo, não só renovasse contrato, mas que entrasse diretamente para o top 10 dos treinadores melhor pagos?

 

Quem é que contratou recentemente dois treinadores agenciados por Jorge Mendes, o qual, através do seu parceiro de negócios, deu milhões a ganhar ao nosso rival, comprando jogadores por importâncias consideravelmente superiores ao então, seu valor de mercado?

 

Quem é que contratou jogadores com o auxílio do fundo gerido por um amigo pessoal do presidente do clube nosso rival, o qual, de acordo com Bruno de Carvalho, o terá convidado pessoalmente para reunir-se com o dito presidente, para discutirem alianças?

 

Quem é que não teve peias em associar-se, a bem da salvação da nação do futebol português, a quem patrocinou um autêntico assassinato do seu carácter na praça pública, envolvendo Carolinas, Pinhões e Gatos Fedorentos?

 

Noutro registo, quem é que disse de um ex-Primeiro-Ministro, que "quase que pôs o Benfica como clube do regime", mas que era seu amigo, e continua a sê-lo, comprovando-o indo visitá-lo à prisão de Évora?

 

O Quaresma fez mais do que isto?

 

Porque é que adeptos, que acreditam piamente em Pinto da Costa, apenas por uma questão de fé, que crêem sem precisarem de outra qualquer evidência, para além das vitorias passadas, nas suas escolhas de treinadores, jogadores e na gestão em geral, põem agora em causa o Quaresma?

 

O discernimento que faz fé numas ocasiões, deixa de fazer noutras?

 

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Sim, isto é feio, é abjecto, mete nojo, provoca náuseas e dá vómitos - caramba, a mim faz-me confusão um jogador, seja ele de que clube fôr, festejar um golo despindo a camisola do clube que lhe paga, quanto mais...- mas ainda assim, e que tal só um bocadinho de nada de coerência, se faz favor?

 

Porto über alles

20
Abr15

É amanhã, e não há lugar a grandes dúvidas.

 

O Danilo e o Alex Sandro não jogam, isso é certo. O FC anti-Quaresma anda aparentemente calmo.

 

Contudo, não me surpreenderia mesmo nada que alguém sugerisse o Hernâni, para o lugar do Quaresma. "Ah, e tal, é jovem, é mais rápido, fez um bom jogo contra a Académica e, com o Bayern balanceado para diante...pode engatar um golito num contra-ataque, e decidir a eliminatória".

 

Pois, mas o Quaresma vai ser titular. E o Jackson, com infiltração, ou preferencialmente sem ela, também. O Indi está certo à esquerda, e fica a faltar o outro lado.

 

O Ricardo Pereira tem sido a opção predileta para a direita. Gosto muito do rapaz, e até faz anos no mesmo dia que os meus filhos, mas...são estes jogos que marcam a diferença entre os homens e os meninos.

 

O Ricardo que me perdoe, mas num jogo destes, prefiro a experiência ao sangue na guelra da juventude.

 

Dito isto, optaria por desviar o Herrera que, segundo consta, na primeira mão correu qualquer coisa como uma meia-maratona, para a lateral direita, e reforçar o meio-campo com a experiência do Evandro.

 

Além disso, seja qual fôr o "alemão" que calhe desse lado, o Ribéry, o Müller ou o Götze, terá sempre uma tendência natural para vir para dentro. O Guardiola também prefere que os extremos joguem por dentro, aproveitando o espaço entre linhas, e deixando a linha para o lateral-esquerdo.

 

Por isso, talvez não se justifique do nosso lado, um lateral agarrado à linha, como seria, em princípio, o Ricardo. Fica para a próxima, miúdo!

 

Quanto ao resto, bem o resto pode-se resumir numa máxima octaviomachadiana:

 

"Trabalho, trabalho, trabalho"

 

Ao trabalho, rapazes!

Wunderbar, wunderschön

14
Abr15

Cada vez vou ficando mais maravilhado com o que vou lendo pela bluegosfera.

 

Vamos jogar contra o Bayern de Munique, e qual o melhor tópico de discussão para lançar neste momento?

 

Qual o assunto que mais poderá contribuir para a união dos portistas, em véspera de um confronto deste género?

 

A titularidade ou não do Quaresma! Obviamente!

 

Wunderbar!

 

Uma vez mais o Quaresma eleito como tema do dia. Não tem sido assim a época quase toda?

 

E eis que a árvore frondosa, seja ela qual fôr, donde floresceram dois golos e duas assistências no jogo contra o Estoril-Praia, passa a eucalipto, quando se trata de defrontar os bávaros.

 

Wunderschön!

 

Dê-se o devido crédito pela coragem de quem propõe a não inclusão de Quaresma no onze inicial. Da maneira como as coisas têm corrido, se calha a jogar de início, e as coisas até não lhe correm mal, sai um valente tiro no pé.

 

Se joga e corre mal, perfeito! Comme il faut! Quem é que tinha razão, quem era?

 

Se não joga de início, e as coisas correm bem à equipa...quem é que tinha razão, quem era?

 

Por outro lado, se correm mal, porra, contra o Bayern, também que diferença fazia, ou o que é que esperavam?

 

Não sei, mas assim à primeira vista, parece-me um bocado injusto para com aquele que poderá ser, a par do Bahimi, um dos nossos maiores geradores de desequilíbrios.

 

Quer dizer, comparam-se as ausências de não sei quantos alemães, com as do Jackson, do Tello, e até do Adrián, e depois, por nossa própria iniciativa, fica de fora aquele que tem estado em melhor forma no nosso ataque?

 

Em nome de quê? Ódiozinho de estimação? Não, claro que não. Racionalmente e tacticamente, para reforço urgente do meio-campo!

 

Wunderbar!

 

Reforce-se o meio-campo, baixem-se as linhas, e vamos estar em maus lençóis.

 

O que o Guardiola quer é isso. Sem ter nenhum empatado, recomendo vivamente a leitura do "Herr Pep", de Martin Perarnau.

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Se a filosofia de jogo do catalão, não andar muito longe daquela da época passada, é fácil de perceber.

 

É avançar lentamente até ao meio-campo adversário, sempre em conjunto e a trocar a bola, para uma vez aí chegados, dar largas ao ADN germânico, e soltar os cavalos.

 

Atrair o oponente para um dos lados do campo, fazê-lo bascular até o extremo do outro lado ficar liberto, para depois meter-lhe a bola, e sair finalização ou centro para a área, quando toda a equipa se encontra colocada no terreno adversário e, se não fôr golo à primeira, pronta para disputar a segunda bola.

 

Perante isto, valerá a pena reforçar o meio-campo?

 

Quanto a mim, mais vale pressioná-los na fase lenta da construção do ataque, em que dois deles saem facilmente a jogar da defesa, e o terceiro, normalmente, mete a bola em diagonal para o extremo do lado contrário.

 

E o Quaresma? O Quaresma ultimamente tem-se visto a pressionar, como nunca fizera na vida, e não é por nada, mas tem estado tão bem ou melhor que o Brahimi.

 

Porque é que não haverá de ser titular? Simplesmente porque não? Porque é o Quaresma e vamos jogar contra o Bayern?

 

Relembrem-se do que o Artur Jorge disse no intervalo do jogo de Viena. Que se lixe o meio-campo, este pode ser o jogo de uma vida para alguns dos nossos rapazes!

 

Scheiße para o resto!

Messi e Quaresma

08
Jan15

Afinal, como cantavam os "Resistência", parece que o Quaresma não é o único criançola mal comportado na face da Terra.

 

Ao Grande Lionel Messi, pelos vistos, também lhe caiu mal entrar em campo para fazer uma perninha, jogando uns minutinhos vindo do banco. Que conclusão daqui poderemos tirar?

 

Parece-me evidente que, tanto um, quanto outro, verão nesta situação um castigo, uma reprimenda ou um puxão de orelhas.

 

Também aqueles que, no caso que nos é mais próximo, concluíram que o treinador pôs o Quaresma no seu lugar, e geriu convenientemente o problema do dito, certamente concordarão com esta conclusão. Caso contrário, não fará sentido o seu regozijo.

 

Não é preciso ser um Dostoievski para constatar que não faz sentido castigo, sem crime. Quais foram os crimes de Messi e de Quaresma? Alguém sabe ou soube, antes de os julgar? Se sim, gostava de o saber, pois confesso o meu total desconhecimento.

 

Foi algo recente, ou do género do la fontaineano “O Lobo e o Cordeiro”?

 

Limito-me, por isso, a concordar com o que o Miguel Sousa Tavares disse na sua crónica de final de ano, sobre líderes:

 

"(…) os líderes não se fabricam, nem se afirmam por auto-nomeação. Não basta querer ser, é preciso ser; não basta declarar-se como tal, é preciso ser reconhecido como tal pelos outros; não basta querer aparentar, é preciso parecê-lo naturalmente; não basta falar grosso ou com um tom de voz grosso, é preciso ser escutado no que se diz; não basta arrotar postas autoridade, é necessário que os destinatários a reconheçam sem ser por intimidação”

 

Menos do que isto, em matéria de liderança, e temos um Scolari.

Sim, sinto-me estupidamente optimista. Estarei a chocar alguma?

20
Fev14

Antes de mais, quero manifestar o meu mais profundo apreço e sincera admiração pelos que que vêem e persistem em ver o copo (leia-se: o FC Porto, versão 2013-2014), meio vazio.

 

Sou sincero. Em condições normais, não me assiste a menor dúvida que estaria entre Vós. Desta vez, porém, não sei o que se passa comigo. Por mais que o tente, não consigo.

 

Sinto-me doentia e estupidamente optimista, talvez até como nunca me sentira antes, mesmo perante situações bem mais risonhas.

 

Não, não pensem que estou assim por causa do jogo de Barcelos. Posso estar optimista, mas ainda não estou completamente tótó. Esses pastam lá para os lados da Calimeroláxia!

 

 

 
Percebi perfeitamente que aquele Gil Vicente não é nada de especial. Tirando os Hugos Vieiras e os Luíses Martins, e mais um ou outro, que resolvem fazer do jogos que disputam contra nós, os pináculos das suas tristes vidas, não lhe vi nada de especial. Ainda se o Paulo Baptista fizesse de Bruno Paixão…

 

Não, isto já vem de mais atrás. Se num acesso de masoquismo, releremo que escrevi aquando do regresso do Quaresma, percebem facilmente uma nota de franco optimismo. Ou ilusão, que apesar de tudo, se mantém, contra ventos e borrascas.

 

Se costumam passar por cá, também com certeza que já perceberam que a minha veia de optimismo não se confunde com o tomar por maná dos céus toda e qualquer sacrossanta decisão emanada da direcção da SAD.

 

Bem, talvez fizesse melhor se, em vez de jogar conversa fora, desembuchasse porque é que raios é que me sinto optimista, e quem sabe, com uma dose valente sorte, talvez ainda consiga converter um ou dois de Vós. Havia de ser lindo!

 

Então vamos lá. Em primeiro lugar, estou optimista porque nos encontramos claramente na nossa “zona de conforto”.

 

Estamos a quatro pontos do primeiro classificado, que vamos receber no Dragão na última jornada da Liga. Partantos, não dependemos única e exclusivamente do nosso desempenho para revalidarmos o título. O que, paradoxalmente, joga a nosso favor.

 

Claramente preferimos assim, e as coisas correm-nos melhor quando estamos neste estado. Cai-nos melhor o papel do underdog.

 

Até parece que estar em primeiro não nos motiva por aí, além, e daí os deslizes pungentes, que surgem com uma arreliadora naturalidade. Não somos aves de rapina necrófagas em busca da carniça, e quem nos tira o prazer da caça, da perseguição, tira-nos quase tudo.

 

E depois, é como diz o Francesco Bernoulii, no “Carros 2”:

 

“Para destruir os sonhos de alguém, é preciso subir as expectativas!”    

 

Além disso, não sei se já olharam para o calendário de competições. Vamos entrar numa fase de maior regularidade, as interrupções vão ser menores e mais espaçadas, e isso, em princípio, favorece as equipas que fazem da constância exibicional uma regra.

 

O busílis é atingir essa constância, ou que mais não seja a constância pontual, como nos tempos do Villas Boas.

 

Aquele que será sempre o nosso principal rival, como se isso fosse uma grande novidade, ou se o conseguisse efectivamente fazer, avisou de antemão que não vai gerir coisa nenhuma!

 

As intermitências são claramente benéficas para quem insiste em fazer do futebol uma intensa cavalgada, e o faz jogo atrás de jogo. Beneficia ainda as equipas em construção, que precisam mais de treinar do que jogar, para criarem os necessários automatismos, e ressacarem convenientemente, quando a vida lhes corre menos bem.

 

Deste ponto de vista, uma sucessão mais contínua de jogos parece-me que nos será vantajosa.

 

O outro motivo pelo qual estou optimista – sim, são apenas dois! O que é que esperavam? Ficaram desiludidos? – é que conseguimos neutralizar uma das mais perigosas variáveis aleatórias que nos poderiam sair ao caminho: o Paulo Fonseca, o nosso treinador.

 

E aí, verdade seja dita, o mérito é todinho da direcção da SAD.

 

São muitos os que clamam pela substituição do nosso actual treinador, talvez tantos, se não mais, quanto os que ficaram desagradados com a famosa entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal, e nomeadamente com o voto de confiança ao técnico então expresso.

 

 

 

Retive do que se escreveu na altura, a opinião do Miguel Sousa Tavares que, se interrogava, relativamente ao presidente, se “esse dom [do fino conhecimento que sempre teve do futebol] se perdeu algures, ou se ele entrou por uma estranha e suicidária estratégia”.

 

Concluindo, a questionar:

 

“Então, o que pretenderá Pinto da Costa: convencer-nos de que nós – todos nós, os adeptos – depois de 30 anos assistir a vitórias, não somos capazes de perceber de que matéria elas são feitas?”

 

E seremos? – pergunto eu.

 

É que, onde muitos vêem na inacção para a substituição, uma omissão, eu vejo acção no sentido da reparação de um erro, do qual, a direcção, ainda que não o assuma, estará, tudo leva a crer, perfeitamente consciente.

 

Paulo Fonseca é um misto de Luigi del Neri dos tempos modernos, e daquela dona de casa dum anúncio de um óleo (ou de uma margarina, não me lembro), que dizia sonhadora: “Hoje vou variar. Hoje vou fazer maionese de gambas”.
 
 
 
 

Apenas teve a sorte de ter conseguido disfarçar melhor a coisa nos primórdios da sua estadia entre nós, e verdade seja dita, a vida não lhe ter corrido excessivamente mal, conseguindo passar além do período de experimental.

 

A equipa, com aquela estória do duplo pivot e com o Lucho para diante, andava claramente partida, dividida entre um bloco defensivo demasiado recuado e desprotegido pela confusão gerada a meio-campo, e um bloco avançado desapoiado, e com extremos, ou algo parecido, como o Josué, incapazes de catapultarem o jogo para diante.

 

O resultado foi o que se viu na deplorável fase de grupos da Champions que fizemos.

 

Havia que dar uma volta às coisas, e o que é que aconteceu em Janeiro? Para começo de conversa, o regresso do Quaresma.

 

Já por diversas vezes ouvi, inclusivamente da parte do presidente, que o grande obreiro da sua vinda teria sido o treinador.

 

Custa-me a aceitar. Que eu saiba, por onde passou, o Paulo Fonseca nunca treinou grandes vedetas, muito menos uma vedeta do calibre de um Ricardo Quaresma.

 

Acredito que tivesse vontade de experimentar, mas a vinda do extremo, quanto a mim, colocou-o claramente sob pressão. É muito fácil despachar um Iturbe, ou encostar um Kelvin ou um Quintero, quando comparado com o sentar um Quaresma no banco.

 

Se veio, veio para titular. Nem os adeptos lhe perdoariam algo diferente. Com o Quaresma no onze, a equipa tem necessariamente que chegar-se mais à frente. É como disse aquando do seu regresso, liberta os colegas e puxa para diante a tracção da equipa.

 

Por muito que o treinador seja apreciador de cautelas e caldos de galinha, é meio caminho andando para enviar para o esquecimento o tal duplo pivot.

 

Só dou aqui o benefício da dúvida sobre os méritos e o assentimento do Paulo Fonseca para sua vinda, porque simultaneamente, sendo ele, Quaresma, quem é, e vindo inevitavelmente para titular, mais facilmente se justifica aos olhos dos adeptos, o desaparecimento do Kelvin ou do Quintero.

 

Cronologicamente em seguida, tivemos a saída do Lucho. Por muito que se diga que saiu a seu próprio pedido, ninguém me tira da cabeça que houve ali dedo da SAD.

 

A saída do Lucho veio resolver uma situação que o Paulo Fonseca se vinha a revelar incapaz de solucionar convenientemente.

 

Disse, quando escrevi o texto "O Kama Sutra táctico do Paulo Fonseca", que a questão do Lucho era difícil de resolução, fundamentalmente porque ia para além do racional de qualquer adepto, entroncando directamente no plano do emocional.

 

 

E não só dos adeptos. Não me esqueço da homilia em defesa do Lucho Gonzalez, proferida pelo José Fernando Rio no Porto Canal, no pós-match do jogo contra o SC Braga no Dragão.

 

Curiosamente, ou talvez não, quanto a mim, um dos nossos melhores desempenhos da época, e em que o El Comandante, doente, saiu ao intervalo para dar o lugar ao Carlos Eduardo.

 

Defendia o comentador que o Lucho teria sempre lugar naquele meio-campo, pois fazia qualquer uma das três posições em causa.

 

Pelos vistos, o Paulo Fonseca parecia pensar o mesmo, e por isso mesmo, daí para diante limitou-se a fazer a entrar o Carlos Eduardo para dez, e o Lucho recuou no terreno.

 

Isto quando, progressivamente, na mente dos adeptos se ia tornando cada vez mais evidente que, nas condições físicas em que se encontrava então, a única posição possível para o ex-capitão era a de sentado no banco de suplentes.

 

Mesmo recuado no terreno, isso tornou-se bem evidente na derrota da Cesta do Pão. Contra equipas mais pequenas, o Fernando ainda faria à vontade os dois lugares mais recuados do meio-campo, e nem se notaria a “ausência” do Lucho.

 

Contra equipas de outra dimensão, ou na Liga Europa, já não seria assim, com a agravante para a SAD, de termos em campo um jogador, que saltava à vista desarmada não poder com uma gata p’lo rabo, e no banco, jogadores contratados a peso d’oiro, a desvalorizarem-se de dia para dia.

 

E este era um problema que o Paulo Fonseca não queria, ou era incompetente para resolver. A saída do El Comandante facilitou-lhe a vida de sobremaneira.

 

Depois temos a renovação do Fernando. A renovação do Polvo foi a machadada final, assim espero, e penso que todos nós, na estória do duplo pivot. Com o novo capitão em campo, é para esquecer essa hipótese.

 

Finalmente, a venda do Otamendi e o regresso do Abdoulaye. Com esta troca ficou bem transparente que o que está em causa, vá-se lá saber por quê, é a falta de confiança do Paulo Fonseca no Maicon.

 

Só assim se explica a “opção táctica” que foi retirá-lo da equipa, e com que sucesso, na Cesta do Pão, e agora, a entrada do Abdoulaye na equipa, directamente de emprestado a titular.

 

Com todas as panes cerebrais de que o Otamendi vinha padecendo, mantê-lo à disposição do treinador, em especial para as partidas mais importantes, e numa fase em que todas elas são decisivas, era um risco desnecessário de fogo amigo.

 

Assim, como assim, uma vez afastado o Maicon, fica o Abdoulaye, que, não desfazendo, pior do que o argentino não será fácil fazer.

 

Por tudo isto é que eu digo que não vejo qualquer inaccção por parte da Direcção da SAD.

 

Antes pelo contrário, a SAD, apercebendo-se do erro original, que terá sido a contratação do Paulo Fonseca, esteve activa e operante, fazendo aquilo que estava ao seu alcance para, sem dar o braço a torcer, dotar a equipa das condições necessárias para discutir o campeonato até ao fim.

 

E mais, fê-lo entrando por uma área onde, por exemplo, com Vítor Pereira, não o fez: as quatro linhas.

 

Estas entradas e saídas tiveram, ou esperar-se-ia que tivessem, impacto directo na constituição do onze que entrasse para jogar, enquanto que com o Vitor Pereira, o regresso do Lucho, não sendo despicienda a sua presença em campo, teve muito mais em vista pôr em ordem um balneário. Senão, veja-se a chamada em simultâneo do Paulinho Santos à equipa técnica.

 

Desta vez, designadamente uma vez assegurada a continuidade do Fernando, e com a saída do Lucho, criadas expectativas de titularidade em rapazes como o Defour ou o Quintero, o balneário parece pacificado.

 

Com as movimentações operadas, as questões estruturais da equipa e da sua forma de jogar estão resolvidas por exclusão de partes. Restam no fundo, apenas as taras e manias do Paulo Fonseca, como sejam, a ostracização do Maicon, a indecisão rotativa do meio-campo, a preferência pelo Ricardo, em detrimento do Kelvin ou do Quintero, e os seis minutos de glória do Ghilas.

 

Por isso, ainda que compreenda os anseios manifestados por alguns colegas, a substituição do Paulo Fonseca, neste momento, não me parece que seja de todo prioritária, uma vez que aquele se encontra reduzido a uma expressão pouco mais que irrelevante.

 

Assim sendo, e em conclusão, mais do que do treinador ou da SAD, parece-me que estamos nas mãos dos jogadores, e daquilo que resolverem fazer ou não.
 
 
 

Ora, se quase todos eles são internacionais, muitos deles com aspirações a estarem presentes no próximo Mundial, é muito natural que, com portismo ou sem portismo, com tarjas ou sem tarjas, sejam suficientemente espertinhos para perceberem que o seu sucesso e o das suas carreiras, será tanto maior quanto assim o for o da sua equipa. 

 

Dito isto, e abundantemente, três dias após ter começado este monólogo à la Fidel de Castro, tenho a declarar que continuo estupidamente optimista.

 

Com o resto da família toda doente, e rodeado de uma incultura de vírus, germes e outros bicharocos, estarei a chocar alguma?

Contigo e sem tigo (ou "Não me torçam mais o bracinho, que já dói!")

21
Jan14

 

 

 

Quando o Jesualdo Ferreira deixou o Bosingwa sentado no banco na final da Taça de Portugal, fui daqueles, vai na volta o único, que achou que o Ricardo Quaresma era outro que também não devia ter levantado o traseiro daquele assento. Ou sequer equipado para a final, valha-me Deus!

 

Irritava-me todo aquele desprezo pelo jogo que exibira ao longo da temporada. Parecia que nada do que se passava em campo era com ele. Quando a bola lhe chegava aos pés, sim senhor, lá inventava qualquer coisa. Quando saía bem, era genial. Quando não, uma completa borrada, e se o assobiavam, com toda a razão deste Mundo, era outra vez o raio do desprezo por quem o fazia.

 

Numa palavra: irritante. Um génio, mas irritante como o raio que o parta.

 

Depois do jogo de ontem, admito-o, tenho de dar o braço a torcer. Estou rendido. Este Quaresma faz falta ao FC Porto, ao meu FC Porto. E até este Quaresma.

 

Nos últimos anos, a nossa equipa, muito por culpa do perfil apagado de alguns dos treinadores que por aquela cadeira de sonho têm passado, é uma equipa certinha, competente, mas triste, bisonha. Macambúzia, como os homens que ocasionalmente a dirigem, sem chama e sem rasgo. Refiro-me mais especificamente a Jesualdo Ferreira e a Vitor Pereira. Com Villas Boas, nem sempre tivemos ópera ou ballet, mas ao menos havia aquele brilhozinho nos olhos!

 

O Quaresma gera desequilíbrios e introduz uma nota de imprevisibilidade que fazia falta ao nosso jogo em geral, e ao ofensivo, muito em particular.

 

Os adversários não fazem a mínima ideia do que é que vai sair a seguir daqueles pés. Porra, nem os próprios colegas, quanto mais...

 

A presença do Quaresma na equipa é libertadora para os demais. Leva-os a tentar aquilo, que de outra forma, nem lhes passaria pela cabeça arriscar. "Se ele faz aquilo, porque não nós!?" 

 

É claro, que nem todos são Quaresmas, mas ao menos que tentem, sem o receio de errar aquele passe mais temerário, ou aquele remate, quase impossível, que tantas vezes os parece tolher.

 

Para os brasileiros, o Pelé era o Rei, mas o Mané Garrincha era a "alegria do povo". O Quaresma é a nossa versão da alegria, com um toque gitano.

 

Enquanto adeptos do FC Porto, temos a sorte de, volta e meia, ser bafejados com o regresso de um daqueles que em tempos, envergaram a nossa camisola. Uma espécie de antes e depois. Com e sem.

 

Comecei a ver o FC Porto sem Gomes, e tive depois a sorte de vê-lo com Gomes. Vi o FC Porto com Sousa e Jaime Pacheco, depois vi sem, e voltei a vê-los ambos com as nossas cores.

 

O mesmo com o Vítor Baía, o Rui Barros e o Lucho Gonzalez. Do Secretário, aquele passe para o golo do Acosta, deixa-me reticências...

 

Por outro lado, tive o desgosto do Futre ter optado por rumar a outras paragens quando regressou, e suspirei pelo regresso do Jardel, que acabou por ir para o Beira-Mar. Quem sabe se o Lisandro ou o Hulk, não voltarão um dia?   

  

Agora temos o Quaresma. Para já, um bem vindo pontapé na modorra. E de trivela.