Segunda-feira, 16 de Abril de 2012

Nem o Arthur C. Clarke explica, quanto mais o Freud

Passado que foi o fim de semana, ainda não me consegui decidir sobre o que é que me deixou mais chocado, se as vaias com que terão sido recebidos os jogadores, e em particular o treinador, da equipa que conquistou a Taça Lucílio, se ficar a saber que a Rihanna é fã de pornografia brasileira.

 

 

Quando confrontados os relatos surgidos por alturas da sua época de sucesso, de que o Prof. Doutor Rei da Chuinga telefonava para o Rui Costa às tantas da madrugada, para lhe falar dos jogadores que tinha acabado de ver nas transmissões nocturnas do(s) campeonato(s) brasileiro(s), e as contratações de Kardecs, Airtons e Emersons, o que me surpreenderia mesmo era se ao contrário, as vaias fossem para a Rihanna.

 

Há coisas que não compreendo. Censuram-nos porque, dizem eles, falamos mais do clube deles do que do nosso. Criticam-nos porque, dizem eles, vibramos mais com as derrotas do clube deles, do que com as vitórias do nosso. Queixam-se de que não os respeitamos.

 

Mas vai-se a ver, e afinal de contas acabamos todos por estar de acordo. Aquilo que dizem do treinador deles, é igual ou pior que aquilo que nós já vimos dizendo, e não é de hoje.

 

Nós também criticamos o nosso? É verdade. Contudo o nosso nunca passou por um estado prévio de graça. Coitado, mal lá chegou, começou logo a ser zurzido sem piedade. Também é verdade que, por si próprio, ainda não ganhou nada que lhe conferisse o acesso a esse estado gracioso.

 

Eles, parece que finalmente atingiram o conceito de que a Taça Lucílio não passa de um sucedâneo de coisas de que efectivamente gostamos, mas que por algum motivo nos estão vedadas, e que se situa algures na lista entre itens como o adoçante, o descafeínado, a cerveja sem álcool e os bife de soja.

 

Se lhes falarmos em nomes como Luís Filipe Vieira, João Gabriel, Rui Gomes da Silva, Sílvio Cervan ou Pragal Colaço, vade retro Satanás. Nem querem saber, gostam tanto deles, como dos nossos.

 

Do canal de televisão alusivo, idem, aspas, aspas. Se estranhamos, e franzirmos o sobrolho, respondem que não são Marias-vão-com-as-outras, e até pedem, desnecessariamente, licença para que os deixemos pensar pelas suas próprias cabeças. E sabem fazê-lo. Não me estou a referir à massa anódina de adeptos, mas sim à creme-de-lá-creme, a cabeças hábeis, capazes formular de raciocínios coerentes e articulados.

 

Sendo assim, estamos de novo de acordo. Eles não gostam dos deles, e nós também não. Eles não gostam dos nossos, e nós, podemos ter algumas dúvidas ocasionais e passageiras, mas não os trocávamos pelos deles in a million years.

 

Se não gostam deles, algum bom motivo deve haver. Como disse, estamos perante seres inteligentes, logo, não será apenas porque sim ou porque não.

 

Não confiam neles? Desagrada-lhes o seu modus operandi? Então não percebo porque é que depois, quando expomos alguns dos nossos pontos de vista, são tidos a título de “teorias da conspiração”.

 

Ou porque é que, não raro, vemo-los a subscrever pontos de vista idênticos aos daqueles personagens? “Os árbitros, os árbitros, os árbitros!”
 
 

 

Melhor ainda, será que antes de insultarem o treinador e os jogadores, festejaram o título conquistado? Ou a seguir, depois de esfriados os ânimos. Será que se indignaram e se abstiveram de festejar os títulos, poucos, mas ainda assim, alguns, que conquistaram com aquelas pessoas ao leme dos destinos do seu clube?

 

A bem dizer, podem não ter sido brilhantes até aqui, mas sempre foram os melhores dos últimos vinte anos…

 

Num ponto tenho a certeza que estamos em discordância total e absoluta. Eles, não gostam dos deles, mas apesar de tudo, querem (julgo eu!) que o seu clube vença, dê lá por onde der.

 

Nós, não. De que lado está a coerência?

 

Quanto a mim, já decidi o que é que mais me chocou no fim de semana: vão tropas portuguesas a caminho da Guiné Bissau, enquanto por cá há maternidades a fechar e estudantes universitários a desistirem dos seus cursos, por falta de meios financeiros.

 


 

 

 

Nota: Arthur C. Clarke, Sir – autor de ficção científica, que entre outros títulos, escreveu “2001: Odisseia no Espaço”, e apresentava na minha meninice/juventude a série "O Mundo Maravilhoso de Arthur C. Clarke".

 

sinto-me:
música: People are people - Depeche Mode
publicado por Alex F às 18:27
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