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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

A anormalidade normal

30
Dez15

Comecemos, se calhar, pelo fim: não é normal o FC Porto perder em casa com o Marítimo.

 

Ainda menos normal é chegar a estar a perder em casa com o Marítimo por 0-3, e acabar por mitigar a derrota apenas com um golo, acabando por perder 1-3.

 

O facto de ter sido para a Taça Lucílio Baptista, a menos prioritária de todas as competições serve de atenuante, mass não deixa de não ser normal.

 

Não é normal, na primeira parte, com 0-0 no marcador, em casa, num jogo para a Taça Lucílio Baptista, com um onze repleto de jogadores menos utilizados e até da equipa B, os adeptos da equipa, que por acaso, até vai em primeiro lugar no campeonato, assobiem a sua própria equipa.

 

Não é normal num jogo em casa, em que a equipa ganha por 1-0, e com esse resultado passa para a liderança do campeonato, os adeptos assobiem uma substituição, que não corresponde aos seus anseios.

 

Não é normal que o treinador da Académica admita que a estratégia que montou para jogar no Dragão, passava por colocar os adeptos do FC Porto contra a própria equipa.

 

Não é normal que tenhamos chegado a este estado de coisas.

 

Não é normal que, mesmo os adeptos mais acérrimos defensores do treinador, aqueles cuja confiança inabalável em quem dirige há mais trinta anos os destinos do clube, leva a verem nele o homem certo no lugar certo, apenas por, supostamente ter sido escolhido por quem foi, de certeza que pelo menos por um momento, também eles já franziram o sobrolho perante as escolhas do treinador.

 

É claro, que pelo muito pouco que vou lendo em alguns blogues, ainda há quem o defenda, mas desconfio que é apenas na expectativa do título em Maio. Será talvez a única parte normal.

 

Não é normal o ponto a que chegou a saturação e a indiferença dos adeptos perante a equipa, a ausência de identificação com os jogadores e com o clube que conheceram, e que, quanto a mim, os leva, somado ao que leram acima, a instintivamente a reagir, assobiando a própria equipa.

 

Não é normal que quem dirige os destinos do clube, e o faz há mais de trinta anos, assista, aparentemente, impávido e serenamente, ao descambar das coisas até este estado de divórcio latente.

 

E menos normal ainda é que o faça, tentando manter a aparência de que afinal, tudo é normal.

 

Porquê?

 

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São feijões senhores, são feijões

18
Mai14

 

A primeira edição da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada a título oficial, e sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol, foi a correspondente à época de 1980/81.

 

Foi a primeira vitória do FC Porto a que assisti. Estava a jogar à bola na rua, coisa que se fazia naquele tempo, mas fui a casa por um instante, e apercebi-me que estava a dar futebol na televisão. Fiquei a ver. Era a segunda mão, e esse jogo marcou, salvo erro, a estreia do capitão João Pinto, que jogou a médio.

 

Ganhámos, e no final, o guarda-redes adversário, o falecido Manuel Galrinho Bento, teve aquela famosa tirada de que era uma taça "a feijões".

 

Com feijões ou sem feijões, a continuação do nosso jogo na rua tornou-se numa reedição daquela Supertaça.

 

Hoje, tive o azar de ir comer uns caracóis num restaurante ao pé de casa. Dada a hora, tive o cuidado de fazer um prévio reconhecimento do terreno. Tudo calmo. Um plasma cuidadosamente virado para a esplanada, mas muito pouca gente na rua, que o Verão antecipado parece que se foi.

 

Fui buscar a família, e ainda cheguei a tempo de assistir aos minutos finais da Taça de Portugal. Qual não é o meu espanto quando, ainda não tinha terminado a partida, e já se falava em "triplete". "A primeira equipa a ganhar as três competições"!

 

No final do jogo, lá veio o pateta platinado, de três dedos em riste, como é seu costume, com a mesma estória. Do pateta platinado espera-se tudo. Dadas as limitações que todos lhe reconhecemos, acrescidas pela emoção do momento, dá-se o devido desconto e nem vale a pena entrar pelo caminho da desonestidade intelectual, por aquilo que em direito se poderia chamar de "flagrantíssima impossibilidade de objecto".

 

Só que a seguir, cada um dos pés de microfone da estação de televisão pública que tomou da palavra, fez questão de reiterar a estória.

 

E aqui já fico com a pulga atrás da orelha. Uma coisa é o João Bonzinho esquecer-se que o FC Porto foi uma das equipas, a par do Sevilha, do Bayern de Munique, do Manchester United e de uma outra, que logrou marcar presença em duas finais europeias consecutivas. E, hélas, para ele, é claro, logo havia de as conquistar. Apenas, ao contrário dos demais, foram finais de competições diferentes, e talvez daí a confusãozinha.

 

Outra coisa é tantos esquecerem-se da Supertaça Cândido de Oliveira. Ganharam três competições, é certo, mas não ganharam, nem "as três competições", como ouvi a alguns, nem sequer as três mais importantes.

 

Que eu saiba, em termos de importância, temos a nível nacional, por ordem decrescente: o Campeonato ou Liga, a prova rainha - a Taça de Portugal, e a Taça que opõe os vencedores destas duas - a Supertaça.

 

Compreende-se que queiram hipervalorizar a Taça Lucílio Baptista, basta ver quem ganhou mais edições, mas isto é como no poker. Um trio, é sempre um trio, mas pode ser de duques ou de ases. E os ases ganham aos duques.

 

Ou seja, nem a tal equipa conquistou o triplete de maior valor, nem foi a primeira a fazê-lo. Ainda muito recentemente, o FC Porto de Villas Boas conquistou a Liga, a Taça de Portugal e a Supertaça. Esse sim, o triplete real.

 

Portanto, é o costume. Podiam fazer as coisa doutra maneira? Podiam, mas não era a mesma coisa. Querem festejar? Festejem à vontade, mas na devida proporção, e sem atirar areia para os olhos dos outros, se faz favor.

 

E não se esqueçam, na próxima temporada a Supertaça vai ser outra vez a feijões. Mas talvez d' oiro!    

O bê-à-bá da domesticação de mentecaptos

22
Fev14

"[Jesus] limitou-se a contestar uma decisão real e inequívoca da arbitragem. Dessa falha grave e indiscutível resultou a vitória do clube visitante e consequente vitória do campeonato, por parte do clube que beneficiou do erro"

 

"O árbitro em causa tinha todas as condições para ver a falta e tinha a obrigação funcional de o fazer, e não o fez, por motivações que só ele sabe"

 

"O treinador, que era um dos grandes ofendidos do erro cometido, passou, por artes mágicas, a arguido e, nessa qualidade, punido disciplinarmente"

 

Das hipóteses abaixo, escolha e indique, em menos de 2 minutos e picos, aquela, e apenas aquela, que corresponda ao autor das frases acima reproduzidas:

 

a) Luis Filipe Vieira;

 

b) um familiar do pateta platinado, o herói da Merdaleja;

 

c) Jorge Nuno Pinto da Costa;

 

d) um qualquer outro elemento azul e branco, que tenha por hábito remeter fruta e conviver com árbitros de futebol no seu domícilio;

 

e) um sportinguista, depositante de importâncias monetárias nas contas bancária de árbitros, expositor em público dos dados pessoais destes, e destruidor exímio de montras de talho;

 

f) Herculano Lima, o ilustríssimo e iluminadíssimo mafarrico portista que preside à Comissão Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol;

 

 

   

Este desafio tem como principais destinatários os ilustres sportinguistas Eduardo Barroso e Dias Ferreira. Sendo possuidores de formação superior e figuras de proa nas suas actividades profissionais, certamente que, apesar de ser ténue a linha que separa a clubite da desonestidade intelectual, não lhes será complicado demonstrar que é possível a existência de inteligência, também no futebol.

 

Tendo em conta aquelas frases, poderão ainda aproveitar para explicar aos seus correligionários, assumindo que estes não serão totalmente mentecaptos, porque é o Conselho de Disciplina não lhes dá garantias de imparcialidade, no que toca ao FC Porto.

 

Peguem nestes dois sportinguistas, e mais no presidente, e peguem num benfiquista, e mostrem-me as diferenças.

 

Cada vez mais, a melancia costumava ser uma fruta de Verão, nos dias de hoje é fruta da época o ano inteiro.

Digam-me que estou enganado (ou "O teste da melancia")

15
Fev14

Por favor, digam-me que estou enganado. Que não estou a ler bem.

 

Digam-me que não é verdade que este filho de uma putéfia, coitada, que de certo não terá culpa pelo acto falhado de gente que pôs no Mundo, em vez pedir a derrota dos vizinhos, no jogo que o vento levou, vem agora pôr em causa a imparcialidade do Conselho de Disciplina da Liga, apenas e só, em função das perguntas feitas a alguns intervenientes no processo, e que transpiraram para a imprensa.

 

Curioso é que, antes do relatório da Comissão de Instrução e Inquérito, não se soube se esta quis ouvir ou ouviu alguém, ou que perguntas foram feitas, para além da posição que foi amplamente divulgada do clube do pateta alegre em questão.

 

 

 

Digam-me que na citação desta primeira página falta a palavrinha "selectivamente". Ou seja, que seria assim: «Vamos acabar "selectivamente" com a impunidade no futebol português!». Porque é isso que deve estar em causa.

 

Este cabrãozeco está atrasado. Não atrasado no sentido que possam eventualmente cogitar, mas atrasado porque, aqui há uns anos atrás, houve uma fase em que estavam na moda os testes.

 

Eram testes sobre tudo e mais alguma coisam, e nada em especial. Agora o que está na moda são os testes de stress da banca e as avaliações da troika.

 

O que este fulano vem fazendo, desde que começaram a conceder-lhe direito de antena, e muito por causa disso é que lho dão, é, no fundo, aplicar um teste, não aos professores, como o ministro Crato, mas aos adeptos do seu clube, e a si próprio: o teste da melancia.

 

O teste da melancia é um poderosíssímo instrumento de avaliação, que mede, por exemplo, a inteligência dos adeptos do clube a que o indigente preside.

 

Permite avaliar até que ponto é que os adeptos percebem que este tipo anda apenas a fazer o jogo dos vizinhos do estádio dos flocos de lã, e  os anda a iludir.

 

Testa ainda a sensibilidade dos adeptos, ou seja, até que ponto conseguem os ditos serem encornados, sim, eu disse "encornados", e não outra coisa parecida, e continuarem o seu caminho, remirando os flocos que caem do céu, se não forem chapas de zinco, e assobiando alegremente o hino da senhora do cabelo verde.

 

E finalmente, um teste ao projecto de vida do próprio. É assim que testa aquilo que quer na vida, e a forma como quer ficar, se é que quer, nos anais do futebol português, a que, às vezes, diz não pertencer, mas a que tanto fez para chegar: como uma entrada de topo de página, ou como um burrié, escondido algures num cantinho da contra-capa do livro.

 

A escolha parece-me óbvia. Não é, ó cagaita!? 

A factualidade silogística duma filha de putice

07
Fev14

Antes de mais convirá esclarecer que dou tanta relevância à Comissão de Instrução e Inquérito da Liga de Clubes e às suas conclusões, como à Liga ela própria, ou à Taça Lucílio Baptista.

 

Como as coisas estão, o único atractivo associado à Lucílio Baptista, é o facto de o FC Porto nunca a ter conquistado. Vai daí a sucessão de episódios rocambolescos envolvendo o clube. No dia em que a conquistarmos pela primeira vez, perde todo o seu, já de si pouco, appeal.

 

É que nem é bem uma competição, é mais uma telenovela mexicana ou venezuelana.

 

No entanto, esta celeuma à volta do atraso do FC Porto no jogo com o Marítimo, e a tese com que a Comissão sustenta a existência de dolo na situação, ao menos, tiveram o condão de me fazer recordar com saudade um ex-colega, estupidamente desaparecido do meio de nós.

 

Um dia, na disciplina de Filosofia, em que lhe calhou ter fazer um trabalho sobre os silogismos gregos, saiu-se com o seguinte exemplo para demonstrar a sua falibilidade:

 

“Os chineses são amarelos. Os eléctricos também são amarelos, logo, os chineses são eléctricos”

 

 

 

Assim anda a Comissão de Instrução e Inquérito.

 

O árbitro relata que o jogo começou atrasado “por atraso do FC Porto no túnel para vistoria dos equipamentos”.

 

O capitão do FC Porto, quando questionado pelo árbitro, limitou-se a responder “simplesmente que se atrasaram”.

 

O FC Porto alega agora que o atraso se deveu à realização de exames médicos ao jogador Fernando Reges, que sentira dores no período de aquecimento.

 

Como não o fez antes, e o dito jogador “constava na ficha técnica”, e pior ainda, pasme-se, “iniciou o jogo a titular”, obviamente que, “à luz dos juízos da razoabilidade e de bom senso que devem nortear a valoração da prova”, “a razão para o atraso no início do jogo não foi portanto, a realização de exames médicos indispensáveis ao jogador.”

 

Et voilá! A prova de que os gregos, nesta matéria, eram uns simplórios. Ou insuficientemente filhos da puta…

 

E arremata a Comissão, certamente precavendo-se da eventualidade de algum chico-esperto poder vir a achar isto tudo, um tanto ou quanto abstruso, “as dúvidas sobre a condição física do atleta, a existirem, deveriam ter levado a equipa a considerar outras opções que lhe permitissem não prejudicar o interesse na verdade desportiva e a proteção dos contendores”.

 

Nem Esopo fez melhor na fábula do cordeiro e do lobo:

 

“Se não foste tu que bebeste a água, foi o teu pai. Se não foi o teu pai, foi o teu avô”

 

Fabulástico!

 

Consta que a presidente da Comissão é docente em cursos de formação. Será que se ausentou por uns momentinhos, e tiveram de convidar o tipo das castanhas da esquina para fazer um part-timezito?

 

Ná, é mau demais! Até para ele...

Elogio da barbárie

03
Fev14

E agora Leonardo? Quando no Domingo terminou a partida do teu clube, por volta das oito horas da noite, a nossa ressaca durava à praticamente 25 horas, e nos teus vizinhos do lado, os festejos por nos ganharem um ponto, apesar de terem perdido dois, levavam já 23 horas.

 

E nem assim Leonardo, foste capaz de derrotar a Académica do Sérgio Conceição.

 

Percebes agora que aquilo que andas a apregoar, essa tua preocupação com os atrasos nas últimas jornadas do campeonato, não passa de uma treta?

 

Pois é Leonardo, eu sei que até és um gajo inteligente, e que sabes perfeitamente que, muito mais importante do que os horários a que começam e terminam os jogos, é os envolvidos nas disputas darem o seu melhor para vencê-las.

 

Sem isso, podes começar e acabar à hora que quiseres, que não ganhas nada. Viste-o ontem, não viste? Também já o tinhas visto aquando da Taça Lucílio Baptista, mas aí recusaste-te (e, pelos vistos, continuas a recusar!) a aceitá-lo.

 

Se não houverem Calabotes ou patranhas pelo meio, como a de Sábado em Barcelos, desde que todos dêem o seu melhor, não há nada a apontar a quem quer que seja.

 

O problema é quando isso não acontece. Já aconteceu até em Mundiais, e por isso, e apenas por isso, esta história dos jogos começarem todos ao mesmo tempo. Para evitar arranjos e combinações em que alguém se predisponha a perder propositadamente a favor de outrém.

 

Achas que foi isso que aconteceu no nosso jogo do Dragão contra o Marítimo?

 

Parece-te que o FC Porto ou o Marítimo alteraram aqueles que seriam os seus comportamentos expectáveis, apenas por ser conhecido, com três minutos de antecedência do apito final, o resultado do teu clube?

 

Ora, se bem te lembras, o Marítimo até se apanhou à frente no marcador, e o que fez?

 

Entrou pela via do anti-jogo, como se tivesse algo especial para demonstrar. De tal maneira que foi o último a entrar em campo na segunda parte, e foi por assistências a homens seus, que o árbitro teve de prolongar o jogo, ainda assim menos do que devia…

 

Esperavas que o FC Porto, a perder em casa, se ficasse? Nos dias que correm, não digo que não, mas apenas por impotência, e nunca por opção.

 

Pois é, como dizia um colega meu sportinguista, é uma “questão de princípio”, se está no regulamento é para cumprir.

 

Seja. Concordo. É claramente o princípio que nos separa da barbárie de outras modalidades.

 

Não sei se és apreciador de desportos automóveis, mas já deves ter ouvido falar da Fórmula 1 e do Mundial de Ralis?

 

Como deves saber, na F1, para determinar a posição de partida de cada piloto, há qualificações e, uma vez estabelecida a grelha de partida, saem todos ao mesmo tempo, e que vença o melhor.

 

 

E do rali da tua terra, o Rali Vinho da Madeira, já ouviste falar?

 

Não conheço a tua ilha, se é que és mesmo madeirense, mas não consigo imaginar o cortejo de carros a passar quase em simultâneo pelas vossas estradas. Não sei por quê, não me soa.

 

Nos ralis, como deves saber (e nos contra-relógios do ciclismo, também), o que acontece é que os pilotos partem cada um de sua vez, e cada um corre sozinho.

 

Que barbaridade! Como é possível? Mas assim, os que saem depois ficam beneficiados, pois já sabem o tempo dos anteriores!

 

Pois é. Sabes porque é que é possível? Porque estes bárbaros se dedicam a dar o melhor que podem. Todos eles, independentemente da posição de que partem, e de partirem antes ou depois uns dos outros.

 

É estúpido, não achas? Deviam era começar todos ao mesmo tempo. Se isto é uma questão de princípio, e não de estupidez!

 

Olha, nesta matéria vejo-me forçado a concordar com aquele pateta platinado, que um dia disse que o que interessa não é como “isto começa, é como acaba”.

 

Por isso Leonardo, deixa lá os arremedos de populismo bacoco para o teu presidente, e não te consumas com o que vai acabar por acontecer inevitavelmente no final do campeonato.

 

Tu não és burro, e por isso, não nos faças burros. Compreendemos que agora apenas te resta pressionar quem decide, para tentares regressar à Lucílio Baptista, mas deixa-te lá de coisas.

 

Da maneira como isto nos vai correndo, mais vale que não desbarates a boa onda de que (ainda) gozas entre os adeptos portistas, que nunca se sabe.

 

Quantos contratos é que cumpriste até ao fim, nos últimos tempos?

É fodido, é fodido, mas compreensível

28
Jan14

Quem como eu, tem ou teve miúdos pequenos em casa, compreende perfeitamente a reacção do presidente do Sporting, ao ver-se afastado da Taça Lucílio Baptista.

 

Os pedopsiquiatras explicam que as crianças têm uma fraca tolerância à frustração, e como não sabem como reagir doutra forma, expressam assim o que lhes vai nas suas pequenas alminhas de seres humanos em vias de desenvolvimento.

 

Os psiquiatras também dizem que estas situações são frequentes entre os dois e os quatro anos, e têm tendência para diminuir a partir daí.

 

Como os meus filhos têm cinco anos, apesar de revelarem um ligeiro atraso em relação a este prazo, as perspectivas, ainda assim seriam animadoras. Só que, de cada vez que o Bruno Carvalho abre a boca, percebo que afinal, poderá não ser bem assim, e a coisa pode arrastar-se até bem mais tarde.

 

Para mal dos meus pecados, como eu compreendo que o progenitor dele, com os seus oitenta anos, tenha problemas...

 

Deve ser sem dúvida frustrante perder assim. Deve ser frustrante estar a ganhar por 3-1, e o adversário directo a perder, ter o jogo controlado, praticamente abdicar de atacar, e de procurar o possível golo da tranqulidade, queimar tempo com uma derradeira substituição, e o adversário, esse cabrão de merda, virar o jogo, quando o nosso já acabou, e não há nada a fazer.

 

Deve ser frustrante procurar justificar uma eliminação por um desfasamento entre o apito inicial de duas partidas, que nunca terminariam em simultâneo.

 

Pois se o próprio cabrão do adversário do adversário, a partir do momento em que se apanhou à frente no marcador, se dedicou a queimar tempo, e ainda por cima, nem se apercebe que o atraso dos outros foi propositado...

 

É que nem o tempo de compensação, dado a menos pelo árbitro, serviu para alguma coisa. Excepto casualizarem-lhe mais um talho, claro está. Frustrante.

 

 

 

Quase tão frustrante como a tentativa de fazer um brilharete com o "intensómetro", sem sequer perceber que, naquele caso, melhor seria utilizar o argumento da famosa "falta-que-começa-fora-da-área-mas-a-queda-dá-se-lá-dentro", e guardar o "intensómetro" para explicar o penálti que ficou por marcar a favor do adversário, esse sim, por um empurrão descarado. Ou nas grandes-penalidades não assinaladas contra a sua equipa na jornada anterior.

 

Então, e que dizer da frustração do golo que fez a diferença no apuramento, ter sido marcado em fora-de-jogo? Depois de começar a Liga a ganhar com golos obtidos em situações irregulares em jogos consecutivos, macacos me mordam que essa merda, logo agora se haveria de virar contra nós!

 

Bem, pior do que tudo isso, só mesmo ter uma entrada em cena de leão, numa autêntica postura de desafio ao establishment, seja lá isso o que for, arranjar carradas de motivos para protestar, acumular um capital de queixar, maior que o IRS que as finanças nos roubam, acusar tudo e todos, ou melhor, preferencialmente um, e sempre o mesmo, ter ideias, apresentar propostas, e acabar a época...sem ganhar porra nenhuma.

 

Eh pá, isso que é mesmo frustrante. Fodido mesmo, diria eu.

 

É certo que, pela parte que me toca em matéria de frustração,  também é frustrante ver uma defesa levar dois golos, e de uma equipa que jogou sem os seus melhores marcadores.

 

No entanto, não partilho a frustração geral de nos termos visto em palpos de aranha para derrotar a equipa B dos guardanapos. Quando um treinador já utilizou, no que vai de temporada, qualquer coisa como 28 jogadores, num exercício de rotatividade que mete a um canto o "body count" dos "Ases pelos Ares", tenho alguma dificuldade em situar se se trata da equipa B, da C, ou da D. O que é óptimo. Sempre é menos uma frustração.

O tempo resolve tudo

08
Mar13

“Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: Quanto tempo?”

(Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll)

 

 (imagem tirada daqui)

 

 

O "Sou portista com orgulho" fez um trabalho de análise do nosso calendário até ao final do campeonato, cuja leitura francamente recomendo.

 

As conclusões fundamentais do que é escrito, poderão condensar-se da seguinte forma:

 

“vamos disputar jogos onde o [primeiro classificado] perdeu pontos neste campeonato…Já o [primeiro classificado] vai disputar jogos em que o FC Porto venceu-os todos”

 

“o [clube que vai à frente] ganhou todos os jogos onde o FC Porto perdeu pontos…Falta saber o que vai fazer o FC Porto nos jogos onde o [outro] perdeu pontos, pois curiosamente ainda não disputou nenhum…”

 

Se somarmos a isto o facto de que vamos ter mais jogos fora de casa (cinco jogos), do que em casa (quatro jogos), exactamente ao contrário do que sucede com o nosso rival, a coisa, estatisticamente e em termos de calendário, estará longe de famosa.

 

Como as estatísticas e o calendário valem o que valem, acrescento duas variáveis a esta equação: a Champions League e claro, a Taça Lucílio Baptista. Lembram-se dela?

 

E a minha preocupação neste particular prende-se mais com esta última, e com as datas para a disputar. Se fôr caso disso...

 

Hoje, defrontamos no Dragão o Estoril-Praia. Dia 13 de Março, quarta-feira, vamos a Málaga, carimbar a passagem aos quartos-de-final da Champions.

 

No domingo seguinte, dia 17, vamos à ilha dos buracos, defrontar o clube do guardanapo.

 

Em seguida, o campeonato interrompe-se para compromissos da selecção nacional. Em princípio, entre os dias 19, em inicia o estágio em Óbidos – ainda haverá por lá chocolate? – e 26 deste mês, que é a data do jogo com o Azerbaijão.

 

Dia 30 de Março, sábado, vamos a Coimbra, e dia 2 ou 3 de Abril (terça ou quarta-feira), disputam-se as primeiras mãos dos quartos-de-final da Champions.

 

A 7 de Abril, que é um domingo, recebemos no Dragão o SC Braga, e a 9 e 10 disputar-se-ão as segundas mãos da eliminatória da Liga dos Campeões.

 

A final da Lucílio Baptista está marcada para 14 de Abril, e a 21 vamos a Moreira de Cónegos.

 

Portanto, até 14 de Abril terá que estar resolvido pelo Conselho de Justiça da Federação, o recurso interposto pelo Vitória de Setúbal, e disputada contra o Rio Ave, a subsequente meia-final da prova, por nós ou pelos sadinos.

 

Não havendo ainda sombra de decisão, esta meia-final vai jogar-se quando?

 

Partindo-se do princípio de será disputada durante a semana, só vejo duas hipóteses:

 

A)   não nos qualificamos para os quartos-de-final da Champions;

 

B)   o Conselho de Justiça dá deferimento ao recurso do Vitória;

 

Ou será que nos querem fazer jogar a Taça Lucílio Baptista sem o Moutinho e o Varela?

 

Só espero é que cheguemos ao fim e não façamos o papel do coelho na Alice no País das Maravilhas: “Estou atrasado, estou atrasado!”

 

 

E agora? Que se lixe a Taça Lucílio Baptista!

27
Fev13

 

Gosto muito de ganhar, e quero sempre, em qualquer competição onde o FC Porto entre, que vença.

 

A Taça Lucílio Baptista, pelos mais variados motivos, desde a sua origem ao seu histórico, é quase a excepção que confirma esta regra.

 

Digo "quase", por três motivos. Conquistando-a nós, de preferência, ou qualquer outro clube, é um grande desgosto de partir o coração que se inflige àquele clube que arrecadou o troféu nas quatro últimas edições, e o tinha (quase) como seu.

 

Como, apesar de tudo, ainda entram em linha de conta com aquela porcaria para a contabilização dos títulos oficialmente conquistados, não a vencendo o tal dito clube, é menos essa oportunidade que usufrui para se aproximar de nós no computo geral, que não o do "Record", e portanto, aquele que ignora a Taça Latina.

 

Por esta ordem de ideias, o nosso triunfo permite-nos somar mais um título, e eventualmente manter o status quo, no tocante a troféus, ou ampliar a diferença.

 

Depois, porque conquistá-la, ou a qualquer outro troféu, frente ao dito clube, tem sempre um gostinho especial.

 

Dentro desta lógica, eliminada pelo SC Braga do José "morre na praia" Peseiro, aquela que seria inevitavelmente, a nossa maior fonte de inspiração, a coisa perde o interesse.

 

É mais uma taça? Pois é. É uma competição em que ainda não nos estreámos a vencer? É verdade. Mas ainda assim, preferia ir à final da Taça de Portugal, em Oeiras.

 

Por mim, agora o dr. Herculano Lima, e os senhores e senhora(s?) do Conselho de Justiça da Federação, bem podem excluir-nos da prova. Seria a saída mais airosa e indolor possível.

 

Além disso, convém não esquecer, como fizeram por várias vezes os totós Ribeiro Cristóvão e Jorge Baptista, que, independentemente da decisão que recaia sobre o recurso do Vitória sadino, ainda está em prova o Rio Ave.

 

Agora, vamos aguardar que amanhã, passado o choque da eliminação, e uma vez consultados todos os onlines possíveis, a burrical intelligentzia desportiva lusa acorde para a vida, e se aperceba do penálti que ficou por marcar sobre o Enzo Perez, e que o Quim, nos penáltis que defendeu, estava pelo menos, metro e meio para diante da linha de golo.

 

Hoje, até agora, o silêncio foi total, e a capacidade de análise esgotou-se nas ausências do Matic, do Sálvio e do Lima. Devagar, devagarinho, e marcha atrás, é o lema. Há que fazer render o peixe... 

The Ultimate Conspiracy Theory

27
Fev13

 

 

 

Hoje devia ser dia de jogo para nós. Se tudo corresse conforme devia, e se as coisas se decidissem no sítio certo, o terreno de jogo, deveríamos defrontar hoje à tarde/noite, o Rio Ave, na meia-final da Taça Lucílio Baptista.

 

No entanto, não o vamos fazer. João Querido Manha e mais alguns seres que insistem em ver algum valor na pobreza intrínseca que é a taça em questão, ficaram extremamente sensibilizados com o interesse com que o FC Porto, ao contrário do que vinha sendo habitual, abordou desta vez a dita competição.

 

Coitados! Tenho para mim que o interesse portista por esta prova, foi idêntico ao revelado nas edições anteriores. E mais ainda terá esmorecido a partir do momento em que a 30 de Dezembro, o empate com o Estoril Praia abriu de par em par, a perspectiva de vir a disputar uma das meias-finais.

 

Jogando-se esta a 27 de Fevereiro, antecedendo uma ida à Calimeroláxia, o diminuto interesse, reduziu-se a um infinitésimo, na exacta proporção em que o interesse na liga recrudesceu.

 

A questão era apenas e só, como sair honrosamente da Taça Lucílio Baptista, sem dar azo a alguma penalização peregrina da parte da Liga de Clubes, pelo manifesto desinteresse?

 

A solução para esta charada estava, sempre esteve, no jogo adiado com o Vitória de Setúbal.

 

Os sadinos anuíram à alteração da data daquele jogo, obtendo como contrapartida da parte portista, a passagem às meias-finais da taça do seu conterrâneo, o que, conforme por aí se viu escrito, lhes assegurava um afluxo de tesouraria suficiente para os salários de dois meses.

 

Contando com o beneplácito do sempre prestativo para auxiliar o FC Porto, Pedro Proença, aquela partida foi adiada, sem que nada a isso realmente obrigasse. Então não se recordam do Duarte Gomes em Coimbra, há duas temporadas?

 

Chovia tanto ou mais que em Setúbal, e houve jogo, porque não agora, se não para favorecer os do costume?

 

Resolvida esta parte, faltava “desistir” da outra taça, sem dar muito nas vistas.

 

Do nosso lado, fez-se o que se pode. Foi chamada uma segunda equipa, mas nem assim, os setubalenses nos derrotaram no Dragão.

 

Essa eventualidade estava porém precavida, por quem anda nisto há muitos anos.

 

Três jogadores que regulamentarmente não podiam jogar, tomaram parte nesse jogo.

 

Denunciada a situação, o FC Porto seria afastado, e o Vitória seguiria para as meias-finais. Mas quem iria por a boca no trombone, sem chamar demasiada atenção?

 

Não faria sentido ser o próprio FC Porto a fazê-lo. Ser o Vitória de Setúbal, até parecia mal.

 

Quem melhor do que um aliado portista de todas as horas para se prestar a esse papel?

 

A propósito de papel, foi com naturalidade que Vítor Serpa e o papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos que dirige, assumiram essa empreitada.

 

Para garantir que a coisa não borregava, nem sequer faltou o anúncio precoce da decisão esperada. Uns autênticos profissionais desta nobre arte conspirativa!      

 

Surge aqui o único factor imponderável na tramoia arquitectada: as expulsões de dois adversários, Matic e Cardozo. Pedro Proença que não se conseguindo conter, deixou extravasar todo o seu anti-benfiquismo primário, e quase que borrava a pintura.

 

O Conselho de Disciplina, que pretendia protelar a decisão até tornar impossível a realização da meia-final na data prevista, viu-se compelido a ter de decidir tempestivamente, de molde a poder aplicar um qualquer castigo simbólico àqueles atletas, e antes que fossem perpetrados mais assaltos contra instalações federativas.

 

Contudo, encontrou a única forma passível de remeter uma decisão final para as calendas: decidiu favoravelmente ao FC Porto.

 

Era tão evidente que seria assim. Quando o relator do processo foi, nada mais, nada menos, que o conselheiro mentor da tal famosa reunião a duas mãos do Conselho de Justiça da Federação, onde se decidiu a descida de divisão do Boavista e a penalização de seis pontos, atribuída ao FC Porto, que mais se esperaria?

 

Com esta deliberação, dando seguimento ao guião pré-estabelecido, mataram-se dois coelhos com uma cajadada.

 

A decisão final ficou irremediavelmente remetida para o Conselho de Justiça federativo. Este é presidido como sabemos, por um ilustre portista.

 

O mesmo que por força de um jogo de bridge, não se coibiu de adiar uma apreciação de um castigo, salvo erro, ao Deco, mantendo-o suspenso, e que votou vencido no castigo aplicado a um treinador rival, vendo como legitima defesa uma ofensa perpetrada à honorabilidade de um árbitro auxiliar. Nada a temer quanto ao resultado final, portanto.

 

Por outro lado, esta vitória portista permitiu ainda fazer uma prova de força, desconstruindo o mito de que o sistema estaria morto e enterrado. Afinal, está ainda vivo e de saúde, e quem o controlava, ainda põe e dispõe.     

 

Para compor o ramalhete, faltava apenas que o Vitória de Setúbal interpusesse recurso daquela decisão, o que, dentro do que seria expectável, já fez.

 

E pronto, os nossos rapazes puderam usufruir de dois dias de descanso, antes de começarem a preparar a visita à Calimeroláxia, enquanto o nosso mais directo rival, que vem revelando, verdade seja dita, alguns sentimentos ambivalentes quanto à questão de jogar duas vezes por semana - nos dias ímpares, é bom estar em todas as competições, nos dias pares deixa sequelas – joga hoje em Braga, antes de se deslocar a Aveiro, no fim de semana.

 

Uma tramoia hedionda sem igual, maquinada sem a mais pequena sombra de dúvida, por um perverso génio do mal.

 

De quem é a culpa? Daquele que, condenado exemplarmente pela Justiça desportiva, vem sendo sucessivamente ilibado pela comum – quantas vezes? Cinco? Seis? Nem sei...

 

Obviamente, do Pinto da Costa!!!! Quem mais!?

 

Acham que tudo aquilo que acabaram de ler, é o mais completo dos absurdos?

 

Têm razão. Mas ainda assim, sou capaz de apostar singelo contra dobrado, que há por aí muitas alminhas insanas que, contra todas as evidências possíveis e imaginárias, se predispõem a acreditar piamente, se não em tudo, em grande parte daquilo que escrevi.

 

A elas, dedico esta merda de texto, que nem acredito que tive pachorra para redigir.