Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2013

The Ultimate Conspiracy Theory

 

 

 

Hoje devia ser dia de jogo para nós. Se tudo corresse conforme devia, e se as coisas se decidissem no sítio certo, o terreno de jogo, deveríamos defrontar hoje à tarde/noite, o Rio Ave, na meia-final da Taça Lucílio Baptista.

 

No entanto, não o vamos fazer. João Querido Manha e mais alguns seres que insistem em ver algum valor na pobreza intrínseca que é a taça em questão, ficaram extremamente sensibilizados com o interesse com que o FC Porto, ao contrário do que vinha sendo habitual, abordou desta vez a dita competição.

 

Coitados! Tenho para mim que o interesse portista por esta prova, foi idêntico ao revelado nas edições anteriores. E mais ainda terá esmorecido a partir do momento em que a 30 de Dezembro, o empate com o Estoril Praia abriu de par em par, a perspectiva de vir a disputar uma das meias-finais.

 

Jogando-se esta a 27 de Fevereiro, antecedendo uma ida à Calimeroláxia, o diminuto interesse, reduziu-se a um infinitésimo, na exacta proporção em que o interesse na liga recrudesceu.

 

A questão era apenas e só, como sair honrosamente da Taça Lucílio Baptista, sem dar azo a alguma penalização peregrina da parte da Liga de Clubes, pelo manifesto desinteresse?

 

A solução para esta charada estava, sempre esteve, no jogo adiado com o Vitória de Setúbal.

 

Os sadinos anuíram à alteração da data daquele jogo, obtendo como contrapartida da parte portista, a passagem às meias-finais da taça do seu conterrâneo, o que, conforme por aí se viu escrito, lhes assegurava um afluxo de tesouraria suficiente para os salários de dois meses.

 

Contando com o beneplácito do sempre prestativo para auxiliar o FC Porto, Pedro Proença, aquela partida foi adiada, sem que nada a isso realmente obrigasse. Então não se recordam do Duarte Gomes em Coimbra, há duas temporadas?

 

Chovia tanto ou mais que em Setúbal, e houve jogo, porque não agora, se não para favorecer os do costume?

 

Resolvida esta parte, faltava “desistir” da outra taça, sem dar muito nas vistas.

 

Do nosso lado, fez-se o que se pode. Foi chamada uma segunda equipa, mas nem assim, os setubalenses nos derrotaram no Dragão.

 

Essa eventualidade estava porém precavida, por quem anda nisto há muitos anos.

 

Três jogadores que regulamentarmente não podiam jogar, tomaram parte nesse jogo.

 

Denunciada a situação, o FC Porto seria afastado, e o Vitória seguiria para as meias-finais. Mas quem iria por a boca no trombone, sem chamar demasiada atenção?

 

Não faria sentido ser o próprio FC Porto a fazê-lo. Ser o Vitória de Setúbal, até parecia mal.

 

Quem melhor do que um aliado portista de todas as horas para se prestar a esse papel?

 

A propósito de papel, foi com naturalidade que Vítor Serpa e o papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos que dirige, assumiram essa empreitada.

 

Para garantir que a coisa não borregava, nem sequer faltou o anúncio precoce da decisão esperada. Uns autênticos profissionais desta nobre arte conspirativa!      

 

Surge aqui o único factor imponderável na tramoia arquitectada: as expulsões de dois adversários, Matic e Cardozo. Pedro Proença que não se conseguindo conter, deixou extravasar todo o seu anti-benfiquismo primário, e quase que borrava a pintura.

 

O Conselho de Disciplina, que pretendia protelar a decisão até tornar impossível a realização da meia-final na data prevista, viu-se compelido a ter de decidir tempestivamente, de molde a poder aplicar um qualquer castigo simbólico àqueles atletas, e antes que fossem perpetrados mais assaltos contra instalações federativas.

 

Contudo, encontrou a única forma passível de remeter uma decisão final para as calendas: decidiu favoravelmente ao FC Porto.

 

Era tão evidente que seria assim. Quando o relator do processo foi, nada mais, nada menos, que o conselheiro mentor da tal famosa reunião a duas mãos do Conselho de Justiça da Federação, onde se decidiu a descida de divisão do Boavista e a penalização de seis pontos, atribuída ao FC Porto, que mais se esperaria?

 

Com esta deliberação, dando seguimento ao guião pré-estabelecido, mataram-se dois coelhos com uma cajadada.

 

A decisão final ficou irremediavelmente remetida para o Conselho de Justiça federativo. Este é presidido como sabemos, por um ilustre portista.

 

O mesmo que por força de um jogo de bridge, não se coibiu de adiar uma apreciação de um castigo, salvo erro, ao Deco, mantendo-o suspenso, e que votou vencido no castigo aplicado a um treinador rival, vendo como legitima defesa uma ofensa perpetrada à honorabilidade de um árbitro auxiliar. Nada a temer quanto ao resultado final, portanto.

 

Por outro lado, esta vitória portista permitiu ainda fazer uma prova de força, desconstruindo o mito de que o sistema estaria morto e enterrado. Afinal, está ainda vivo e de saúde, e quem o controlava, ainda põe e dispõe.     

 

Para compor o ramalhete, faltava apenas que o Vitória de Setúbal interpusesse recurso daquela decisão, o que, dentro do que seria expectável, já fez.

 

E pronto, os nossos rapazes puderam usufruir de dois dias de descanso, antes de começarem a preparar a visita à Calimeroláxia, enquanto o nosso mais directo rival, que vem revelando, verdade seja dita, alguns sentimentos ambivalentes quanto à questão de jogar duas vezes por semana - nos dias ímpares, é bom estar em todas as competições, nos dias pares deixa sequelas – joga hoje em Braga, antes de se deslocar a Aveiro, no fim de semana.

 

Uma tramoia hedionda sem igual, maquinada sem a mais pequena sombra de dúvida, por um perverso génio do mal.

 

De quem é a culpa? Daquele que, condenado exemplarmente pela Justiça desportiva, vem sendo sucessivamente ilibado pela comum – quantas vezes? Cinco? Seis? Nem sei...

 

Obviamente, do Pinto da Costa!!!! Quem mais!?

 

Acham que tudo aquilo que acabaram de ler, é o mais completo dos absurdos?

 

Têm razão. Mas ainda assim, sou capaz de apostar singelo contra dobrado, que há por aí muitas alminhas insanas que, contra todas as evidências possíveis e imaginárias, se predispõem a acreditar piamente, se não em tudo, em grande parte daquilo que escrevi.

 

A elas, dedico esta merda de texto, que nem acredito que tive pachorra para redigir.

 

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