“They’re dancing with the missing
(…)
They’re dancing with the invisible ones
Their anguish is unsaid
(…)
They dance alone
They dance alone
It’s the only form of protest they’re allowed
I’ve seen their silent faces scream so loud”
Alguém acredita que terá sido de ânimo leve, que as claques do FC Porto permaneceram em silêncio grande parte do tempo, e abandonaram o recinto antes de terminar o nosso último jogo?
Alguém acha que a atitude das claques significa, que por um momento que seja, deixaram de apoiar, de gostar, de viver, de sentir, o clube e a equipa?
Alguém duvida que na próxima temporada vão voltar a lá estar e a cantar e gritar os nomes dos jogadores que agora apuparam?
Alguém pensa que assobiam os jogadores na expectativa de que, com um estalar de dedos, como que num passe de magia, fiquem impregnados do ADN que não possuem, por muito cientificamente interessante que uma tal transfusão pudesse ser?
Eu acho que não, e não tenho a menor dúvida de que, na próxima temporada, lá estarão com os seus cânticos e o seu apoio. E tarjas.
Não acredito, nem por um segundo que seja, que tenham voltado as costas à equipa, ou que não se orgulhem do seu trajecto, e ainda menos que não respeitem o suor que alguns daqueles jogadores, nomeadamente os que vão sair, verteram naquelas camisolas.
Parece-me antes que, no actual estado de reactividade epidérmica, esta terá sido talvez, a forma de protesto possível.
Mais, não me afigura sequer que se trate de um protesto dirigido a alguém em particular. Nem aos jogadores, nem ao treinador, nem sequer à SAD ou ao presidente.
Pareceu-me antes uma chamada de atenção para o rumo que as coisas tomaram e, ao que parece, será para continuar autisticamente inalterado.
Um pai que dá uma palmada num filho, por este se portar mal, porventura deixará de o amar da mesma maneira?
Bem, na presente conjuntura, aquilo que acabei de escrever não é certamente politicamente correcto, e alguém ainda seria capaz de ir a correr chamar a Comissão de Protecção de Menores.
É isso, no fundo, que as claques aplicaram: uma palmada, um correctivo. Para que no futuro a asneira não se repita. Para que se arrepie caminho. Para que, ao menos, se oiça. Neste caso, ironicamente, o silêncio, como cantaram Simon & Garfunkel.
Seriam preferíveis apedrejamentos? Que se virassem e incendiassem viaturas ou que se saqueassem armazéns?
Essas, ultimamente, parecem ser actividades mais próprias para festejos, do que para manifestações de protesto.
E quanto a mim, nada disto não tem que ver com ser ou deixar de ser coerente, o essencial permanece lá, quero crer que intacto e imutável: a paixão pelo clube.
Ou seria melhor bater palminhas, e ficar alegremente a ver as coisas descambarem, como Nero num torpor esgazeado a olhar para Roma a arder?
Vale o que vale, mas se noutras ocasiões estive longe de concordar com a postura das claques, neste caso em particular, têm a minha total compreensão.
“Hey Mr. Pinochet
You’ve sown a bitter crop
It’s foreign money that supports you
One day the money’s going to stop
No wages for your torturers
No budget for your gun
Can you think of your own mother
Dancin’ with her invisible son”
Nota: não me levem a mal por ir buscar esta música, que retrata e tem a ver com coisas muito mais sérias do que este assunto. Por favor, ao lerem coloquem as coisas na sua devida proporção. Relativizem. Foi apenas a música que imediatamente me ocorreu.
Também não me levem a mal a referência a Pinochet. Está na música, e ao mantê-la não estou a fazer qualquer comparação entre personagens históricas. Quanto muito, uma longíqua, mas possível analogia de situações…
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