E parece que o futuro se discute a dois. Há muito que oiço dizer que dois é bom, três é demais, talvez daí ter ficado à porta a multidão com pás e picaretas.
Consta que a continuidade está em cima da mesa, para contentamento de alguns portistas, agora menos que há uma semana atrás, and counting…, e inclusivamente já se fala em renovação do contrato, que já era à partida de três anos.
Visto deste modo, dir-se-ia que muita gente acredita que a continuidade do treinador é algo que dependerá exclusivamente da vontade unilateral do clube, e a que aquele estará receptivo.
Quanto outros factores, nomeadamente alguns externos, que poderão pesar na decisão que venha a ser tomada, ignoram-nos ou desprezam-nos olimpicamente. O futuro o dirá.
Entretanto, coloca-se a questão: em que é que a continuidade contribuirá para a nossa felicidade?
Estabilidade é a palavra de ordem.
Enquanto país, levámos 40 anos para passar do PREC para os PEC, sendo que a diferença é uma letrinha apenas. A nós, bastou-nos uma época. Somos rápidos.
Não sendo eu particularmente fetichista no que toca às estatísticas, por vezes, não deixo de sentir alguma curiosidade histórica.
Foi o que aconteceu recentemente, após o nosso jogo na Cesta do Pão.
A questão que me surgiu de imediato foi: “há quantos anos teremos chegado ao fim da temporada sem conquistar um único título para amostra?”
Feita uma breve pesquisa – a internet ajuda que se farta! – eis que cheguei à conclusão, que até os mais insuspeitos de alguma vez terem ganho um título que fosse com as nossas cores, os piores dos piores, conseguiram fazê-lo, com Octávio Machado à cabeça.
Mas a resposta em concreto à minha dúvida, acabei por encontrá-la no Mais Futebol, num artigo escrito no final da época passada, talvez por não lhes passar pela cabeça a possibilidade de que ainda poderíamos descer mais abaixo.
Foi, portanto, há 16 anos, na temporada de 1988/1989.
O treinador era Quinito, que substituíra Tomislav Ivic, e apressou-se a afirmar que o FC Porto “era o Gomes e mais dez”.
Depois acabou por perceber que a tarefa era areia de mais para a sua camioneta, e teve a hombridade de pôr o lugar à disposição.
Para repor as coisas nos eixos, regressou Artur Jorge, e fê-lo, e de que maneira. Não houve cá estabilidades e o Rei Artur empreendeu a mais radical “limpeza de balneário” de que alguma vez houve notícia.
E foi a doer. A mim doeu a valer ver alguns daqueles que foram os heróis do imaginário da minha meninice serem afastados do clube, sem dó nem piedade.
Homens como Fernando Gomes, Inácio, Lima Pereira, Sousa, Frasco, Jaime Pacheco, todos eles portistas e campeões europeus, bem como outros, também campeões europeus, mas mais recentes, como Mlynarczyk, Eduardo Luís, Quim ou o Vermelhinho, do golo de Aberdeen, deixaram o clube, numa ranchada de dezassete saídas.
No entanto, nas Antas continuaram outros como Zé Beto, Vitor Baía, João Pinto Geraldão, Paulo Pereira, Branco, Bandeirinha, Semedo, André, Jaime Magalhães, Domingos e Rui Águas, e na temporada seguinte, tornámos a ser campeões.
Não quero com isto fazer qualquer comparação com a realidade actual. O passado foi lá atrás, e o que foi não volta a ser, dizem os Xutos.
Os tempos são outros, a conjuntura é outra, os jogadores são outros, e os que ficaram naquela altura possuiam um certo je ne sais quoi – não lhe vou chamar “mística”, para não correr o risco de ferir a susceptibilidade de alguns mais epidermicamente sensíveis a retrodragologismos – que, quer se queira, quer não, facilitava as coisas.
Além do mais, agora a etapa da “limpeza de balneário” está percorrida. Foi feita no defeso passado, e o plantel terá sido construído de acordo com as possibilidades e as necessidades encontradas. Só faltam mesmo os resultados.
Não, não é essa a minha intenção. Recordo este episódio simplesmente porque então aprendi uma lição: ninguém, mas mesmo ninguém, está acima do clube. Nem treinadores, nem jogadores, nem a administração da SAD, que acrescento, porque na altura não existia.
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